sábado, 15 de março de 2008
POETAS SANJOANENSES E OUTROS POETAS E SUAS POESIAS DE CUNHO AMBIENTAL PARA SÃO JOÃO DA BARRA
“Tenho saudade dos formosos lares
Onde passei minha feliz infância,
Dos vales de dulcíssima fragância,
Da fresca sombra dos gentis palmares.
Minha terra querida! Inda me lembro
Quando através das névoas do ocidente
O sol nos acenava adeus languente
Nas Balsâmicas tardes de setembro.
Lançava-me correndo na avenida
Que a laranjeira enchia de perfumes...
Como escutava trêmula os queixumes
Das auras na lagoa adormecida.
(...)
Saudades - Narcisa Amália
Poetisa sanjoanense
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O RIO PARAÍBA
Da serra da Bocaina até São João da Barra,
onde o atlântico o sorve, onde o rumor bravio
se lhe abafa da voz – monstro a levar na guarra
troncos, pedras, o que acha em seu percurso – o rio
margens de argila ou gneiss às suas águas dando,
em chão do grés ou saibro, em plano, almarge ou gruta,
longo se estende, ao sol, com cem vagas cantando
o hino que o céu azul, sobre ele arqueada, escuta.
Alberto de Oliveira (Do livro “Terra Natal”)
Poeta Saquaremense.
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A areia dorme
Entre mandacarus
Toda vermelha
-ruas e casas-
Está ensangüentada
Com os espinhos de gravatá.
Na cadeia,
Entre grades de ferro,
O preso sofre o tédio
Do porto parado.
Pedro Luis Masi ( “O estado” – Niterói, 20/10/1954)
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MINHA TERRA É LINDA
São João da Barra – minha terra amada-
Pelo Paraíba, a deslizar, beijada,
Mais além beijada pelo grande mar...
Longe de seu seio, para o céu levanto
Os meus olhos tristes, gotejando pranto,
Nesta atroz saudade que me faz penar!
Rio Paraíba, oh! rio majestoso,
Para nessas praias, doce, desaguar...
Se de longe vejo o deslizar das águas,
Em distantes terras, pungitivas mágoas
Enchem de tristeza todo o meu olhar!...
Minha terra é linda! Minha terra é linda!
Cheia de palmeiras, numa graça infinda,
Numa linha reta – palmas verdes no ar...
Minha terra é como uma gentil princesa,
Tem painéis de luz e pompas de beleza,
Fé-la DEUS com esmero, fé-la DEUS sem par!
Praça da Matriz, ao Pôr do Sol, radiante,
Cheia de andorinhas – bando chilreante,
Bando azul nas torres a tagarelar...
E pisando a grama do jardim da praça,
Quantas moças lindas, de suprema graça,
Qual buquê de rosas de ouro e de luar!...
Atafona! Praia de gentis amores...
Convivência!... Praia, lá dos pescadores
Que nos seus barquinhos vão pro alto mar...
Gargaú – Ó doce praia brasileira,
Todas as semanas tendo a sua “feira”
Tendo muitas moças de nos encantar!
Minha terra é bela, em floração bendita,
Fê-la DEUS singela, fê-la DEUS bonita,
Pô-la ao pé do rio, pô-la ao pé do mar!
Tecem-lhe as espumas em lençol de prata...
O céu jorra estrelas, lembra uma cascata
Onde a lua o corpo branco vai banhar!
Antônio Braga
Poeta sanjoanense
(Do livro “Carícias e Cicatrizes” – poemas – 1959)
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SÍMBOLOS
(ANTE O MAR DE ATAFONA)
A tempestade ronca e bufa pelo espaço
Nem viv`alma na rua escura e lamacenta.
De quando em quando um raio largo e enorme traço
Incendeia a amplidão, maior faz a tormenta.
Bem perto ruge o mar, aos pinchos – um palhaço!
Cada vaga é um protesto e também se lamenta.
E brama o Paraíba, em meio ao estardalhaço,
Aumentando o tropel na planície opulenta.
No meu peito, igualmente, em rosnidos insanos,
Outra borrasca bufa e ronca, mal contida,
Pelo amor que perdi na voragem dos anos.
-amor que foi suplício, amor que inda é ternura,
Amor que me arruinou a minha própria vida,
Amor que aos poucos mata, amor que não tem cura!
Isimbardo Peixoto
(Atafona, S.J. da Barra , 1958)
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Velho cais , a sonhar,
Recompõe irretocáveis naves
Que vinham sempre de muitos mares
Metendo proa Paraíba-a-dentro,
Ancorando grandezas...
Dorme a cidade
Seu sono Brasil-colonial
Sob as carícias
Do vento penteando o coqueiral...
Pescadores, madrugadores,
Lentos, se alongam pelo rio...
A Ilha da Convivência,
Orvalhada de graça primitiva,
Afaga a correnteza
Em frente à praia do Pontal.
São João da Barra é uma visão bizarra,
Uma saudade sempre viva
Diante do porto morto.
Jacy Pacheco
(Nasc. em Monerá, Duas Barras-RJ)
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HINO DE SÃO JOÃO DA BARRA
Salve! Salve! Teu belo e rico templo
Que marca e remonta oriundo
Da luz no grande, vasto, ovante mundo,
Pregando a fé e, dos Santos, o exemplo!...
Por essa tão tamanha e Santa Glória
Recebe, pois, um preito de alto amor,
Rincão bendito de brilhante história,
Que bem mostra da Pátria seu valor.
Salve São João da Barra! Bradamos,
Salve! Terra de flores como a dália,
Formoso berço de Narcisa Amália,
Salve! Salve! Bem alto, alto gritamos!...
De riquezas mil, entre riba e riba,
Ostentando paisagens singulares,
Formando verdes ilhas, verdes mares,
Corre ufanoso o nobre Paraíba!...
Salve áureo centenário da cidade,
Cidade toda orgulho sanjoanense,
Clara estrela do céu fluminense
De um passado brilhante de saudade!
João Rodrigues Pinto ( Música de Eloy Motta)
“A Evolução, de 2/7/1950”
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Um comentário:
André, seu blog é uma fantástica aula de história, ecologia, cultura, conhecimentos gerais... Uma celebração da Vida! Parabéns.
Ineida de Oliveira
Jornalista
Chefe dos Departamentos de Comunicação e Assuntos Internacionais da Casa Brasil-Portugal de Campos.
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