O roteiro da árvore gigante (siribeira gigante) do mangue de Muritiba é intrigante a começar pelo canal feito pelos escravos em 1806, a mando do Senado, onde se fez um rasgo entre as ilhas do Lima e Muritiba.Saindo a expedição, com barcos a motor (canoas), do Cais do Imperador D. Pedro II, em São João da Barra (local que o Imperador desembarcou com sua comitiva em 1847 e foi recebido por senhoras sanjoanenses que espalharam rosas perfumadas nos chão), a equipe deixa a calha principal do rio Paraíba do Sul e passa por diversos outros riachos afluentes dentro de uma área de 800 hectares de manguezal tombado pelo INEPAC, cercados de flora e fauna exuberantes,que já foram exploradas por franceses no século XVI para a extração do “tanino”, material usado para o curtimento de roupas e objetos. O turista poderá ouvir do guia e pescadores “estórias” e “lendas” sanjoanenses como o “Mangue da Moça Bonita”, “Duna da Zabita”, “A lenda do Frei” e “O modus vivendi dos Muxuangos”. Com a companhia de barqueiros experientes como os pescadores artesanais “Baeca”, “tonho”, “Adriãozinho” e “Cristiano”, o turista segue numa verdadeira caravana fluvial até o local denominado Porto do Cajú (Nome dado ao local, pois na entrada do mangue aparece um pé de cajú e ninguém sabe como apareceu por lá). Durante o caminho podem-se avistar com precisão as garças-carrapateiras fazendo zigue-zague em sobrevôos no riacho dos Macacos, os socós-cagão escondidos por entre as árvores,o mergulho dos martim-pescadores, os anuns pretos mais exibidos, entre outras aves.Com muita sorte podem-se ver os trinta-réis, aves migratórias que se alimentam no estuário. Vêem-se também, além de algumas experiências da UENF nas margens de alguns riachos, as caranguejos e goiamuns beirando os manguezais já recuperados dos acidentes ambientais surgidos em Cataguazes e Mirahy, em Minas Gerais. O turista pode até se surpreender se na canoa pular o peixe prateado corre-costa-saltador, visto em abundância no estuário. Roteiro de importância histórica, visto em 1833 pelo naturalista August Saint-Hilaire, o manguezal de Muritiba é praticamente único por sua beleza e por sua conservação, que vem persistindo com o tempo.Depois de navegar por estreitos riachos sinuosos de rara beleza, ancora-se no Porto do Cajú, onde não será difícil a equipe de reportagem da Rede Record desembarcar com seus equipamentos e montar a logística necessária. A equipe da excursão faz 300 metros de caminhada leve por um campo aberto até chegar na entrada estreita por entre galhos retorcidos de manguezal onde está localizada a imponente árvore gigante de siribeira (mangue preto) que se vê de longe as suas copas e segundo os próprios estudiosos da UFRJ, deve ter cerca de 400 anos de idade. É impressionante verificar a quantidade de uçás-mirins (pequenos caranguejos) que habitam sobre as raízes pneumatóforas da referida árvore (raízes que saem da terra verticalmente). Há de se caminhar com cuidado para não matar os uçás-mirins, tamanha a quantidade desta espécie de crustáceos que se espalham pelo chão.O turista terá a sensação de estar entrelaçado nas raízes aéreas que emergem da lama rica em material orgânico bem como se impressionará pelas raízes da siribeira gigante que tem quase trinta metros de altura, caindo feitos cipós. O abraço feito à árvore gigante é para ser dado com oito pessoas, tamanho o diâmetro do tronco da mesma. Energize-se nela! Vale a pena!Poderá o turista saborear ainda as frutas-do-mato como ingás, coquinhos etc, colher limões galegos no percurso, dependendo da época da visitação.Local de encanto, beleza, ao som dos cantos dos pássaros, reserva que contém sambaquis (Já foi encontrado um sambaqui pela folclorista An'Augusta Rodrigues batizado de “Sítio da Alma Pura” na Ilha do Lima), protegido por lei Federal e Estadual, que precisa ser conservado, assim é o Delta do rio Paraíba do Sul.
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