segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O DIA DA CRIANÇA DE ONTEM EM SÃO JOÃO DA BARRA

Foto: O Tio de minha esposa, chamado "Zaca" na antiga Rua Dr. Cordeiro, (atual João Francisco de Almeida), em 1969, tinha a bicicleta como um bom divertimento , apesar das ruas arenosas de São João da Barra. Na foto, ao lado direito, a antiga frente da Santa Casa de Misericórdia. Crédito da foto : Aquivo do Zacarias - hoje residente em Uberaba.
TRAVESSURAS DE OUTRORA EM SJB
Brincar com irmãos e amigos, de mosqueteiros com espadas de madeiras feitas à mão, nas dunas da entrada da cidade, era uma das histórias contadas por meu pai, o saudoso João Oscar, em sua infância nos idos dos anos 40/50 em SJB. Em uma de suas subidas num dos galhos das muitas árvores frutíferas das imediações da cidade, como mosqueteiro, conseguiu despencar e abriu a cabeça. Levou vários pontos. As dunas... existem até hoje. Houve o tempo em que a brincadeira oficial da criançada era a de tomar banho de rio, escondido dos pais. Muitos competiam a nado sem saber do perigo real que corriam. Algumas vidas foram levadas ao “fio do rio” por causa da ingenuidade de crianças mais afoitas. Mas era, afinal, um entretenimento ao alcance de todos. Alguns voltavam para casa sem roupas por causa da gozação de “amigos”. Mas no final, todos apanhavam dos grossos tamancos da época. Tomar banho de rio hoje é também um risco, só que pela poluição. Nas ruas de terra da cidade só se viam rodadas de jogos de piões, balebas (bolas-de-gude) e pipas. Bicicleta ainda era artigo de luxo. Pula-cordas para meninas e outras brincadeiras mais ingênuas como piques-esconde, amarelinhas, cirandas, bate-bate, pau-de-fita, caixinhas-de-música, eram muito disputadas. Tinham também as brincadeiras mais perigosas, sobressaindo a coleta de frutas da restinga – com riscos de picadas de cobras venenosas, enxames de abelhas e vespas – como também as competições de atravessar, por debaixo d`água, os pranchões que ficavam ancorados no cais do porto. Saltos do velho trapiche, estes eram os que mais arrebentavam as cabeças das crianças e adolescentes ao mergulharem no velho Paraíbão, cheio das pedras de fundeio. As “peladas”, com bolas de meia, nos capinzais das Igrejas de São Benedito, Nossa Senhora da Boa Morte e a Prainha de Ramos eram verdadeiras arenas romanas. Sangue e areia - pois sempre saía um ou mais guris com pés ou joelhos machucados. Dalí, dizem, que surgiu o termo “culhudo”, não me perguntem o por que!. Chuteiras e tênis naquela época, nem pensar! Era a “lambreta” mesmo. Outra brincadeira bem relembrada era o de se pegar carona nos vagões atrelados da antiga estrada de ferro da Leopoldina Railway que fazia a linha Campos-Atafona. Uma travessura bem arriscada. Alguns tinham o prazer de colocar espoletas nos trilhos só para quando o trem passasse, tivessem estalos assustadores aos passageiros!. A caça e pesca eram espécies de entretenimento de certas crianças muito corajosas que saíam com suas setas (badoques ou atiradeiras), armadilhas, linhas e anzóis nas mãos em busca de alguma presa indefesa. Alguns iam a cavalo e faziam corridas nos campos secos imitando os astros do faroeste americano, como nos filmes passados no antigo Cine São João. As leituras da época eram Flash Gordon, Viagem ao Centro da Terra, Tom Sawer etc. Tempos difíceis, mas nostálgicos. Hoje, a nova geração vive em lan houses, tem mais amigos virtuais que reais, joga play station, desde cedo tem celular, muitos andam motorizados em motos biz - quando não aparecem com buggies ou quadriciclos, são adeptos do piercing e tattoos, tem penteados dos X-MEN e emanam a sexualidade precoce. Creio que, para frente, o “Dia das Crianças” estará fadado a acabar...

Nenhum comentário: