Foto: O tronco da mística "Árvore que anda", tem sofrido agressões com a colocação de fogo. Crédito da foto: Mariana e Maria Amélia. |
Acabo de receber um e-mail da gentil atafonense, Maria Amélia, que é leitora inconteste deste blog e que também já teve participações em outras matérias sobre Atafona, como a informação do pinheiro do Atafona Praia Clube, que era uma linda árvore de natal e que veio a cair por causa de sua idade avançada. (matéria publicada neste blog)
Maria Amélia é co-fundadora de uma comunidade no Facebook, junto com sua filha Mariana, que visa a proteção da mística "ÁRVORE QUE ANDA", localizada na foz do Rio Paraíba do Sul. Esta é, sem sombras de dúvidas, mais uma iniciativa maravilhosa que surge por cá. Vejam o recado que Maria Amélia nos traz, abaixo:
"Prezado André
Achei que você não estivesse mais com seu blog no ar. Há tempo atrás, tentei entrar e acusou uma mensagem que, certamente entendi mal. Que bom que seu blog continua por aqui.
Bem, aqui estou de volta a ele, encantada com a borboleta do sítio Dois Irmãos. E, também, solicitando sua atenção para o grupo
Esse grupo foi criado por minha filha Mariana, a partir de um lamento meu ao ver a árvore que anda, no Pontal de Atafona, queimada. Considero aquele tronco um documento-monumento. Quem, como eu e minha família, atafonenses da gema, acompanhou aquela luta- que parece haver arrefecido- entre o mar e o rio sabe da valentia daquela árvore. Ora no mar, ora no rio, parece sempre vigilante esperando a próxima batalha. No primeiro dia, logo, o grupo já possuía cerca de 60 membros. A maioria de jovens, veja que legal!
O que se pode fazer para evitar que pessoas que desconhecem a história daquela árvore a matem, André? Creio que você será capaz de articular essa "salvação", junto aos pescadores do Pontal, alunos, professores e etc. Por favor, leia a iniciativa do grupo e se junte a ele.
Aqui estou em Atafona aguardando boas notícias!!! E, pronta para ajudar a pensar. Se for possível, encaminhe este para o jornalista-pesquisador Carlos Sá.
Mando a foto que desencadeou o chororô...
Atenciosamente,
Maria Amelia"
Taí pessoal! Vamos colaborar para a preservação de mais este atrativo que encontramos na foz e que é objeto de curiosidade de muitos visitantes e turistas. Sejam participantes desta comunidade no facebook!
OUTROS DEFENSORES DA" ÁRVORE QUE ANDA" JÁ FIZERAM SUAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS E CULTURAIS EM PLENO DELTA!
Taí pessoal! Vamos colaborar para a preservação de mais este atrativo que encontramos na foz e que é objeto de curiosidade de muitos visitantes e turistas. Sejam participantes desta comunidade no facebook!
OUTROS DEFENSORES DA" ÁRVORE QUE ANDA" JÁ FIZERAM SUAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS E CULTURAIS EM PLENO DELTA!
Foto: Plínio Berto mostra a árvore, onde presume-se ter a lenda da "árvore que anda". Crédito da foto: Pascoal Berto.
Foto: Plínio Berto é mais um componente, de quilate, da grande família sanjoanense que tem a vertente artística que exalta a foz de nosso querido Rio Paraíba do Sul. Crédito da foto: Pascoal Berto.
A ÁRVORE QUE ANDA -- PONTAL DE ATAFONA O Pontal de Atafona é daqueles lugares de rara beleza. Encanto e magia emergem das águas que se encontram – rio e mar; da cortina verde dos manguezais; das nuances dos pores-do-sol por de trás da silhueta das montanhas; do céu azul onde bailam gaivotas; das palmas dos coqueiros embaladas pelo vento nordeste; das lânguidas sereias que desfilam pela areia branca... Ali borbulham lendas e mistérios de pescadores e do mar. A árvore que anda é uma das mais recentes. Trata-se de parte do tronco que sobrou de uma amendoeira, sempre ameaçada pelo avanço do mar naquela região. Diz a lenda: a árvore se desloca para fugir das águas do mar que avançam sobre a praia... Ela resiste, e anda para mudar de lugar e assim se proteger das ondas impiedosas do oceano, que já derrubaram centenas de casas e muitas outras árvores naquele local.
A árvore anda, dizem as pessoas do lugar... E é verdade. Eu mesmo já vi, com estes olhos que nunca me deixaram mentir. Era uma noite muita escura. Uma forte ressaca. O mar bravio e agitado arremessava suas enormes ondas avançando pela areia da praia. Logo alcançariam o tronco da velha amendoeira, que antes, por muitos anos, abrigou em sua sombra segredos esquecidos pelas mesas dos bares do Pontal. De repente, percebi que a árvore começava a andar. Mas, como? Não é possível! Será que estou tendo alucinações? Perguntei a mim mesmo. Num esforço extremo de resistência, as raízes daquela árvore emergiam do chão, e, como pés de uma centopéia gigante, deslizavam sobre a areia fina. Corriam em direção ao ado oposto, próximo ao rio, escapando da fúria do mar. Percorreram cerca de duzentos metros, cavaram um buraco no chão e ali fixaram o espectro do que restou da amendoeira. E assim ela age, sempre que ameaçada pelo avanço do mar. Se desloca e procura um outro lugar para fixar suas raízes. Então, é verdade... a árvore anda... Nesta tela, o resultado singelo de minhas primeiras pinceladas. Uma homenagem ao imaginário popular dos amantes do Pontal de Atafona, destacando A ÁRVORE QUE ANDA.
*Plínio Berto - Advogado, professor universitário, poeta, artista plástico e, acima de todas as qualidades, ambientalista.
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