Foto: Os doces da minha saudosa bisavó Reclina Amaral eram tão conhecidos na região que o Jornal " O Globo", de 26/2/1987, veio fazer uma entrevista especial com ela. Jornal do acervo de Andre Pinto. Foto do jornal "O Globo".
A matéria do Jornal "O Globo" começou assim: "O doce da vovó e o caju amigo".
Os doces de minha saudosa bisavó Reclina Amaral eram como manjares dos deuses! Ah! aqueles doces feitos com castanhas de caju com goiabada, banacaxi, doces de pêro, cajuzinhos, bombucados, chuviscos...,Hum! que saudades da Vovò Reclina!
Quando eu vinha de férias escolares lá das serras de Teresópolis, ia logo encontrar Vó Reclina, que nos seus 80 anos de idade ainda costurava usando pequenas agulhas e linhas finíssimas!, reparando as camisas de seus filhos, netos e bisnetos. Que visão ela tinha! A minha bisavó Reclina Amaral criou a sua família com todo o sacrifício do mundo e até "catava" tabúa nos brejais da cidade, hoje quase extintos! Corria o risco de ser picada por cobras venenosas como jararacas e outras espécies fatais só para ter tabúa como matéria-prima para se fazer o "palhão" que servia para embalar os vasilhames de vidro da Fábrica de Conhaque! Ainda tinha energia e arrumava tempo para cuidar da Igreja São João Batista, que é a igreja matriz da cidade de São João da Barra!.
A matéria sobre minha saudosa vó Reclina ficou assim, no jornal O Globo de 1987:
"(...) Industrialismos à parte, os trabalhos manuais também são marcas registradas locais. Que diga a vovó Reclina, com "80 e poucos anos", que há mais de 60 se esmera na fabricação de goiabada caseira em sua casa próxima à Igreja Matriz. O processo é rudimentar, daí o sabor apurado e a leveza do doce. A goibada é feita no tacho, mediante brasa natural e mexidas compassadas. Por Cz$30, compra-se uma forma de gostoso doce da vovó.
E para a sobremesa ficar completa, que tal um queijo também caseiro? Rumo à beira-Rio que perto da oficina de barcos da cidade se adquire, com o Juca, por Cz$50 o quilo, um queijo fresco, leve e de fabricação caprichada. E se para completar a sobremesa você preferir comprar cajus graúdos e amarelíssimos - em vez de "roubar", com a permissão do dono da casa, nas árvores de muitos quintais da cidade - volte para a estrada que o pratinho de caju é vendido na porta das casas a Cz$10. Quantos vem? Varia. A única certeza é que não temtroca e são ideais para acompanhar outro produto da terra, a cachaça. Em São João da Barra, o caju é mesmo amigo."
*Jornal "O Globo" de 26/02/1987
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