De Professor para Educador: uma transformação
Como educar nossos filhos para uma sociedade futura?
*Carlos Renato de Castro Souza
Se concordarmos que a função da Educação é a preparação das pessoas para o seu futuro, neste momento ninguém pode saber com exatidão como será o futuro, nem o futuro mais próximo.
Nossa preocupação e angústia, como Pais e Educadores, vem da natureza de não conhecermos, em detalhes, os aspectos fundamentais desta futura sociedade!
Neste sentido, a Sociedade Contemporânea está passando por uma série de modificações estruturais que nos obrigam a reavaliar aquilo que estamos fazendo em Educação, e tentar alinhar este esforço à realidade que existe fora da instituição acadêmica. Por exemplo, muitas carreiras estão sumindo no cenário nacional e internacional, devido à informática e à globalização; por outro lado, carreiras novas estão surgindo, as chamadas Profissões do Futuro, artigo que já escrevi no BLOG de ANDRE PINTO.
Como deverá ser esta escola e este educador nessas condições? Como é preparar um educando num mundo de velocidade, de mudanças na sociedade, para um mundo de valores e de atividades profissionais diferentes das atuais?
Acredito que a meta principal da Educação, da escola e do educador, tenha que ser investida no preparo do futuro adulto para pensar amorosamente, sistematicamente e ecologicamente. Exatamente o oposto da nossa Educação atual, que apesar de suas modificações através dos Parâmetros Curriculares, ainda está sendo aplicado na prática para formar (colocar na forma) os alunos baseando-se em fatos históricos e científicos potencialmente úteis no futuro, mas aplicáveis apenas no exame vestibular para entrada numa universidade.
A nova meta da Educação tem que ser como pensar e não o que se pensa. Os principais problemas de nosso tempo não podem ser compreendidos isoladamente, mas vistos de forma interconectada e interdependente. A maneira de pensar deverá ser holística (vendo o mundo amorosamente como um todo integrado) e ecológica (reconhecendo a fundamental interdependência de todos os fenômenos naturais), tanto como indivíduos como sociedade, todos nós estamos inseridos dentro de processo cíclico da natureza.
A partir desses conceitos, precisaremos de um novo sistema de ética, diferente do atual, e nossos filhos deverão ser preparados para sobreviver no futuro entendendo os princípios básicos da ecologia: interdependência, reciclagem, parcerias, flexibilidade, preservação, respeito, cultivo e diversidade.
Ver o mundo em termos de sistemas interconectados envolve conhecimento de cibernética (padrões de controle e comando), de como lidar com complexidade e com estruturas dinâmicas.
As próprias escolas tem que ser convertidas em organizações de auto-desempenho. A sobrevivência tanto nas organizações quanto de indivíduos dependerá mais de sua capacidade de funcionar com auto-desempenho do que de outros fatores, como monopólios, patentes, territórios exclusivos, sigilo ou localização. E as escolas que não se adaptarem a nova realidade serão colocadas à margem do processo. Todos os especialistas em construção de equipes trabalham exclusivamente em nível empresarial, uma empresa em si mesma; necessitamos que as escolas acreditem que o trabalho em grupo não é uma coisa tão natural, espontânea, sendo que isto não é um fato, há necessidade do exercício e propostas para se desenvolverem de forma grupal, solidária, cooperativa e acima de tudo humanística, do contrário nada se modificará.
A capacitação dos professores daqui em diante precisará incluir técnicas que incentivem os alunos para cooperação, sendo o “trabalho em grupo” uma estratégia na sala de aula, o papel do professor como mediador dos alunos. O próprio educador precisa se tornar um agente de mudança trabalhando em grupo com seus colegas e com outras pessoas da escola.
As novas tecnologias de comunicação nos permitem individualizar a aprendizagem, deixando cada aluno navegar sobre vastos territórios de informação virtual, imagética e sonora, destacando os assuntos que agradam e isolando os que desagradam, aprofundando-se nas categorias de informação que se afinam com o seu “saber” individual de aprendizagem. Em consequência de estarmos vivendo na Era da Informação, um novo espaço de atuação profissional está sendo gerado, colocando de maneira paralela a Comunicação e a Educação.
A sociedade atual exige pessoas detentoras de tipos diferentes de capacitação, com talentos variados, sobrepostos e mutáveis.
Sabemos que o novo paradigma está sendo proposto pela Biologia – a Genética (o universo visto como um e muitos organismos, entes auto-reprodutivos, se auto-organizados, levando a examinar as coisas em termos de seus relacionamentos externos, os seus contextos, a sua conectividade, o seu crescimento e evolução).
Estas ideias complementam duas outras correntes intelectuais que tem implicações fortes para mudanças em Educação: a inteligência artificial – cibernética (utilizada para examinar os processos cognitivos no ser humano e suas possíveis aplicações na construção de máquinas “inteligentes”) e a vida artificial (estudo de sistemas criados artificialmente por robôs que exploram e constroem vírus de software que matam outros vírus). Esse segmento inclui pelo menos algumas das características, ou propriedades, de “vida humana real” (por exemplo, crescimento, reprodução, auto-manutenção, auto-regulamentação, exigência de nutrientes e energia), pressupostos que levam a pensar sobre a evolução e o comportamento humano.
O saber precisa ter sabor, o saber precisa ter gosto, agradar o paladar, degustar, apreciar, despertar desejos de “quero mais”.
De que professor estamos falando? Falamos da passagem do Professor para o Educador: uma transformação.
A escola da atualidade necessita ser mais flexível, ser inteira e representar a vida, portanto humanizada. Nossas escolas baseiam-se inteiramente em torno da noção de disciplina e comportamento. O educador do primeiro ao quinto ano deixa de ser o “professor” para ser tornar o “professor de algo”, depois temos o “professor das disciplinas” do sexto ao nono ano. Professor de geografia, professor de matemática, quando em última análise, deveria ser professor de gente, não de matérias. A escola corre atrás de resultados quantitativos, e deixa de ser de qualidade perdendo a oportunidade de entender como se chega aos resultados.
Alunos mal comportados, deficientes, lentos, com altas habilidades e criativos são excluídos do sistema, não há lugar para o potencial ou sofrimento humano, pensar a dor, afeto, é algo muito complexo para nossa escola abarrotada de alunos nas salas.
Como ouvi-los? Como criar espaços suficientemente humanos de intervenção? Mas temos o jargão democrático para aferir “toda criança na escola”, mas ninguém pergunta: Como? De que maneira está na escola? Qual seu efetivo aproveitamento? Instalação? Qualidade?
Podemos criar várias disciplinas falando de cidadania, honestidade, valores, etc.. Os valores tem de ser vividos, vivenciados; a crise na educação não é outra coisa senão a perda de sentido, nos remete a ideia da educação ter um sentido coletivo humanizado.
Não proponho respostas, mas desenvolver nossa capacidade de pensar o cotidiano, talvez encontraremos diversas soluções paulatinas.
Reconhecer que podemos promover uma nova forma de aprendizagem, muitas vezes longe do que pretendíamos como objetivo principal. Acredito que aí esteja a arte em ser educador.
Ver o que não está no aparente, no pedagógico, no conteúdo programado, no concreto, mas considerar o crescimento humano que a pessoa adquiriu durante aquela experiência. Como educador considero isso como relevante porque ficará por toda vida!
Espero ter colaborado, mais uma vez, com os pais e meus colegas. Entre em contato comigo pelo endereço crcspi@gmail.com para sugerir assuntos para ajudar os nossos alunos e filhos.
Um grande abraço.
Fiquem com Deus!
Filho meu, não se apartem estas coisas dos teus olhos: guarda a verdadeira sabedoria e o bom siso.
(Provérbios 3.21)
Fontes de pesquisa para este artigo:
Internet – Sites relacionados sobre o assunto.
Experiências de colegas das disciplinas citadas.
Carlos Rafael, Renata Cristina e Rosanna Cristina: filhos amados.
Experiência própria.
*Professor de Matemática e Pedagogo
Carlos Renato de Castro Souza
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