quinta-feira, 30 de outubro de 2014

ESCOLA MUNICIPAL PEQUENO JORNALEIRO VISITA A LAGOA SALGADA E O ROTEIRO DOS SETE CAPITÃES









quarta-feira, 29 de outubro de 2014

PRIMEIRO VOTO FEMININO DA REGIÃO NORTE FLUMINENSE


Foto: Francisca Gaya. Acervo de Jussara Viana Cardozo.


Em 02 de outubro de 1928, um fato inédito na região Norte Fluminense acontecia: Francisca Gaya, conhecida como Donita, enfermeira do médico Ademar Mopurgo, em São João da Barra, fez requerimento ao Juiz Luiz da Silveira Paiva, pedindo o direito de votar na região. Era conhecidíssima em São João da Barra, fumava charuto, usava chapelão masculino e calças compridas, frequentava a roda de boêmios sanjoanenses, mas não era homossexual. Dava romance. (Fonte: Folha da Manhã - Campos, terça-feira, 21 de março de 2000).

O movimento sufragista feminino no Brasil recebeu inspiração dos Estados Unidos e Europa. As sufragistas brasileiras dos anos 20 argumentavam insistentemente que as mulheres podiam votar em outros países, deveriam fazê-lo também no Brasil - ideais e movimentos estrangeiros sempre foram influenciados e imitados entre a elite brasileira. Em 1922, Carrie Chapman Catt, líder sufragista norte-americana que havia conduzido a luta vitoriosa pela ratificação da emenda constitucional do voto feminino na Constituição dos Estados Unidos, em 1920, falou diante de organizações feministas no Brasil. 

O voto feminino era um movimento de classe média por direitos políticos, por uma reforma jurídica que garantisse o voto das mulheres que alcançassem as mesmas qualificações que os homens. Nunca foi uma tentativa de revolucionar o papel da mulher na sociedade, ou mesmo a própria sociedade. Muitas das participantes do movimento eram graduadas em direito. A lei serviu como caminho tradicional para o sucesso político e aceitação na elite e algumas mulheres seguiram esse caminho também. Bertha Lutz, bióloga e advogada de São Paulo, primeira mulher a alcançar posição de destaque no Museu Nacional do Rio de Janeiro - o serviço governamental atuou como campo cada vez mais importante para as mulheres do Século XX - foi uma das líderes sufragistas. Em 1918, ao principiar o movimento cujo clímax foi atingido em 1932 com a concessão do voto às mulheres, ela publicou o artigo "Cartas de Mulher", na Revista da Semana, no Rio de Janeiro, em 28 de dezembro de 1918.

"Cartas de Mulher" é algo extraordinário! Fiquei pensando o que a nossa Narcisa Amália, se tivesse lido o artigo, teria pensado. O texto "Cartas de Mulher" está disponível para consultas no Centro de Desenvolvimento do Território Sanjoanense, no Palácio Cultural Carlos Martins.

Voltando ao assunto da Francisca Gaya, a nossa Donita, coloquei a foto no post da primeira parteira a ter diploma de medicina no Brasil, Madame Durocher, que curiosamente, se vestia nos mesmos moldes de Donita e vice-versa, em tempos com diferença de 100 anos. Teria Madame Durocher inspirado a nossa sanjoanense Donita a ter um modo de se vestir diferente e ainda lutar por seus direitos de forma tão aguerrida ??? Quem sabe... 

Ao contrário do passado, a verdade é que São João da Barra evoluiu em seus pensamentos quanto ao direito feminino de votar e ser votado e tem um histórico de pessoas públicas femininas com relevantes serviços prestados ao município, ao exemplo da Ex-vereadora Nice Santos, da Ex-vereadora, Ex-Presidente da Câmara e Ex-prefeita , Sra. Carla Maria Machado dos Santos. 

Atualmente, o seguimento feminino está bem representado no Legislativo Municipal com o mandato da Vereadora Sônia Pereira. 

Várias outras mulheres sanjoanense concorreram ao pleito em tempos pretéritos e nas últimas eleições, lembrando aqui a saudosa Dona Marli Sá, que foi, salvo melhor pesquisa, a primeira mulher de SJB a concorrer ao pleito para Deputada Estadual pelo PMN, décadas atrás. (aceito correções, sem problemas).

Aguardemos com satisfação o poder de munição democrática do seguimento feminino para as próximas eleições. A nossa cidade precisa de mais mulheres na política para, junto com os homens, tornar a vida do povo sanjoanense mais agradável, mais fraterna e igualitária!

Obs. Parte do texto, utilizei as fontes de Herner, June E. A Mulher no Brasil. Civilização Brasileira. Coleção Retratos do Brasil, volume 112.

REVIVENDO OS 120 ANOS DA CONCESSÃO DA FERROVIA CAMPISTA EM SJB