domingo, 30 de março de 2008

OBSERVATÓRIO ASTRONÔMICO DOMINGOS FERNANDES DA COSTA

OBSERVATÓRIO DOMINGOS FERNANDES DA COSTA NO UPEA - BARCELOS - SÃO JOÃO DA BARRA - RJ

Será inaugurando no dia 02 de abril o Observatório Astronômico da UPEA/CEFET Campos (Foto em anexo) em parceria com o Clube de Astronomia Louis Cruls, onde destaca-se o Prof. Marcelo Souza da UENF. O Observatório é do tipo roll-off , que pode ser aproximado para o português como teto móvel, muito utilizado em todo o mundo. Na oportunidade, 19:00h, o UPEA estará recebendo em sua Unidade o Prof. Martin Makler (ICRA/CBPF e CANMS) que proferirá a palestra cujo título é 'A Estrutura em grande escala do Universo' e na sequencia será inaugurando 'O Observatório Domingos Fernandes da Costa' que conta com o apoio do Clube de Astronomia Louis Cruls. É importante destacar que o telescópio de alta capacidade com câmara CCD que funcionará no observatório foi cedido com o apoio da FAPERJ e da UENF. Outro detalhe importante é que o nome do observatório é uma homenagem a um astrônomo brasileiro nascido em São João da Barra. A biografia de Domingos Fernandes da Costa e o resumo da palestra encontram-se a seguir. DOMINGOS FERNANDES DA COSTA 'Domingos Fernandes da Costa, grande astrônomo brasileiro que trabalhou no Observatório Nacional (ON) entre 1909 e 1956. Nascido em São João da Barra, no Norte fluminense, Domingos da Costa dedicou sua vida ao Observatório Nacional, onde fez pesquisa e ensinou astronomia para os jovens. Realizou importantes trabalhos científicos, como a observação do cometa Halley, em 1910, no Observatório, ainda no morro do Castelo, Rio antigo. Em 1919, participou da observação do eclipse total do Sol, em Sobral, Ceará, quando uma equipe de ingleses, do Observatório de Greenwich, reuniu dados para comprovar a Teoria da Relatividade de Albert Einstein.

Em 1925, esteve com Einstein durante a visita do famoso físico ao RJ. No início dos anos 30, a pedido de Sodré da Gama, fez o projeto para instalar um novo observatório: o Observatório de Montanha do ON. O projeto previa um telescópio de 1,65m de diâmetro, um astrógrafo de 40 cm e outros equipamentos. Domingos da Costa queria também instalar mais observatórios magnéticos. À época, havia só o de Vassouras, de 1913. Com o início da II Guerra Mundial, em 1939, os pedidos dos equipamentos foram cancelados. Domingos da Costa não viu seu sonho realizar-se. O projeto foi retomado, nos anos 60, por Muniz Barreto, então diretor do Observatório Nacional, com o Observatório Astrofísico Brasileiro (OAB), o projeto de um telescópio de 1,60m de diâmetro, inaugurado em 80. Em 85, separado do ON, dele surgiu o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA/MCT). Concretizava-se, finalmente, o sonho de Domingos da Costa.' (texto de Marcomede Rangel Nunes (Observatório Nacional) REALIZAÇÃO DE PALESTRA NO UPEA 'Pensando o Universo' - Prof. Martin Makler (ICRA/CBPF e CANMS) a palestra 'A Estrutura em Grande Escala do Universo'. O resumo da palestra é: 'O Universo é composto, entre outras coisas, por bilhões de galáxias, cada uma contendo até cerca de cem bilhões de estrelas como o nosso Sol. As galáxias se distribuem na forma de grupos e aglomerados. Em escalas maiores, temos grandes “paredes” formadas por galáxias, que se cruzam formando filamentos, em cuja interseção se encontram os superaglomerados de galáxias: essa é a estrutura em grande escala do Universo. Em escalas ainda maiores, o nosso Cosmos é aproximadamente homogêneo. As galáxias distantes se afastam entre si, ou seja, o Universo está em expansão. A dinâmica da expansão e das estruturas em grandes escalas é governada principalmente por dois tipos de matéria desconhecidos: a matéria e a energia escuras. Existem alguns projetos internacionais para estudar esses componentes misteriosos e outras questões intrigantes sobre o nosso Universo. Um deles, chamado Dark Energy Survey, mapeará o céu, desvendando cerca de quatrocentos milhões de galáxias e possui uma importante participação brasileira.'

Fonte : Vicente Santos - diretor do CEFET/Campos

FOTOS SELECIONADAS DO PONTAL DE ATAFONA

Fotos de Maysa Ines - São João da Barra - RJ (autorizado o uso público)

FOTOS SELECIONADAS PARAÍBA

Fotos de Maysa Ines - São João da Barra - RJ (autorizado o uso público)

FOTOS SELECIONADAS PARAÍBA

Fotos de Maysa Ines - São João da Barra - RJ (autorizado o uso público)

Brasileiros gastam cinco vezes mais água do que o recomendado.

Técnicos do RIO RURAL GEF apreciam o fornecimento de água pura na serra do Imbé ( Norte Fluminense)
Em pesquisa recente da H2C - Consultoria e Planejamento de Uso Racional da Água, notou-se que o brasileiro gasta, em média, cinco vezes mais água do que o volume indicado como suficiente pela Organização Mundial da Saúde – a organização recomenda o consumo de 40 litros diários por pessoa, enquanto no Brasil são consumidos 200 litros dia/pessoa, em média. De acordo com a consultoria, faltam políticas globais de incentivo ao uso racional da água e as iniciativas existentes estão sempre voltadas para o aumento da produção de água, e não para a diminuição do consumo. “Até quando vamos deixar as campanhas de uso racional da água nas mãos das concessionárias; isto é contraditório, porque o negócio delas é vender água. Assim, quanto maior o consumo e, por decorrência, a venda de água, mais as concessionárias lucram”, destaca Paulo Costa, consultor em projetos de Uso Racional da Água. O especialista explica que há alternativas que permitiriam reduzir o consumo de água imediatamente, sem necessidade de novos investimentos. “Programas racionalizadores do uso da água foram empregados com sucesso por cidades como Nova York e Austin, nos EUA, e Cidade do México, por exemplo”, relata Costa. De acordo com o consultor, a Prefeitura de Nova York implementou um programa de incentivo à substituição de equipamentos gastadores de água – bacias sanitárias, especialmente – por outros, racionalizadores. O programa foi implementado, entre 1994 e 1996, com investimento de US$ 240 milhões no incentivo à troca de bacias e válvulas sanitária, permitindo a economia de 288 milhões de litros por dia. Os consumidores passaram a economizar até 35% na sua conta de água mensal. Além disso, os técnicos da prefeitura nova-iorquina constataram também que conservar/economizar 100 milhões de litros de água, por exemplo, sai até 1/4 do custo exigido para captar, tratar e distribuir igual volume de água, ou seja, é muito mais barato racionalizar do que aumentar a produção. Para o consultor as prefeituras, os governos estaduais e federal deveriam começar dando o exemplo. “Se os prédios públicos, as escolas, hospitais adotassem medidas racionalizadoras, seria além de um belo exemplo para a sociedade, uma economia gigantesca no gasto da água. Ele acrescenta que com o dinheiro economizado essas autarquias poderiam investir em campanhas de conscientização através de ações educativas junto à comunidade, esclarecendo sobre as maneiras de evitar o desperdício, as formas de economizar e as fontes alternativas para a captação de água, bem como a diferenciação dos usos da mesma, ou seja: para algumas atividades não há necessidade de utilização de água tratada.
Fonte : REBIA. 25/03/2008.

quarta-feira, 19 de março de 2008

PONTAL Atafona. Fim do mundo. Final da linha... Pontal. Atafona, assim é o mundo, assim é a vida, afinal. Tudo aquilo que começa um dia tem que acabar. Pontal, o tempo não pára e nem consegue voltar. Areia branca e macia sob um céu nem sempre azul. Pontal, final do caminho do Paraíba do Sul, do rio que é tão pequeno na montanha bandeirante e vem crescendo e crescendo e se tornando um gigante mas hoje, preso em represas, tão sujo, tão poluído, seu andar é preguiçoso, seu canto é mais um gemido. E nem mesmo onde se lança na sepultura do mar, nem mesmo aqui suas águas podem, enfim, descansar. pois o mar enfurecido, talvez pelo rio triste, como um guerreiro a cavalo, de espada afiada em riste, pelo galope das ondas, em golpes destruidores, avança contra as pequenas choupanas dos pescadores como se fossem culpados do sofrimento do rio. Pontal que já foi tão cheio. Pontal agora vazio. Pontal de tantas ruínas. Pontal que já não tem porto. Pontal que já foi tão vivo. Pontal agora tão morto. Pontal que escuta o soluço do rio na madrugada. Pontal que já teve tudo. Pontal que não tem mais nada. Pontal da areia macia sob um céu nem sempre azul. Pontal, pedaço mais triste do Paraíba do Sul... “PONTAL”: Poema de Antônio Roberto Fernandes
IMPACTO DO DESPEJO DE EFLUENTES NO RIO PARAÍBA DO SUL – MORTALIDADE DE ORGANISMOS AQUÁTICOS NA FOZ PRINCIPAL (ATAFONA) E ÁREAS MARINHAS COSTEIRAS ADJACENTES/RJ.
Em 29 de março de 2003 ocorreu o despejo de efluentes tóxicos por parte da Indústria Cataguases de Papel no rio Pomba, um dos afluentes do rio Paraíba do Sul, no Estado de Minas Gerais. O despejo tóxico contaminou esses corpos d`água, bem como lagoas associadas, causando elevada mortalidade de organismos da fauna aquática. O derramamento de 1,4 bilhões de litros de rejeito da Indústria de Papel Cataguases no córrego Cágado (MG), afetou a utilização de grandes áreas terrestres marginais e de água, não apenas do referido córrego, mas também dos rios Pomba e Paraíba do Sul. A mortalidade no estuário do rio Paraíba do Sul foi avaliada entre 04 e 06 de abril de 2003, quando a foz principal e áreas marinhas costeiras adjacentes foram diretamente atingidas pelos efluentes. O evento de mortalidade massiva de várias espécies foi registrado apenas na porção interna do estuário, nas proximidades da foz, não sendo registrada morte de organismos ao longo das praias da região. Dentre as espécies atingidas algumas são consideradas estritamente dulcícolas, enquanto outras vivem em associação com regiões estuarinas e podem ocorrer no ambiente marinho. A ictiofauna do estuário compreende cerca de 57 espécies de peixes, distribuídas em 27 famílias. Dentre essas, algumas são característicamente dulcícolas e também habitam outras porções da bacia do rio Paraíba do Sul. Há ainda peixes estritamente estuarinos e outros com ocorrência registrada para o ambiente marinho. Desse total, 18 espécies (31,6%), foram registradas no evento de mortalidade (tabela 1). A maior representatividade (Número de indivíduos e/ou biomassa) foi verificada para: Astyanax bimaculatus (lambari), Genidens genidens (Bagre), Centropomus parallelus (robalo), Mugil curema (Parati) e Lutjanus jocu (Vermelho). Sobre carcinocultura, as espécies Macrobrachium acanthurus (Camarão-pitú), Macrobrachium carcinus (Lagosta-de-rio) e Callinectes sapidus (Siri-azul) foram registradas mortas em abundância no estuário, em decorrência do impacto causado pelo despejo dos efluentes. A extensa mortandade dos organismos foi relacionada, principalmente, a depleção completa de oxigênio dissolvido no meio e as alterações drásticas na química da água, que apresentou elevação significativa no pH e concentração de solutos, levando à falência múltipla dos tecidos e órgãos. Fonte : Relatório Técnico Sobre o Derramamento de Efluente da Indústria de Papéis Cataguazes nos rios Pomba e Paraíba do Sul. UENF.

terça-feira, 18 de março de 2008

AS BARRAGENS NO RIO PARAÍBA DO SUL

DOCUMENTÁRIO ESPECIAL - SEMANA MUNDIAL DAS ÁGUAS - RIO PARAÍBA DO SUL

André Pinto com alunos da UFRJ no delta
NA TRILHA DO RIO PARAÍBA DO SUL - POR FALHA DESTE BLOG - FAZEMOS MENÇÃO AO JORNALISTA E FOTÓGRAFO RESPONSÁVEIS PELA MATÉRIA EM QUESTÃO Quem conhece bem o rio sabe que ainda é possível salvá-lo, apesar de todas as agressões que o transformaram em um grande depósito de esgoto e ameaçam a sobrevivência de 15 milhões de pessoas. Quem olha de frente a imensa boca de 600 metros que o rio Paraíba do Sul abre ao encontro do mar no delta de São João da Barra, na região Norte Fluminense, não pode imaginar que aquele colosso de águas venha de um fiozinho gelado que brota, com o nome de Paraitinga, num tufo de vegetação da Fazenda da Lagoa, a 1.280 metros de altitude, na Serra da Bocaina, divisa dos municípios de Silveiras e Areias, Estado de São Paulo. Na serra em que nasce, próximo ao Pico da Boa Vista, o rio já enfrenta um cenário devastado. Das grandes florestas da mata atlântica, restam alguns vestígios aqui e ali, entremeados por plantações de eucalipto, proibidas por legislação ambiental, mas que florescem diante de quase absoluta ausência de fiscalização. Até o final de seu curso, 1.150 quilômetros abaixo, também não se fiscalizam as muitas agressões que ameaçam condenar o rio à morte: desmatamento, mineração de areia, pesca predatória, esgotos sem tratamento, lixo, acidentes ambientais.
O rio é límpido da nascente até Paraibuna, 200 quilômetros abaixo, onde foi represado na década de 70. A partir daí passa a chamar-se Paraíba do Sul. Ao entrar na zona industrial mais rica do País, logo abaixo da represa da Companhia Energética de São Paulo (CESP) – a primeira de uma série de cinco -, o rio muda de cara, de cor, de conteúdo. Depois do chamado cotovelo de Guararema, quando o rio encontra os contrafortes da Serra da Mantiqueira e faz uma curva de 180 graus, tomando a direção do rio de Janeiro, desaparecem os peixes – principalmente a piabanha e o dourado, espécies em extinção – sobrevivem apenas algumas espécies de quase nenhum valor comercial, como o mandi.
Sem peixes, estão sumindo também os pescadores. Grandes espécimes, só quando o rio se aproxima da foz, depois de uma seqüência saudável de encachoeiramentos, responsáveis por intensa oxigenação de suas águas. A degradação consentida está bebendo lentamente as águas do Paraíba, que ainda assim permite a vida de 15 milhões de pessoas em três estados, e abastece o País com energia elétrica extraída de represamentos que roubam sua saúde, criam barreiras intransponíveis para os peixes de piracema, facilitam o acúmulo de sedimentos e a proliferação de algas danosas.
Mas o rio tem salvação, concordam ambientalistas, biólogos, engenheiros sanitaristas e pescadores. Desde que haja vontade dos governos de controlar principalmente o esgoto doméstico, responsável por 90% da carga poluente despejada sem tratamento em milhares de pontos ao longo de seu curso. Cerca de um bilhão de litros de esgoto são lançados diariamente na bacia do rio Paraíba do Sul, mas o tratamento é feito em apenas 10 % dos 180 municípios. A cobrança pelo uso de suas águas, promessa de recursos para redimí-lo, começou há quatro anos, depois de discutida durante 40.
O total arrecadado até 2006, acrescido de contrapartidas dos projetos e injeção de recursos federais, alcança aproximadamente R$68 milhões, segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA). Estima-se que seja necessário investir R$3 bilhões para vencer os problemas somados em quatro séculos. Esgoto – O grande vilão Pindamonhangaba, na região central do Vale do Paraíba paulista, tem 140 mil habitantes, trata 100% de seu esgoto. Quarenta quilômetros abaixo, Aparecida do Norte (SP), meca de peregrinos, 36 mil habitantes (aos quais se somam 170 mil nos fins de semana), não trata um só litro de esgoto. E o que é pior, o lançamento se faz numa imensa boca fétida 20 metros acima do ponto de captação de água que se bebe na cidade.
- Mas a água é boa – garante, reservadamente, um engenheiro do serviço municipal de água e esgoto, que admite custos elevados no tratamento químico para permitir transformar a água cheia de dejetos que sobe para a estação de tratamento.
O rio ali está tão assoreado que, por ocasião das festas da cidade, em outubro, os organizadores têm de pedir à Cesp que abra as comportas da represa de Paraibuna para elevar o nível das águas e permitir a passagem da procissão dos pescadores.
Existem projetos para a construção de quatro estações de tratamento de esgoto, a um custo de R$8 milhões. Por enquanto, a agência que administra a Bacia do Paraíba (Agevap) adiantou cerca de R$200 mil.
-Dá no máximo para comparar o terreno e fazer o projeto – diz o engenheiro sanitarista Nathan Barile Neves, diretor do Laboratório Ambiental de Resende, que estuda o Paraíba há mais de 30 anos. No Geral – diz ele - as cidades servidas pela Sabesp (a Companhia Estadual Paulista de Saneamento, caso de Pindamonhangaba) chegam a tratar até 80% do esgoto. Mas os serviços municipais, que têm menos recursos, tratam em torno de 5%. Há bons exemplos de mudança, como o de Resende, região do Médio Paraíba, que hoje trata apenas 8% de seus esgotos, mas está construindo, com recursos da cobrança de água, uma estação de tratamento que elevará o volume tratado para 58%.
Enquanto no Estado de São Paulo a média de esgoto tratado antes do lançamento está em 40%, no Estado do Rio de Janeiro tratamento é igual a zero. O que salva as águas do Paraíba, alerta o ambientalista Guilherme de Souza, da ONG Projeto Piabanha, de Itaocara (Noroeste Fluminense), é a longa seqüência de corredeiras e encachoeiramentos, responsáveis por intensa oxigenação da água, além de baixa densidade populacional, que limita o volume de esgoto. O que não salva o trecho do Paraíba que cruza Cambuci, 20 quilômetros abaixo, onde o esgoto do hospital da cidade é despejado um pouco antes do ponto de captação da água que bebe a população de 15 mil habitantes. -É esgoto que está matando o rio - diz Joaci Ferreira Gonçalves, 50 anos, Presidente da Colônia de Pesca de São Fidelis (Noroeste Fluminense). - O esgoto representa 90% dos problemas de poluição do Paraíba – garante Ana Celina Tibúrcio, monitora de educação ambiental da ONG Vale Verde, de São José dos Campos (SP).
O trecho de Itaocara a São Fidelis, de 90 quilômetros , é um paraíso piscoso em relação ao curso inteiro do rio. Situado abaixo do trecho rochoso e encachoeirado que começa em Além Paraíba tem um conjunto de ilhas com muita vegetação de mata ciliar, responsável por boa parte da alimentação da fauna.
Embora tenha recebido em 2003, através do afluente Pomba, grande descarga tóxica de soda cáustica em acidente ambiental ocorrido na Cataguases Celulose, em Minas Gerais, o rio salvou-se pouco tempo depois porque o agente causador não tem características de remanescência diluindo-se ao encontro do mar. Mas o estrago foi grande.
- Eu vi as lagostas e os caximbaus (cascudos) tentando fugir desesperados pela beira do rio – conta o pescador Luiz Carlos Damasceno, de São Fidelis, onde a lagosta local, uma espécie de pitu de grandes dimensões, desapareceu das gaiolas dos pescadores durante dois anos. Quando reapareceu, tinha algumas gramas a menos.
Mas a pesca foi proibida em 2004 e a proibição vigora até 2009. Por desinformação ou má-fé, muitos pescadores com suas gaiolas foram vistos ao longo do rio pescando lagostas. Não Há fiscalização.
- O Ibama apreendeu 200 gaiolas de lagosta recentemente, mas não é sempre que isso acontece - conta Lulu Assunção, guia de turismo que promove passeios de barco entre São Fidelis e São João da Barra.
Em Campos, surge outro componente ainda mais danoso que esgoto, o vinhoto, subproduto do processamento da cana-de-açúcar. Nos fundos da Usina Santa Cruz, a 15 quilômetros do centro da cidade, duas imensas bocas entornam o caldo pardacento que é veneno mortal para os peixes.
É crítico o assoreamento neste trecho. E as águas rasas dificultam a subida dos peixes de mar para desova. Tainhas e robalos têm grande dificuldade de chegar até a Cachoeira do Salto, em São Fidelis, onde se reproduzem. Joaci Gonçalves, pescador há mais de 50 anos, diz que os pescadores de São João da Barra estão cercando a boca do rio e impedindo a subida dos peixes. Os pescadores da foz do rio confirmam: ! Se não tem peixe no rio, temos de pegar no mar”, diz o pescador Francisco Rodrigues Filho, de Atafona.
-Não, o Paraíba tem salvação. É só pedir desculpa pelo estrago e mudar de atitude – diz o engenheiro sanitarista Nathan Neves. -Temos de montar uma comissão multidisciplinar de técnicos para esboçar uma série de ações com prazo determinado – afirma. Biólogo: hidrelétricas dividem o rio em compartimentos O biólogo Guilherme de Souza é Presidente da mais importante das ONGs que atuam em defesa do Rio Paraíba do Sul, o Projeto Piabanha. Desde 1991, ele está a frente do maior programa de repeixamento do rio, em parceria com a Pesagro, a empresa estadual de pesquisas agrícolas. É um dos muitos conhecedores que atribuem às hidrelétricas (cinco em operação, duas em projeto, uma em obra) a responsabilidade pela redução das espécies de peixes. - O represamento está transformando o Paraíba em uma seqüência de grandes tanques, em vários compartimentos que isolam a comunicação da fauna e impedem a troca de material genético- garante Guilherme.
Ele diz que a eutrofização, processo de multiplicação de microorganismos nos lagos das barragens, alimentaas algas nocivas, especialmente a capituva, que está tomando o trecho médio superior do rio. Guilherme teme também o que considera uma ameaça ainda maior, que estaria nos dois projetos de hidrelétricas logo abaixo de Itaocara, na barra do rio Pomba e em Cambuci, 20 quilômetros abaixo.
O primeiro irá inundar o maior conjunto de ilhas da bacia, de exuberante vegetação, o chamado Ninhal das Garças, berçário de aves e local de grande piscosidade. E nem mesmo a garantia de que serão feitas escadas para os peixes de piracema tranqüiliza o presidente do Projeto Piabanha. - Aqui bem perto mesmo, em além Paraíba, só as espécies exóticas conseguem subir a escada – afirma Guilherme. Fonte: Revista da Alerj – Ano I, n.º 01 – Dezembro de 2007

RIO PARAÍBA AGONIZA......

O projeto da Usina hidrelétrica Simplício, de R$1,6 bilhão, de furnas, uma das prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vai jogar a vazão final do rio Paraíba do Sul de 400m3/s para 62m3/s, autorizada por reunião da Agência Nacional de Águas (ANA), em 6 de agosto. Segundo o ecologista Aristides Soffiati, essa retenção pode levar ao Paraíba a níveis drásticos de redução de seu nível, inviabilizando projetos de irrigação, provocando danos ambientais a lagos e lagoas, além de possibilitar o avanço do mar em Atafona e potencializar o processo de salinização de áreas da Baixada Campista. O projeto de Simplício, no rio Paraíba do Sul, na divisa dos municípios de Sapucaia e Três Rios (RJ) e Chiador (MG), se junta ao de Barra do Pomba como principais investimentos de Furnas, que espera ver a primeira usina em operação em 2010. Simplício vai gerar 333,7 MW, sendo implementado o sistema de transmissão de energia, com 120 km de extensão, elevando em 28% a reserva do Estado do Rio. Durante a fase de implantação, o projeto deverá gerar cerca de 2,2 mil empregos diretos e 6,6 mil indiretos. Para Soffiati, com essa vazão mínima estaria decretada falência de projetos como o de navegabilidade do Paraíba, ou mesmo de irrigação, principalmente áreas de lavoura da cana-de-açúcar: “Para fins de irrigação, temo que a vazão se torne insuficiente para correr pela rede de 1.350 KM de canais. O rio Já foi navegável por barcos a vapor de médio calado da foz até São Fidelis e Cardoso Moreira. Creio que a navegabilidade, tão desejada por todos, se torne ainda mais inviável com Simplício nesta vazão”. O Presidente da representação regional da Firjan, Geraldo Hayem Coutinho, minimiza o impacto, alegando que o Paraíba ganha força a partir da região da serra, entre as divisas do Estado do Rio e Minas Gerais. “Só 30% de água do Paraíba deste trecho até Campos e São João da Barra vêm da região de Três Rios, então, se cortasse a vazão em 50%, o impacto seria só de 15%”, acredita-se Hayem, lembrando da importância dos rios Pomba e Muriaé, que alimentam o Paraíba. A sangria do rio Paraíba do Sul é um esforço ordenado para gerar energia, envolvendo além do projeto da usina de Simplício, os Aproveitamentos Hidrelétricos (AHEs) de Barra do Pomba (Furnas), Cambuci (Empreendedora Santa Gisele) e Itaocara (Light). Simplício, será a segunda maior hidrelétrica do Estado do Rio, superada apenas pela usina Nilo Peçanha, em Piraí, construída na década de 50. Além de Simplício, outros projetos estruturantes se situam no Baixo Paraíba do Sul, perto de Campos, abrangendo os municípios de Aperibé e Itaocara (Usina de Barra do Pomba); e Cambuci e São Fidelis (Usina de Barra de Cambuci); e próximo a Itaocara, na divisa com Pirapetinga (MG) (Usina Itaocara). O AHE Barra do Pomba também é um dos investimentos prioritários de Furnas, com recursos previstos no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Ele terá área inundada correspondente a 21% da área total de influência e o AHE Cambuci vai inundar 9% de área total. O reforço ao sistema de energia será de 80MW (Barra do Pomba) e 50MW (Cambuci). Em reunião do CEIVAP, o Comitê Gestor do Vale do Paraíba, foi informado que as duas usinas são de baixa queda, com impactos ambientais reduzidos, cujo valor total do investimento é de R$315 milhões (Barra do Pomba) e R$181 milhões (Cambuci), as quais vão vender aos quatro municípios R$1,2 milhão de royalties, anualmente. A UHE Itaocara, em fase de licenciamento ambiental, abrange os municípios de Itaocara (RJ) e Pirapetinga (MG), e terá 195 MW de potência instalada e contará com reservatório de 45 Km de extensão e 76,4 Km2 de área alagada, com a construção prevista para 2009 e operação em 2010, sob custo de investimento de R$600 milhões. Vazão do rio I Ameaça de salinização Na década de 50, o governo federal estabeleceu uma vazão mínima de 200 m3/s para o rio Paraíba em toda sua extensão. Hoje, na altura da transposição de águas do Paraíba, ele corre com 250 m3/s em média. Após a transposição, perde 160m3/s para o sistema Guandu, ficando com 90m3/s, no sistema de Santa Cecília. O Professor Soffiati cita que, após este ponto, o rio volta a “ganhar corpo novamente”, e observa: - Com Simplício em funcionamento , ele passará de 400 m3/s para 62m3/s, o que significa uma redução de vazão de 338 m3/s. Mesmo com o aporte de água dos rios Pomba, Grande e Muriaé, abaixo do complexo, é confiar demais nestes três afluentes. Enfim, o sistema é assustador. A meu ver, o rio Paraíba ultrapassou seus limites para atender a este tipo de iniciativa. Os prejuízos podem ser ainda maiores para a região da Baixada Campista, que sofre com o avanço do processo de salinização de reservas hídricas, declara Soffiati, assinalando ainda o agravamento do avanço do mar no Pontal de Atafona, em São João da Barra. _ Não só é possível como provável. Cientistas da UFRJ defendem a tese segundo a qual o Paraíba perdeu, em sua foz, cerca de 45% de vazão líquida e sólida. Com esta perda, o equilíbrio entre o rio e o mar se quebrou em favor do mar, que avança sobre Atafona. Pode acontecer de o rio tornar-se mais fraco e o mar barrar sua foz, como acanteceu com 12 grandes rios do mundo. Pode acontecer de a língua salina avançar cada vez mais rio acima, inviabilizando o abastecimento público, a dessedentação de animais e a irrigação. Dois rios com vidas mudadas pelo homem, dois rios, Paraíba e Guandu, drasticamente afetados por um objetivo, o manejo do recurso hídrico e a geração de energia, com o sistema da Barragem de Santa Cecília, abaixo de Barra do Piraí, com obras hidráulicas para abastecimento de parte da cidade do Rio de Janeiro. No site HidroWeb da Agência Nacional de Águas (ANA) , na Internet, é possível obter dados sobre a história dos dois que se entrelaçam além das serras, barragens e elevatórias. A transposição das águas para a Bacia Litorânea Fluminense, na Serra de Araras, para a usina Nilo Peçanha, com capacidade de gerar 480 MW, engrossa o Ribeirão das Lajes, afluente do rio Guandu, e , perto dali, se faz a principal captação de água bruta da CEDAE RJ, para abastecer a cidade do Rio e algumas outras da Baixada. As obras de desvio do rio Paraíba do Sul e Piraí, para atender a Usina Hidrelétrica Nilo Peçanha, foram concluídas em 1952. Fonte : Folha da Manhã , Campos dos Goytacazes-RJ Acompanhe o processo judicial movido pelo Projeto Piabanha de Itaocara e ONG COCIDAMA de São João da Barra contra a instalação dos empreendimentos hidrelétricos de Barra do Pomba e Cambuci; Site : http://www.jfrj.gov.br/ Processo n.º: 2006.51.03.000262-0 - ACÃO CIVIL PÚBLICA AUTORES: ASSOCIACAO DOS PESCADORES E AMIGOS DO RIO PARAIBA DO SUL – APARPS (Projeto Piabanha) E ONG COCIDAMA ADVOGADO: REGINALDO AUGUSTO REU : UNIÃO FEDERAL 1ª Vara Federal de Campos - ROBERTO DANTES S. DE PAULA Distribuição-Sorteio Automático em 07/02/2006 para 1ª V. Fed. de Campos Objetos: MEIO AMBIENTE

SOS ATAFONA - Transgressão na Foz do Rio Paraíba do Sul

1. Transgressão na Foz do Rio Paraíba do Sul
1.1. A Base do Estudo do Fenômeno: O Pontal de Atafona, situado à margem direita da foz do Rio Paraíba do Sul, encontra-se em um processo intensamente erosivo, iniciado há cerca de 40 anos. Para entendermos este processo é necessário primeiro identificarmos a patogênese deste fenômeno, para depois implantarmos uma solução adequada. Os fenômenos naturais dificilmente vêm a acontecer apenas por um único aspecto e sim por um somatório de fatores. No caso da transgressão do Pontal de Atafona, aconteceram dois fatores de capital importância para a ocorrência desse fenômeno, tendo em vista que o mar não é um produtor de seixos e de areia, mas sim um consumidor: • impedimento da sedimentação a ser realizada em seu lugar natural e espontâneo, na sua foz, com o contato direto entre o mar e o rio; • a diminuição da vazão e, conseqüentemente, a queda do volume total de sedimentação.
1.2. Os Espigões: No governo de Eurico Gaspar Dutra, acontecido na segunda metade da década de 40, foi iniciado um projeto para reimplantar as atividades portuárias na cidade de São João da Barra, atividades essas interrompidas com o advento do sistema ferroviário no final do século passado. A filosofia de projeto para a implantação do sonhado sistema portuário foi concebida da forma clássica, ou seja, com a realização de um espigão principal, indo do Pontal até às proximidades de São João da Barra, com cerca de 4 km de extensão, formando um canal central que propiciaria calado suficiente para a atracação de embarcações de maior porte. Transversalmente a esse espigão, uma série de espigões secundários formariam um sistema reticulado. Com a paralisação definitiva das obras, há cerca de 40 anos, formaram-se, em toda a sua extensão, diversos lagos que vêm obstruindo a vazão normal do Paraíba. A paralisação das obras ocorreu no início da década de 50 e a segunda etapa, ou seja, o aterro da margem do rio até o espigão principal nunca foi sequer iniciada.
1.3. O Porquê da Construção: É do conhecimento público que o sistema portuário, idealizado pelo Governo Federal, teria a finalidade, não só mercantil, como serviria também de base naval para abrigar parte da esquadra da nossa Marinha de Guerra pois as embarcações ficariam fundeadas em água doce, menos nocivas a seus cascos. Teve início, também na mesma época, a construção da inacabada e abandonada Escola de Aprendizes de Marinheiros, no local hoje conhecido como “balneário”, em Atafona.
1.4. - O Impedimento da Sedimentação na sua Foz: Nos dias atuais, os cerca de 2.000.000 m² de área, formados pelo espigão tronco e as margens do rio, encontram-se totalmente assoreados, restando apenas canais de pequena largura por onde se pratica a navegação local. O aterro, que deveria ter sido feito logo após o término da construção dos espigões, também não foi realizado. No entanto, ao longo de quatro décadas e meia, o velho Paraíba o fez, com seu grande poder de erodir nas cabeceiras e sedimentar na sua foz. Podemos inferir que os cerca de 6.000.000m³ (ou um milhão de caminhões basculantes), que foram depositados nos locais formados pela malha dos espigões, acarretaram uma sedimentação indevida, proveniente do endicamento formado pelos espigões, ou seja, assoreamento pela interferência de uma obra, ou barragem, não realizada.
1.5. - A Erosão do Pontal: O mar não sendo um produtor de areia e sendo a costa local constituída de solo tipicamente granular, sem nenhuma coesão, com o fluxo de sedimentação sendo interrompido ao longo dessas décadas, concluímos enfaticamente que, pelos fatos expostos, o mar consumiu as areias do Pontal. O destino da natural deposição seria o Pontal. No entanto, a chegada desse material (6.000.000 m³) foi obstaculado pela construção dos enrocamentos já mencionados. Pelo exposto, afirmamos que a construção dos espigões, há décadas atrás, impossibilitou os produtos originários da erosão, a montante do nosso Paraíba, de serem sedimentados na sua foz , interrompendo o ciclo natural de depósito no litoral. Acresce a isso, o fato do vento predominante no local ser o nordeste, originando uma forte corrente marítima, no sentido leste–oeste (em direção a Grussaí), acarretando, ano a ano, uma gradativa diminuição da extensão de praia em Atafona.
1.6. - O Complexo Hidroelétrico de Lages da Light: Outro fator, conjugado com os efeitos da construção dos espigões para acelerar a transgressão do Pontal, foi a construção do Complexo Hidroelétrico de Lages, da Light, cujas águas são captadas do Rio Paraíba do Sul, na elevatória de Santa Cecília, no Município de Barra do Piraí- RJ. 1.7. - A Queda da Vazão do Paraíba:
Esta captação absorve 60% da vazão, pois, da vazão de 270 m³/s que o Paraíba do Sul tem nesta região, 160 m³/s são retirados de sua calha natural para constituir o sistema Light e a estação de tratamento do Guandu. Sabemos que o volume de material, sedimentado por um curso d’água é diretamente proporcional, entre outros fatores, à sua vazão.
1.8. - A Construção sem Planejamento: A realização do projeto que originou o Sistema Light-Guandu, sob a nossa ótica, não foi apoiado em dados técnicos, objetivando uma não desestruturação do ecossistema de toda a bacia do Rio Paraíba, a jusante do conjunto elevatório de Santa Cecília, e também da bacia hidrográfica do artificial Rio Guandu, que, anteriormente à realização das obras, era um arroio e chamava-se Guandu–Mirim. Também não houve a preocupação em proceder-se a uma análise detalhada dos aspectos técnicos e econômicos, bem como da importância de não se alterar a vazão e, conseqüentemente, o curso d’água de tão importante sistema fluvial para a economia do país (12 % do PIB nacional), ocasionando danos irreparáveis à população à jusante da barragem .
1.9. - A Contradição: As obras do sistema Light foram terminadas há cerca de quatro décadas, coincidindo, praticamente, com a paralisação das obras relativas aos espigões na foz do Paraíba para a construção do imaginário complexo portuário. Como se explica que, em uma mesma época (há quatro décadas atrás), na foz de um curso d’água, estivesse se desenvolvendo um arrojado sistema portuário marítimo–fluvial e, no seu curso médio, 60 % da sua vazão estivesse criminosamente sendo sangrado? É de conhecimento público que, na época, todas as cidades a jusante da Elevatória de Santa Cecília, tiveram que adequar as tomadas d’água para as suas estações de tratamento.
1.10. – A Bacia de Sepetiba: Com a criação do novo Rio Guandu, antigo Rio Guandu–Mirim, que tem a sua foz na bacia de Sepetiba e a nascente no Rio Paraíba do Sul, houve um gravíssimo aceleramento hidráulico, implicando em um rápido assoreamento. Consta-nos que os serviços rotineiros de dragagem do porto, localizado na Baía de Sepetiba, é cinco vezes maior que em outros portos semelhantes. Estes dados, vêm evidenciar a fortíssima contribuição do assoreamento proporcionado pelo artificial Rio Guandu. No nosso entender, não se optou por critérios racionais, na altura dos estudos básicos, para a implantação deste projeto, beneficiando apenas a cidade do Rio de Janeiro, obra orquestrada criminosamente pelo governo federal, ocasionando os prejuízos agora verificados na sua foz. Na época, o Distrito Federal estava localizado no Rio, Estado da Guanabara, cidade conhecida internacionalmente pela constante falta d’água. Hoje, afirma-se que a Baía de Sepetiba está fadada, em poucos anos, a se transformar em imensos bancos de areia.
1.11. - O Beneficiamento da Light: Como é do conhecimento público, o sistema Guandu fornece água tratada parapraticamente 80% da população, da baixada fluminense até a cidade do Rio de Janeiro. Na época da implantação do projeto, o consumo de água era da ordem de 25 m³/s, e hoje, este consumo chega próximo à casa dos 50 m³/s.
O sangramento dos 160 m³/s, desde o início da implantação, a nosso ver, teve o objetivo único de aproveitar este manancial, devido a altura da queda d’água de cerca de 350 m, para a transformação da energia hidráulica em eletricidade. Como vemos, dos 160 m³/s, apenas 25 m³/s são utilizados para o abastecimento d’água da região metropolitana já mencionada. Concluímos, portanto, que o sangramento dos 160 m³/s deveu-se unicamente ao aproveitamento hidráulico por parte da Light canadense.
1.12. - O Maior Delta do Planeta: Pelo exposto, sem sombra de dúvidas, afirmamos que se houvesse, por parte de quem implantou tal sistema, a preocupação pelos danos às demais cidades e ao meio ambiente, este projeto deveria ser implantado de forma gradativa e não da forma abrupta como foi. Esta intervenção no curso médio do Rio Paraíba do Sul, em meados da década de 50, teve como resultado, numa observação irônica, a formação do maior delta do planeta, pois o Paraíba tem hoje um braço na Baía de Sepetiba e o restante do seu curso d’água na foz natural em Atafona. Daqui para frente poderíamos afirmar que a cidade do Rio de Janeiro encontra-se situada geograficamente no delta do Rio Paraíba Sul.
1.13. - As Causas da Patogênese: Coincidentemente, em uma mesma época, há cerca de 40 anos, tivemos dois fatores que julgamos serem decisivos para haver uma erosão provocada pelo mar ao longo do litoral. A construção dos espigões, que foi a causa da retenção de grande parte do material erodido da sua bacia hidrográfica, não na foz propriamente dita, e sim, a poucos quilômetros antes, e a diminuição drástica da descarga com a construção do sistema Light / Guandú, absorvendo cerca de 160m³/s, (60 %) da vazão do Paraíba, no município de Barra do Pirai – RJ.
1.14. – A Idade da Bacia Sedimentar do Rio Paraíba do Sul: Pela área aproximada de 2.000.000 m², correspondente a um volume de 6.000.000 m³ (0,006 km³) de material sedimentado ao longo dos 40 anos de sua existência, estamos diante de uma situação suigeneris para o cálculo da idade aproximada da bacia sedimentar do Rio Paraíba do Sul. Sabemos que a desnudação ribeirinha, fatores interferentes do homem e outras causas, aumentam a sedimentação dos cursos d’água. Com o sangramento da sua vazão em Santa Cecília, utilizaremos a sedimentação na região dos espigões como sendo a média, ou seja, 0,0002km³/ano, pois, como afirma Cailleuix, a quantidade de matéria retirada a cada ano das terras e transportadas para o mar, por todos os rios do globo terrestre, é da ordem de 12 km³.Sendo o Paraíba do Sul, a nível mundial, um rio médio, tanto em extensão, como em bacia hidrográfica e descarga, o valor que calculamos de volume de sedimentação, comparado com o valor total de 12 km³, é totalmente compatível, ou seja, 60.000 mil vezes menor que a descarga total de todos os rios do planeta. Por regra de três, a quantidade de matéria depositada na bacia sedimentar do Paraíba é, aproximadamente, de 200 km³ ao longo de 1.000.000 de anos (período quaternário). Admitindo uma altura média de 60m de sedimento, encontramos uma área equivalente de cerca de 3.300km², área esta correspondente à bacia sedimentar do Rio Paraíba do Sul, junto à sua foz nos dias atuais.
2. CONCLUSÃO O processo histórico de formação das cidades na área do vale do Paraíba mostrou que a partir do século XX, os municípios diversificaram-se na forma de produzir, trazendo para uns crescimento, e para outros estagnação. O Rio Paraíba do Sul mostra-se, dessa forma, como um fator importante no crescimento das cidades e como fonte de riqueza e sobrevivência da região. Não é à toa que a rodovia Presidente Dutra circunda este rio, uma vez que, para as indústrias, é importante a sua localização próxima às rodovias e aos rios, para escoamento de produtos e, também para que possam movimentar máquinas, quando usadas no preparo da matéria prima e na limpeza dos produtos e manufaturados. No entanto, o próprio processo de industrialização trouxe grandes problemas, não só para o Rio Paraíba do Sul, como para as áreas florestais ribeirinhas. As cidades que não cresceram, não tiveram condições econômicas de construírem uma estrutura adequada de esgoto e água tratados. As cidades industriais, por sua vez, cresceram tanto que perderam o controle dessas estruturas, não conseguindo canalizar esse sistema hidráulico nem, contudo, puderam construir estações suficientes, capazes de comportarem a quantidade de pessoas que aportam todo ano, a chamada população flutuante. As medidas tomadas não são suficientes para o tamanho do problema. Qualquer programa de crescimento da região tem de levar em conta a despoluição, a preservação do Paraíba, assim como a recuperação das áreas florestais e das coberturas vegetais das suas encostas. As cidades pequenas, ao longo das suas margens, necessitam de programas de incentivo para que possam crescer e construir seus sistemas de saneamento básico, sem destruir suas tradições culturais e, assim, manter os jovens no seu município de origem, uma vez que hoje se deslocam para os grandes centros, com maiores possibilidades de emprego. Ao mesmo tempo, as cidades industriais, necessitam reavaliar seu processo de crescimento, investindo maiores recursos em obras de saneamento básico e de educação e cultura, de forma a valorizar o cidadão e a melhorar seu nível de vida. Todo crescimento da região, portanto, necessita de um trabalho conjunto, um planejamento que leve em conta não só o crescimento industrial, mas sim o equilíbrio social, em torno da melhoria de vida do homem e da preservação da natureza. Ao mesmo tempo, deve levar em conta, seu potencial turístico, desde que não seja um turismo destruidor, mas sim ecológico ou estruturado e de caráter cultural. Com essa extensa linha de raciocínio, não temos dúvida alguma em afirmar: a transgressão do Pontal de Atafona na foz do Rio Paraíba do Sul, no Oceano Atlântico, teve como causas principais a barragem ocasionada pela construção dos espigões já explicitados, bem como, o gravíssimo sangramento realizado, sem nenhum critério técnico–hidrológico–sedimentológico, na Elevatória de Santa Cecília, no município de Barra do Piraí - RJ.
3. RECOMENDAÇÕES As principais medidas a serem tomadas, para solucionar os problemas ambientais da região fluminense, que englobam os municípios banhados pelo Paraíba do Sul são: ⇒ Ampliar as redes de coleta e despejo de esgotos municipais, destinando-os a sistemas de tratamentos adequados, antes do lançamento aos cursos d’água; ⇒ Evitar lixões em áreas próximas aos cursos d’água, várzeas, zonas de recargas e zonas favoráveis à perfuração de poços, destinando os resíduos aos sistemas legalmente aprovados e em boas condições de operação e manutenção; ⇒ Obter uma fiscalização ambiental mais eficiente dos despejos líquidos industriais (metais pesados), nos despejos domésticos, dos portos de areia, desmatamentos, etc.. A sociedade deve ser informada dos problemas ambientais e buscar formas de participação na solução dos problemas apresentados; ⇒ Oficializar, protocolar e acompanhar os procedimentos dos órgãos fiscalizadores. Pode-se, de acordo com a gravidade do caso, oficializar ao Ministério Público, para uma ação judicial contra a agressão ao meio ambiente, denunciando, também, aos meios de comunicação e às ONGs – Organizações Não Governamentais Ambientalistas. Com isso, objetiva-se a criação de um sistema de gestão ambiental, um canal para discussão de políticas públicas municipais na área do meio ambiente, estimulando a troca de experiências e investimentos na capacitação dos agentes municipais. Como conseqüência natural de toda essa agressão ambiental, o Rio Paraíba do Sul, na sua foz, apresenta-se doente causando sérios problemas ambientais na praia de Atafona – RJ.
Por todo o exposto, o SOS ATAFONA e o CENTRO DE REFERÊNCIA DO MOVIMENTO DE CIDADANIA PELAS ÁGUAS EM ATAFONA propõem as seguintes metas: ⇒ planejar, adotar e auxiliar a execução de ações, programas e projetos destinados a promover e a acelerar o desenvolvimento sócio-econômico ambiental da sua foz; ⇒ incentivar programas ou medidas destinadas à recuperação, conservação e preservação do meio ambiente; ⇒ promover a integração de ações, programas e projetos desenvolvidos pelos órgãos governamentais e empresas privadas, objetivando a recuperação e preservação ambiental da foz do Paraíba; ⇒ apoiar e incentivar a educação ambiental e o desenvolvimento de tecnologias que possibilitem o uso racional dos recursos naturais; ⇒ participar da gestão dos recursos naturais em conjunto com outros órgãos; ⇒ promover formas articuladas de planejamento regional e local, criando mecanismos conjuntos para consultas, estudos, execução, fiscalização e controle de atividades que interfiram na qualidade ambiental da área em questão; ⇒ assessorar a adequação dos instrumentos legais de implantação da política ambiental municipal; ⇒ assessorar o município na elaboração do seu plano diretor; ⇒ assessorar tecnicamente o município na implantação de unidade administrativa ambiental, respeitando as peculiaridades locais; ⇒ participar diretamente do processo de avaliação de programas e projetos ligados ao meio ambiente; ⇒ assessorar, no aspectos necessários à gestão do sistema de meio ambiente, quanto ao desenvolvimento sustentável; ⇒ desenvolver projetos de engenharia, específicos para a área já degradada, objetivando uma solução adequada, que venha resolver o problema hoje existente, estancando o avanço do mar, redesenhando a nova praia. 4. Referências 􀂃 Técnicas: Engº. Sérgio Romero Lopes Costa Engº Vicente Ponce Pasini Júdice • Bibliográficas: Cailleaux, André - A Geologia Lamego, Alberto Ribeiro - O Homem e a Restinga Guerra, Antônio Teixeira - Dicionário Geológico–Geomorfológico Memória da Eletricidade -A História da Energia Elétrica no Rio de Janeiro Oliveira, Céurio - Dicionário Cartográfico Penteado, Margarida - Fundamentos da Geomorfologia Carlos AA. de Sá - Jornal S. JOÃO DA BARRA Direitos Autorais: SOS ATAFONA – Associação de Amigos Defensores de Atafona E-mail: serloc@mls.com.br São João da Barra/RJ, 07 de Julho de 1999
REGISTRADO SOB O N.º : SAA365/1999

TRIBUTO AO RIO PARAÍBA DO SUL

O Mês de março é o mês das águas. São João da Barra nasceu às margens do caudaloso rio Paraíba do Sul e seus filhos sempre deixaram mensagens de amor a este rio tão importante para a sobrevivência de toda a população sanjoanense. A Prefeita Carla Machado deu a sua importante contribuição histórico-ambiental criando por lei municipal n.º001/05 o dia municipal do Rio Paraíba do Sul que é comemorado todo dia 22 de março e todo ano há eventos para lembrar este importante dia. Vale aqui mencionar a poesia antológica do sanjoanense Antonio Braga que traz verdadeira declaração de amor a este rio que corre em nossas veias:

O Paraíba Beijando os lindos pés de minha terra, na sensação de calmo namorado, Ei-lo, sereno, e límpido descerra Um panorama muito bem traçado. Neste momento, o Paraíba encerra Um riso doce, trêmulo, dourado... Mas, quase sempre, nessas águas, erra Todo o gemido de um martirizado! Ah! Quanta vez o Paraíba, ameno, Sacia Nossa boca ressequida! -Bálsamo agora e logo mais veneno! Pois quanta vez, ele, tão cheio e forte, Devasta tudo, conduzindo a vida Aos solitários páramos da morte!...

Matéria publicada na coluna de André Pinto "ambientalmente" no Jornal Quotidiano Jovem, março de 2008.

ÁGUAS SANJOANENSES

Atafona - 1º Núcleo de povoação do Norte Fluminense Com relação às fontes de abastecimento de água, o município se encontra bem servido. Podem ser citados os rios Paraíba do Sul, as diversas lagoas (Grussaí, Iquipari, Açu, Taí, entre outras) como as principais fontes de água superficiais no município.
Além do uso para abastecimento residencial, esses recursos naturais também são utilizados a pesca, turismo, navegação e lazer. Entretanto, esses recursos têm sofrido nos últimos anos grande impacto causado pelo lançamento indiscriminado e descontrolado de efluentes domésticos (esgoto) e industriais, o que tem comprometido a qualidade de suas águas.
Como exemplo destes impactos, pode ser citado o evento que ocorreu em março de 2003 no Rio Paraíba do Sul, onde 1,4 bilhões de litros de rejeito da Indústria de Papel Cataguazes (soda caustica, cloro e lignina) foram derramados no córrego Cágado (MG), afetando a utilização de áreas terrestres marginais e da água não só neste córrego, como também nos rios Pomba e Paraíba do Sul.
Segundo relatório técnico elaborado por pesquisadores e técnicos da Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), no primeiro momento foi observado a mortandade de peixes, crustáceos e de animais silvestres e domésticos, devido a depleção completa de oxigênio dissolvido no meio e a alterações drásticas na físico-química da água (elevação de pH e concentração de solutos) o que levou a falência múltipla dos órgãos destes organismos.
Além do grande impacto na fauna, o derramamento provocou a interrupção por 10 dias na captação e distribuição de água nos rios Pomba e rio Paraíba do Sul em todos os municípios à jusante do córrego Cágado, atingindo a cerca de 600 mil habitantes em 8 municípios do Norte e Noroeste Fluminense.
O espalhamento do rejeito ao longo do litoral norte do Estado do Rio e sul do Espírito Santo também provocou o fechamento das praias para recreação e a proibição da pesca no litoral Norte Fluminense por 90 dias (portaria 16 de 3 de abril de 2003 do IBAMA). Especificamente no caso de São João da Barra, além da interrupção do abastecimento, as comunidades que vivem da pesca ficaram impossibilitadas de pescar, na época, por mais de 15 dias e até hoje sofrem os efeitos daquele derramamento, conforme estudos realizados por Carvalho et al. (2006), onde os autores avaliaram os impactos ambientais sofridos pelos pescadores. No que diz respeito às águas subterrâneas, o município é dotado de grande potencial para exploração. Conforme estudos realizados no passado pelo técnico Egmont Capucci da CEDAE e por Caetano (2000), São João da Barra é servido por diferentes aqüíferos (formação geológica capaz de conter água e ainda permitir que quantidades significativas se movimentem em seu interior em condições naturais).
No trabalho produzido por Capucci, denominado “Água Subterrânea na Baixada Campista”, o autor descreve a ocorrência do Aqüífero Terciário Formação Barreiras, que se estende por 2.645 km2, atingindo todo o território de São Francisco de Itabapoana e São João da Barra. Em São João da Barra é confinado e está sob pressão de espessa camada Terciária e Quaternária, o que lhe confere um caráter jorrante, como ocorre em poço localizado em Atafona, onde sua vazão média é em torno de 66m3/h. É interessante destacar a elevada potencialidade hídrica subterrânea no município, onde há o favorecimento para formação de bons aqüíferos. O aproveitamento dessa água pode ser feito a um custo mais baixo do que o da água superficial. Mesmo assim, ainda boa parte da população não recebe água encanada, consumindo água de qualidade duvidosa extraída de pequenas cacimbas, muitas vezes próximas da própria fossa e/ou sumidouro residencial, estando assim sujeita a contaminação. Capucci afirma em seu trabalho que o Município de São João da Barra é o único em todo o Estado do Rio constituído geologicamente por rochas sedimentares, com grande vocação hidrogeológica, podendo ser abastecido integralmente por água subterrânea, o que ficou demonstrado pelos resultados obtidos nos poços atualmente em operação nas localidades de Cajueiro, Atafona, Grussaí e Barra do Açu. FONTE: Plano Diretor Participativo.

domingo, 16 de março de 2008

ESCASSEZ DE ÁGUAS

Foto do riacho do Imbé, no Norte Fluminense, que já foi navegável e hoje está assoreado e comprometido.
O alarmante informe mundial sobre a água, divulgado oficialmente nesta quarta-feira pela Unesco, adverte os governos sobre a "inércia política" que só agrava a situação, marcada pela permanente redução dos mananciais do planeta, pelo alto grau de e pelo aquecimento global. O documento - prévia da discussão que deverá marcar o 3º Fórum Mundial da Água, entre 16 e 23 de março, em Kyoto, no Japão - tem como bandeira a ameaça de redução das reservas mundiais em cerca de um terço nos próximos 20 anos. O documento apresenta dois cenários sobre escassez. No primeiro, são 2 bilhões de pessoas sem água em 48 países. No segundo, mais pessimista, são 7 bilhões em 60 nações. Em 2050, a mundial estimada será de 9,3 bilhões de pessoas. O Nordeste brasileiro é mencionado nas duas projeções, embora o País possua 12% das reservas de água doce do planeta. "Embora o País tenha muita oferta de água, a distribuição não é ideal, tem muitas discrepâncias", diz o coordenador da área de da Unesco no Brasil, Celso Schenkel. Num ranking da Unesco envolvendo 180 países sobre a quantidade anual de água disponível per capita, o Brasil aparece na 25ª posição - com 48.314 m³. O mais pobre em água é o Kuwait (10 m³ anuais por habitante, seguida pela Faixa de Gaza (52m³) e Emirados Árabes Unidos (58m³). Na outra ponta, excetuando-se a Groenlândia e o Alasca, a Guiana Francesa é o país com maior oferta (812.121 m³), seguida por Islândia (609.319 m³), Guiana (316.698 m³) e Suriname (292.566 m³). Em todo o mundo, as serão responsáveis por 20% do aumento da falta d'água, diz o relatório. Não somente nas zonas propensas à seca, mas também nas áreas tropicais e subtropicais as chuvas devem ser menos intensas e menos freqüentes. O documento diz que, nos últimos 25 anos, uma série de conferências internacionais tem tratado da questão da ampliação da rede de abastecimento e saneamento. Mas, acrescenta o relatório, devido à "inércia dos dirigentes" não se chegou a "praticamente nenhum dos objetivos estabelecidos para melhorar a gestão dos recursos hídricos". Uma das metas assumidas pela comunidade internacional em 2000 e retificada em 2002, na Rio +10, em Johannesburg, é de se reduzir à metade a proporção de pessoas no mundo que não têm água potável e básico. No Brasil, 92,7% das residências têm rede da água potável segundo dados do Ministério das Cidades. "Mas no nordeste o sistema de abastecimento não consegue garantir água todo dia", diz o diretor da Agência Nacional de Águas, Benedito Braga. No que diz respeito à rede de esgoto, a situação é oposta. Apenas 37,7% dos domicílios estão ligados à rede de coleta. O resto é lançado nos rios e no mar. É essa - somada aos dejetos industriais - que está na base da crise da água. Atualmente, estima-se que haja 120 mil km³ de água contaminada no mundo - uma quantidade maior do que o total existente nas dez maiores baciais hidrográficas do planeta. Se o ritmo de não se alterar, o número pode chegar aos 180 mil km³ em 2050. Segundo a ONU, um litro de água com dejetos contamina oito litros de água pura. "De todas as crises sociais e naturais que os seres humanos devem enfrentar, a dos é a que mais afeta a nossa própria sobrevivência e a do planeta", afirma o diretor geral da Unesco, Koichiro Matsuura.
Fonte: Marcos de Moura e Souza, com agências internacionais. Site do Deputado Gabeira - http://www.gabeira.com.br/

sábado, 15 de março de 2008

BACIA HIDROGRÁFICA - HISTÓRIA

Apesar de se estender por uma área tão vasta, os diferentes trechos estaduais que compõem o vale do rio Paraíba do Sul, que recorta parte do território de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, no sudeste brasileiro, partilham uma história comum fundamental para o desenvolvimento da região.Estudos arqueológicos mostram que a região, no período pré-colonial, era ocupada por índios, na sua maioria das tribos Tupi e Guarani. Os vestígios encontrados refletem uma história de mais de mil anos, onde o impacto da população indígena na natureza não parecia ser significativo.Com a chegada dos colonizadores, e o início do ciclo do ouro em Minas Gerais (1600), o vale adquire uma importância estratégica como corredor comercial, aproximando o interior de Minas à costa paulista. O vale assistiu assim à construção das primeiras estradas e à formação de pequenos povoados que serviram de suporte aos comerciantes.Esta dinâmica comercial, nos finais do século XVIII, é substituída pelas culturas do café e da cana-de-açúcar, que se expandem por todo o vale. O cultivo do café deu início ao processo de desmatamento e à ocupação extensiva da bacia, determinando um processo de alteração drástica da paisagem regional. Rapidamente, a bacia do Paraíba tornou-se responsável pela quase totalidade da produção cafeeira do país. Em meados do século XIX, o solo começa a apresentar visíveis sinais de cansaço. Estes, aliados ao fim da escravatura e à crescente dificuldade de obter terras férteis, resultam no declínio da cafeicultura. Com esta mudança assistiu-se, por um lado, à expansão da criação de gado leiteiro, e por outro, a uma migração da população rural para áreas urbanas. A agricultura, praticada geralmente sem respeito pela capacidade de uso das terras, é pouco expressiva e representa uma das mais importantes fontes de poluição dos solos e das águas pelo uso descontrolado de fertilizantes e agrotóxicos. A cana-de-açúcar mantém-se a principal cultura na bacia, embora a sua produção comece também a entrar em declínio.A estagnação econômica e social resultante da crise do café e da cana-de- açúcar foi gradualmente superada através de um lento processo de industrialização baseado na boa infra-estrutura de transportes herdada da época áurea comercial. Com o início do século XX, a atividade industrial tornou-se o eixo de desenvolvimento da bacia. O processo de industrialização de São Paulo e a implantação, em 1946, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) na cidade de Volta Redonda/RJ permitiram a integração econômica dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, transformando a bacia num dos eixos de comunicação e desenvolvimento cruciais para a região e para o país, graças às condições excepcionais que oferecia – suprimento de água, energia suficiente, mercado consumidor e fácil escoamento da produção. A expansão e intensificação do desenvolvimento industrial exigiram a construção de novas rodovias, acelerada pela implantação da indústria automobilística, complementando assim o sistema viário já existente.
Fonte: Projeto Marca d'Água ( http://www.marcadagua.org.br/)

A BACIA DO RIO PARAÍBA DO SUL 2

A bacia do rio Paraíba do Sul situa-se na região sudeste do Brasil. Ocupa área de aproximadamente 55.500 km², estendendo-se pelos estados de São Paulo (13.900 km²), Rio de Janeiro (20.900 km²) e Minas Gerais (20.700 km²), abrangendo 180 municípios - 88 em Minas Gerais, 53 no Estado do Rio e 39 no estado de São Paulo. A área da bacia corresponde a cerca de 0,7% da área do país e, aproximadamente, a 6% da região sudeste do Brasil. No Rio de Janeiro, a bacia abrange 63% da área total do estado; em São Paulo, 5% e em Minas Gerais , apenas 4%. O ponto culminante é o Pico das Agulhas Negras ( 2.787 metros). O vale do rio Paraíba do Sul distribui-se na direção leste-oeste entre as Serras do Mar e da Mantiqueira, situando-se numa das poucas regiões do país de relevo muito acidentado, com colinas e montanhas de mais de 2.000 metros nos pontos mais elevados, e muito poucas áreas planas. A região é caracterizada por um clima predominantemente tropical quente e úmido, com variações determinadas pelas diferenças de altitude e entradas de ventos marinhos. A bacia situa-se na região da Mata Atlântica, que se estendia, originariamente, por toda a costa brasileira (do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul) numa faixa de 300 km . No entanto, somente 11% da sua área total é ocupada pelos remanescentes da floresta, a qual se pode encontrar nas regiões mais elevadas e de relevo mais acidentado. O rio Paraíba do Sul resulta da confluência, próximo ao município de Paraibuna, dos rios Paraibuna, cuja nascente é no município de Cunha , e Paraitinga, que nasce no município de Areias, ambos no estado de São Paulo, a 1.800 metros de altitude, percorrendo 1.150km até desaguar no Oceano Atlântico, no norte fluminense, na praia de Atafona no município de São João da Barra. Os principais afluentes ao rio Paraíba do Sul são: Pela margem esquerda: rios Jaguari, Paraibuna (MG/RJ), Pirapetinga, Pomba e Muriaé. Pela margem direita: rios Una, Bananal, Piraí, Piabanha e Dois Rios. Com relação à cobertura vegetal e uso do solo, 70% de sua área é formada por pastagem; 27% por culturas, reflorestamento e outros; e apenas 11% por florestas nativas (Mata Atlântica), que ainda subsistem em áreas da Serra dos Órgãos e dos parques nacionais da Serra da Bocaina e de Itatiaia. Há diversos fatores que contribuem para a degradação da qualidade das águas da bacia, tais como: a disposição inadequada do lixo; desmatamento indiscriminado com a conseqüente erosão, que acarreta o assoreamento dos rios, agravando as conseqüências das enchentes; retirada de recursos minerais para a construção civil sem a devida recuperação ambiental; uso indevido e não controlado de agrotóxicos; extração abusiva de areia; ocupação desordenada do solo; pesca predatória; entre outros. Com relação ao saneamento básico, a situação de degradação é crítica: 1 bilhão de litros de esgotos domésticos, praticamente sem tratamento, são despejados diariamente nos rios da bacia do Paraíba - 90% dos municípios da bacia não contam com estação de tratamento de esgotos. Aos efluentes domésticos somam-se 150 toneladas de DBO (Demanda Bio-Química de Oxigênio) por dia, correspondente à carga poluidora derivada dos efluentes industriais orgânicos (sem contar os agentes tóxicos, principalmente metais pesados). A carga poluidora total da bacia do Paraíba, de origem orgânica, corresponde a cerca de 300 toneladas de DBO por dia, dos quais cerca de 55% derivam de efluentes domésticos, e 45% industriais
Fonte: Fundação COPPETEC, 2001.

POETAS SANJOANENSES E OUTROS POETAS E SUAS POESIAS DE CUNHO AMBIENTAL PARA SÃO JOÃO DA BARRA

“Tenho saudade dos formosos lares Onde passei minha feliz infância, Dos vales de dulcíssima fragância, Da fresca sombra dos gentis palmares. Minha terra querida! Inda me lembro Quando através das névoas do ocidente O sol nos acenava adeus languente Nas Balsâmicas tardes de setembro. Lançava-me correndo na avenida Que a laranjeira enchia de perfumes... Como escutava trêmula os queixumes Das auras na lagoa adormecida. (...) Saudades - Narcisa Amália Poetisa sanjoanense x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x O RIO PARAÍBA Da serra da Bocaina até São João da Barra, onde o atlântico o sorve, onde o rumor bravio se lhe abafa da voz – monstro a levar na guarra troncos, pedras, o que acha em seu percurso – o rio margens de argila ou gneiss às suas águas dando, em chão do grés ou saibro, em plano, almarge ou gruta, longo se estende, ao sol, com cem vagas cantando o hino que o céu azul, sobre ele arqueada, escuta. Alberto de Oliveira (Do livro “Terra Natal”) Poeta Saquaremense. x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x A areia dorme Entre mandacarus Toda vermelha -ruas e casas- Está ensangüentada Com os espinhos de gravatá. Na cadeia, Entre grades de ferro, O preso sofre o tédio Do porto parado. Pedro Luis Masi ( “O estado” – Niterói, 20/10/1954) x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x MINHA TERRA É LINDA São João da Barra – minha terra amada- Pelo Paraíba, a deslizar, beijada, Mais além beijada pelo grande mar... Longe de seu seio, para o céu levanto Os meus olhos tristes, gotejando pranto, Nesta atroz saudade que me faz penar! Rio Paraíba, oh! rio majestoso, Para nessas praias, doce, desaguar... Se de longe vejo o deslizar das águas, Em distantes terras, pungitivas mágoas Enchem de tristeza todo o meu olhar!... Minha terra é linda! Minha terra é linda! Cheia de palmeiras, numa graça infinda, Numa linha reta – palmas verdes no ar... Minha terra é como uma gentil princesa, Tem painéis de luz e pompas de beleza, Fé-la DEUS com esmero, fé-la DEUS sem par! Praça da Matriz, ao Pôr do Sol, radiante, Cheia de andorinhas – bando chilreante, Bando azul nas torres a tagarelar... E pisando a grama do jardim da praça, Quantas moças lindas, de suprema graça, Qual buquê de rosas de ouro e de luar!... Atafona! Praia de gentis amores... Convivência!... Praia, lá dos pescadores Que nos seus barquinhos vão pro alto mar... Gargaú – Ó doce praia brasileira, Todas as semanas tendo a sua “feira” Tendo muitas moças de nos encantar! Minha terra é bela, em floração bendita, Fê-la DEUS singela, fê-la DEUS bonita, Pô-la ao pé do rio, pô-la ao pé do mar! Tecem-lhe as espumas em lençol de prata... O céu jorra estrelas, lembra uma cascata Onde a lua o corpo branco vai banhar! Antônio Braga Poeta sanjoanense (Do livro “Carícias e Cicatrizes” – poemas – 1959) X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X SÍMBOLOS (ANTE O MAR DE ATAFONA) A tempestade ronca e bufa pelo espaço Nem viv`alma na rua escura e lamacenta. De quando em quando um raio largo e enorme traço Incendeia a amplidão, maior faz a tormenta. Bem perto ruge o mar, aos pinchos – um palhaço! Cada vaga é um protesto e também se lamenta. E brama o Paraíba, em meio ao estardalhaço, Aumentando o tropel na planície opulenta. No meu peito, igualmente, em rosnidos insanos, Outra borrasca bufa e ronca, mal contida, Pelo amor que perdi na voragem dos anos. -amor que foi suplício, amor que inda é ternura, Amor que me arruinou a minha própria vida, Amor que aos poucos mata, amor que não tem cura! Isimbardo Peixoto (Atafona, S.J. da Barra , 1958) x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x Velho cais , a sonhar, Recompõe irretocáveis naves Que vinham sempre de muitos mares Metendo proa Paraíba-a-dentro, Ancorando grandezas... Dorme a cidade Seu sono Brasil-colonial Sob as carícias Do vento penteando o coqueiral... Pescadores, madrugadores, Lentos, se alongam pelo rio... A Ilha da Convivência, Orvalhada de graça primitiva, Afaga a correnteza Em frente à praia do Pontal. São João da Barra é uma visão bizarra, Uma saudade sempre viva Diante do porto morto. Jacy Pacheco (Nasc. em Monerá, Duas Barras-RJ) x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x HINO DE SÃO JOÃO DA BARRA Salve! Salve! Teu belo e rico templo Que marca e remonta oriundo Da luz no grande, vasto, ovante mundo, Pregando a fé e, dos Santos, o exemplo!... Por essa tão tamanha e Santa Glória Recebe, pois, um preito de alto amor, Rincão bendito de brilhante história, Que bem mostra da Pátria seu valor. Salve São João da Barra! Bradamos, Salve! Terra de flores como a dália, Formoso berço de Narcisa Amália, Salve! Salve! Bem alto, alto gritamos!... De riquezas mil, entre riba e riba, Ostentando paisagens singulares, Formando verdes ilhas, verdes mares, Corre ufanoso o nobre Paraíba!... Salve áureo centenário da cidade, Cidade toda orgulho sanjoanense, Clara estrela do céu fluminense De um passado brilhante de saudade! João Rodrigues Pinto ( Música de Eloy Motta) “A Evolução, de 2/7/1950” x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x

sábado, 1 de março de 2008

VOCÊ CONHECE OS DOIS ANTIGOS HINOS QUE SÃO JOÃO DA BARRA JÁ TEVE E O ATUAL? Veja abaixo os hinos de João Rodrigues Pinto, Aloísio Faria e Elza Cajueiro: HINO DE SÃO JOÃO DA BARRA Salve! Salve! Teu belo e rico templo Que marca e remonta oriundo Da luz no grande, vasto, ovante mundo, Pregando a fé e, dos Santos, o exemplo!... Por essa tão tamanha e Santa Glória Recebe, pois, um preito de alto amor, Rincão bendito de brilhante história, Que bem mostra da Pátria seu valor. Salve São João da Barra! Bradamos, Salve! Terra de flores como a dália, Formoso berço de Narcisa Amália, Salve! Salve! Bem alto, alto gritamos!... De riquezas mil, entre riba e riba, Ostentando paisagens singulares, Formando verdes ilhas, verdes mares, Corre ufanoso o nobre Paraíba!... Salve áureo centenário da cidade, Cidade toda orgulho sanjoanense, Clara estrela do céu fluminense De um passado brilhante de saudade! João Rodrigues Pinto ( Música de Eloy Motta) “A Evolução, de 2/7/1950” HINO DE SÃO JOÃO DA BARRA Nesta efusão de amor, que o solo teu me inspira, Quero, - ó berço de luz – louvando-te as belezas, Tanger, com devoção, as cordas desta lira, E no verso incolor cantar-te as mil grandezas. Amo-te , solo bom, que à beira-mar plantado, Ao doce marulhar das vibrações marinhas, Nos dizes da expressão dos dias do passado, Que fortalece tanto as esperanças minhas. Hei-de ver-te, bem cedo, em galas, altaneira, Pois que nos filhos teus, tão ciosos do teu nome, Eu sinto palpitar, vibrante e sobranceira, Essa têmpera audaz, que a luta não consome. Nada te falta a ti – ó sanjoanense berço! Para altíssimo vôo às plagas do progresso, Possuis, em profusão, riquezas de alto preço, Que te hão de permitir um promissor acesso. E crescerás, São João da Barra, para que a Pátria inteira, Orgulhosa e feliz, possa cantar-te os brilhos, Dizendo aos mais irmãos da Pátria brasileira Desta fibra incomum dos teus briosos filhos. Aloísio Faria (Do livro “Girândola de Ritmos – Campos, 1964)
HINO DE SÃO JOÃO DA BARRA
São João da Barra é minha terra De céu azul, beleza e mar Suas praias, seu povo alegre Sua história de orgulho sem par Tradição, talento, cultura Têm nesta cidade o seu lugar São João da Barra é progresso São João da Barra é amor Com trabalho faz seu sucesso Da união faz seu clamor Com o trabalho faz seu sucesso Da união faz seu clamor Quem vem de fora pode ver Que aqui a vida é prazer Nossas praças, crianças brincando Nossas bandas na rua tocando Com a fé do povo unindo gerações Deus ilumina os corações São João da Barra é progresso São João da Barra é amor Com trabalho faz seu sucesso Da união faz seu clamor Com o trabalho faz seu sucesso Da união faz seu clamor
Hino composto pela maestrina Elza Maria Cajueiro Mélo em homenagem ao 150 anos da cidade.