terça-feira, 18 de março de 2008

ÁGUAS SANJOANENSES

Atafona - 1º Núcleo de povoação do Norte Fluminense Com relação às fontes de abastecimento de água, o município se encontra bem servido. Podem ser citados os rios Paraíba do Sul, as diversas lagoas (Grussaí, Iquipari, Açu, Taí, entre outras) como as principais fontes de água superficiais no município.
Além do uso para abastecimento residencial, esses recursos naturais também são utilizados a pesca, turismo, navegação e lazer. Entretanto, esses recursos têm sofrido nos últimos anos grande impacto causado pelo lançamento indiscriminado e descontrolado de efluentes domésticos (esgoto) e industriais, o que tem comprometido a qualidade de suas águas.
Como exemplo destes impactos, pode ser citado o evento que ocorreu em março de 2003 no Rio Paraíba do Sul, onde 1,4 bilhões de litros de rejeito da Indústria de Papel Cataguazes (soda caustica, cloro e lignina) foram derramados no córrego Cágado (MG), afetando a utilização de áreas terrestres marginais e da água não só neste córrego, como também nos rios Pomba e Paraíba do Sul.
Segundo relatório técnico elaborado por pesquisadores e técnicos da Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), no primeiro momento foi observado a mortandade de peixes, crustáceos e de animais silvestres e domésticos, devido a depleção completa de oxigênio dissolvido no meio e a alterações drásticas na físico-química da água (elevação de pH e concentração de solutos) o que levou a falência múltipla dos órgãos destes organismos.
Além do grande impacto na fauna, o derramamento provocou a interrupção por 10 dias na captação e distribuição de água nos rios Pomba e rio Paraíba do Sul em todos os municípios à jusante do córrego Cágado, atingindo a cerca de 600 mil habitantes em 8 municípios do Norte e Noroeste Fluminense.
O espalhamento do rejeito ao longo do litoral norte do Estado do Rio e sul do Espírito Santo também provocou o fechamento das praias para recreação e a proibição da pesca no litoral Norte Fluminense por 90 dias (portaria 16 de 3 de abril de 2003 do IBAMA). Especificamente no caso de São João da Barra, além da interrupção do abastecimento, as comunidades que vivem da pesca ficaram impossibilitadas de pescar, na época, por mais de 15 dias e até hoje sofrem os efeitos daquele derramamento, conforme estudos realizados por Carvalho et al. (2006), onde os autores avaliaram os impactos ambientais sofridos pelos pescadores. No que diz respeito às águas subterrâneas, o município é dotado de grande potencial para exploração. Conforme estudos realizados no passado pelo técnico Egmont Capucci da CEDAE e por Caetano (2000), São João da Barra é servido por diferentes aqüíferos (formação geológica capaz de conter água e ainda permitir que quantidades significativas se movimentem em seu interior em condições naturais).
No trabalho produzido por Capucci, denominado “Água Subterrânea na Baixada Campista”, o autor descreve a ocorrência do Aqüífero Terciário Formação Barreiras, que se estende por 2.645 km2, atingindo todo o território de São Francisco de Itabapoana e São João da Barra. Em São João da Barra é confinado e está sob pressão de espessa camada Terciária e Quaternária, o que lhe confere um caráter jorrante, como ocorre em poço localizado em Atafona, onde sua vazão média é em torno de 66m3/h. É interessante destacar a elevada potencialidade hídrica subterrânea no município, onde há o favorecimento para formação de bons aqüíferos. O aproveitamento dessa água pode ser feito a um custo mais baixo do que o da água superficial. Mesmo assim, ainda boa parte da população não recebe água encanada, consumindo água de qualidade duvidosa extraída de pequenas cacimbas, muitas vezes próximas da própria fossa e/ou sumidouro residencial, estando assim sujeita a contaminação. Capucci afirma em seu trabalho que o Município de São João da Barra é o único em todo o Estado do Rio constituído geologicamente por rochas sedimentares, com grande vocação hidrogeológica, podendo ser abastecido integralmente por água subterrânea, o que ficou demonstrado pelos resultados obtidos nos poços atualmente em operação nas localidades de Cajueiro, Atafona, Grussaí e Barra do Açu. FONTE: Plano Diretor Participativo.

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