quarta-feira, 19 de março de 2008

PONTAL Atafona. Fim do mundo. Final da linha... Pontal. Atafona, assim é o mundo, assim é a vida, afinal. Tudo aquilo que começa um dia tem que acabar. Pontal, o tempo não pára e nem consegue voltar. Areia branca e macia sob um céu nem sempre azul. Pontal, final do caminho do Paraíba do Sul, do rio que é tão pequeno na montanha bandeirante e vem crescendo e crescendo e se tornando um gigante mas hoje, preso em represas, tão sujo, tão poluído, seu andar é preguiçoso, seu canto é mais um gemido. E nem mesmo onde se lança na sepultura do mar, nem mesmo aqui suas águas podem, enfim, descansar. pois o mar enfurecido, talvez pelo rio triste, como um guerreiro a cavalo, de espada afiada em riste, pelo galope das ondas, em golpes destruidores, avança contra as pequenas choupanas dos pescadores como se fossem culpados do sofrimento do rio. Pontal que já foi tão cheio. Pontal agora vazio. Pontal de tantas ruínas. Pontal que já não tem porto. Pontal que já foi tão vivo. Pontal agora tão morto. Pontal que escuta o soluço do rio na madrugada. Pontal que já teve tudo. Pontal que não tem mais nada. Pontal da areia macia sob um céu nem sempre azul. Pontal, pedaço mais triste do Paraíba do Sul... “PONTAL”: Poema de Antônio Roberto Fernandes

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