terça-feira, 1 de maio de 2012

DISSIPADOR DE ENERGIAS DO MAR DE ICARAÍ COMPLETARÁ 1 ANO E RESULTADOS SÃO PROMISSORES





MONITORAMENTO DE BAGWALL COM MODELOS MATEMÁTICOS FORAM PROMISSORES
Acabo de receber do engenheiro Marco Lyra, que também é correspondente deste blog com notícias do Nordeste,  a Nota Técnica  publicada em dezembro de 2011 pela Revista Científica Internacional Gestão Costeira Integrada Volume 11(4)  que explica o que acontece numa praia após a construção do Bagwall, uma espécie de dissipador de energias das ondas do mar. 
Segundo Marco Lyra, no próximo mês de junho/2012  será concluido 1 ano de monitoramento da obra do Icaraí, Caucaia, no Ceará. Os resultados até agora levantados são bastante promissores e comprovam tudo que foi escrito pelo engenheiro Marco Lyra na Nota Técnica constatando o monitoramento da obra, inclusive com modelagem matemática. Entretanto, os resultados só serão divulgados após a conclusão dos 12 meses de monitoramento da obra.

 Foto: Praia de Icaraí, em Caucaia, no Ceará, com o Bagwall. Foto do blog do Marco Lyra

Com exclusividade, o Blog de Andre Pinto traz na íntegra a Nota Técnica, até então só publicada pela Revista Científica Internacional Gestão Costeira Integrada, bastando o internauta clicar no link abaixo:
http://www.aprh.pt/rgci/pdf/rgci-302_Souza.pdf

No entanto, veja alguns trechos interessantíssimos da Nota Técnica abaixo:

Revista da Gestão Costeira Integrada 11(4):487-489 (2011)

Journal of Integrated Coastal Zone Management 11(4):487-489 (2011)

NOTA TÉCNICA / TECHNICAL NOTE

Recuperação de Praias com o uso do Dissipador de Energia Bagwall no Litoral dos Estados de Alagoas e do Ceará, Brasil *
Revista de Gestão Costeira Integrada / Journal of Integrated Coastal Zone Management 11(4):487-489 (2011)


"O ambiente litorâneo é complexo, extremamente dinâmico e de uma variação contínua no tempo e no espaço. Observando- se da praia para o mar, verifica-se o movimento caótico das ondas com suas alturas variando a cada avanço e recuo do mar, a intensidade do vento constantemente mudando de velocidade, grandes quantidades de areias se deslocando ao longo da linha de costa; tudo muda nesse ambiente em fração de segundos. Por outro lado, observando-se do mar para a praia, verifica-se o mesmo ambiente caótico, sendo a costa a região onde parece que todas as forças convergem. É como se a costa fosse um atrator caótico.

Dessa forma pode-se concluir que as praias e as zonas costeiras são as regiões onde se faz sentir a ação energética do mar sobre os continentes. É a costa o obstáculo no qual as ondas acabam por dissipar toda a sua energia.

No livro “Recuperação de Praias e Dunas”, Nordstrom (2010) aponta a necessidade de se buscar uma maior eficácia nas ações para encontrar soluções que tragam benefícios ambientais no controle da erosão costeira. É preciso atingir metas de recuperação de praias com a utilização de um novo conceito de naturalidade, buscando nas soluções de engenharia a reconstrução da paisagem natural.

Os benefícios ambientais obtidos com o uso do dissipador de energia Bagwall no litoral de Alagoas (Souza, 2008), uma obra de engenharia rígida utilizando formas geotêxteis preenchidas com concreto (Saathoff & Witte,1994, 1995), indicam a necessidade de se expandir a experiência para outras regiões.

A crescente demanda por obras de defesa costeira no litoral do Brasil e os resultados positivos obtidos nas duas primeiras obras realizadas com o uso do Bagwall no litoral de Alagoas, mais duas obras foram construídas no Nordeste do Brasil em condições geográficas, geológicas, morfológicas e hidrodinâmicas completamente distintas.

A presente nota revela os resultados positivos obtidos no controle da erosão costeira no litoral do Nordeste do Brasil com a construção de quatro dissipadores de energia de ondas Bagwall, indicando que sistemas dissipativos são fonte de ordem num sistema caótico (Prigogine, 1993).

Depois do “Caos”, não se pode negligenciar os fatores poucos significativos, pois é no ambiente caótico que pequenas alterações podem gerar grandes transformações, pondo a perder projetos ou planos não preparados para essas ocorrências (Baker & Gollub, 1990).

Na Teoria das Estruturas Dissipativas (Prigogine, 1997), todos os sistemas vivos, inclusive o universo, estão adaptados para uma capacidade intrínseca de auto-organização consciente. Segundo a lei da termodinâmica, qualquer sistema fechado está sujeito à desordem – processo conhecido como entropia.

A entropia pode ser definida como uma medida de trabalho organizado.

Um sistema com baixa entropia tem maior capacidade de organização do que um sistema com alta entropia. A entropia é menor nos sistemas abertos. Para um sistema ser aberto, ele tem de ser uma estrutura dissipativa. A dissipação revela o caráter auto-organizativo de qualquer sistema vivo e aberto. Ou seja, durante a entropia, para o sistema não morrer, ele deve se tornar uma estrutura dissipativa, permitindo que uma nova ordem surja – a ordem vem do caos! (Prigogine,2004).

As estruturas dissipativas são sistemas essencialmente evolutivos. Essa evolução requer tanto que um sistema esteja sujeito a mudanças, quanto que ele seja capaz de resistir a mudanças, na medida em que a capacidade de auto- organização de um sistema exige que ele mantenha, até certo ponto, a sua estrutura. Assim, um sistema dissipativo, para ser capaz de evoluir, deve ser suficientemente flexível,"

"Após a instalação do Bagwall nos locais com forte processo erosivo, o sistema interage de maneira que a incidência do trem de ondas sobre as paredes do dissipador forma ondas reativas, que reduzem a velocidade de impacto do trem de ondas subsequente, promovendo a deposição de sedimentos no local e aumentando o atrito na camada de fundo."