sábado, 26 de abril de 2008

DIA 29 DE ABRIL - DIA INESQUECÍVEL PARA A COMEMORAÇÃO DA VIDA DE ANDRÉ PINTO

Neste dia 29 de abril,
eu posso comemorar o meu novo aniversário. Nasci de novo.
Jesus disse: " Eis que faço novas todas as coisas..." Explico melhor: Neste 29/04/08 completa um ano que eu tive um grave acidente de carro na BR 101, por causa da imprudência e negligência de uns estúpidos que, após uma boa farra de pescaria, regada a muita cachaça, cerveja e peixe frito, (foi o que a Polícia Rodoviária Federal encontrou no carro deles após o acidente) resolveram entrar na contra-mão do 1º trevo de Macaé (de quem vai de Campos para o Rio) e seguiram em frente rumo ao carro em que eu estava com meu concunhado. O resultado daquela noite de domingo 29/04 às 20 horas foi simplesmente desastroso. O acidente parou por meia hora a BR 101. Foram mobilizadas 03 UTI`s móveis, 01 carro do corpo de bombeiros, 02 carros da Polícia Rodoviária Federal e vários outros carros que estavam de viagem e que pararam para ver os estragos da trombada de frente entre um Voyage (dos “Pescadores”) e o Escort Guia (que eu estava no carona com meu concunhado Diógenes). Total de envolvidos : 05 pessoas.
Para se ter uma idéia do impacto da batida, o Escort teve o kit gás de 15 libras da mala traseira ejetado para frente e só parou em nossas costas, onde bateu nas poltronas dianteiras. Levávamos na mala nossos pertences bem como várias dúzias de bananas que se espalharam pelo interior de todo o veículo com a pressão da batida. Meu celular minha agenda de telefones sumiram do mapa. Aberto como se abre um “repolho” ao meio, o motor do Voyage saiu rasgando a cabine e foi parar na mala traseira do carro dos “pescadores” e daí se vê o estrago da batida.
Como eu estava no Escort, dormindo no banco do carona, com cinto de segurança, é claro (o que salvou a minha vida e a de meu amigo), só acordei por que o meu cunhado endireitou o meu corpo que estava caído próximo ao ombro dele e me disse: -André, André, acorda, batemos de carro, não foi culpa minha, não foi culpa minha...
Ninguém pode imaginar o que é a pessoa tirar um sono na viagem e acordar em meio a gritarias, pedidos de socorro, falta de ar, dores no corpo e não saber o que houve por alguns instantes.
Acordei com falta de ar, dormência no braço esquerdo e não consegui retirar a trava do cinto de segurança e pedi, com muita dificuldade, a ajuda de Diógenes, que estava com a boca e nariz sangrando muito por ter batido o rosto no volante e estar com o pé direito preso entre os pedais do freio e embreagem (a porta dele ficou toda travada).
Muita gritaria na estrada, alguns dizendo que o kit gás do Escort que estávamos iria explodir, outros dizendo que os carros iriam incendiar a qualquer momento e a gente preso nele. Nesse momento apareceu um curioso dizendo que o socorro já tinha sido acionado. Eu fiquei alguns minutos sem respirar direito, com muita dificuldade de falar, e para sair a palavra “socorro” foi uma ginástica.
A velocidade da batida pode-se estimar a 100km por hora cada carro e com o impacto, o meu corpo (que pesa 110 quilos) não teve qualquer resistência em evitar que eu fosse arremessado para frente e aí, o cinto de segurança fez todo o trabalho, me deixando apenas uma grande faixa roxa no tórax pela força de tração exercida. O Diógenes ainda me disse que no pára-brisa dianteiro, do lado do carona onde eu estava ficou a marca de uma cabeça (um bolheado para fora). Como pode isso se eu não tive nenhum corte na cabeça?
Quando a gente vai tomando conta da situação, eu senti que o caso era grave. Não conseguia mexer a minha perna esquerda, além do mais o painel do carro estava todo na minha barriga, todo solto. O vidro do pára-brisa dianteiro estava todo trincado, mas não quebrou em nós. Senti que meu fêmur estava com uma ponta para fora de minha coxa. Mantive a calma e apliquei as técnicas de primeiros-socorros que aprendi no Curso Técnico de Turismo do CEFET/Campos que foi realizado em São João da Barra. Evitei me mexer na poltrona e fiquei com o meu pescoço imóvel no encosto da poltrona, mas gemendo à meia altura.
Um outro rapaz que passava no local nos disse que o caso dos outros feridos era mais grave que o nosso e que com a gente a situação estava controlada. Os carros de UTI chegaram em apenas 08 minutos e para minha surpresa fui socorrido por um colega de Curso de Turismo da UNOPAR chamado Alex ( De Campos dos Goytacazes), que é anjo do asfalto a algum tempo e já salvou muitas vidas. O seu companheiro Gideão (de Conceição de Macabu) também foi "10" no socorro.
Na retirada do painel do Escort de cima de minha barriga também foi verificado que além da fratura exposta de meu fêmur, eu estava com fratura exposta do tornozelo esquerdo, este último “jorrando” sangue no tapete do carro e o meu pé todo dobrado para o lado de dentro, lembrança que me arrepia até hoje.
Nos chega a notícia, ainda no carro, que um dos três ocupantes do voyage havia morrido nas ferragens e aí a tensão aumentou.
No entanto, Fomos resgatados com êxito, pois os procedimentos dos anjos do asfalto são excepcionais e fomos levados para a UTI do HPM (Hospital Público de Macaé) onde fiquei por uns 40 minutos agonizando em uma maca, semi-nú, com muito frio e dor. Confesso que os médicos do HPM foram solícitos, pois naquela noite tinha havido vários acidentes com motos e carros e a emergência estava um caos, mas como eu tinha duas fraturas expostas e o acidente era proveniente da BR 101, acabei tendo prioridade. Que sorte. Fiz vários exames, para não dizer mais de 15. O alívio maior foi quando tomei a injeção de RAC, já na mesa de operação e ficou tudo adormecido e quentinho da cintura para baixo. Depois de furadeiras, serras e costuras, como se estivesse numa linha de produção, fiquei internado por 14 dias.
No dia seguinte à operação, nos corredores do HPM, tive a visita de minha amável esposa Maysa Inês, minha mãe, meu irmão, meu primo, sogro de meu irmão, e meu sobrinho.
Fiz muitas amizades no HPM, desde médicos, enfermeiros e pacientes. Chorei muito, tive bastante dor, ri para valer com algumas travessuras de meus colegas internados, que eram impossíveis.
Depois de longos 14 dias, tive alta e rumei para minha querida São João da Barra. Foi a maior festa na chegada. Teve até balão de encher e faixa. Fiquei bem acomodado na casa de minha sogra Maria Rita que me deu todo apoio e meu sogro José Jorge que não mediu esforços para a minha recuperação. Para resumir... Fiquei até o mês passado usando muletas. Fiz uma operação recente com o meu médico Dr. Douglas (da Santa Casa de misericórdia de São João da Barra) para a correção da fíbula (enxerto ósseo) e agora estou refazendo os planos para nova fisioterapia. Já estou trabalhando e falta pouco para voltar a andar normalmente. Devo muito à minha esposa Maysa Inês, uma mulher fora de série que manteve-se firme nesta trágica luta de recuperação. A minha fisioterapia foi 10 também. Tive como fisioterapeuta nada menos do que o Dr. Igor Cardoso, sanjoanense, Campeão Brasileiro de Karatê pelo Clube do Vasco da Gama, que me incentivou bastante e me fez recuperar toda a massa muscular que estava definhada. Deixo aqui o meu relato para que outras pessoas possam ter forças para recuperação de qualquer acidente, principalmente os acidentes de trânsito. Confie em Jeová DEUS, confie em você e aceite todo o tipo de ajuda. Você vai sair dessa como eu estou saindo!!! É uma pena que a BR 101, principalmente no trevo de Macaé, onde eu bati, continue a tirar vidas de pessoas inocentes, pais de famílias e trabalhadores e que nada é feito após estes acidentes. Que venha a duplicação da estrada logo e que os pedágios que serão instalados sirvam para colocar ordem naquela “rodovia da morte”. Em pensar que eu participei de um movimento de paralização da BR 101 promovida pela Ong Cidade 21 e Grupo Vida, no Shopping Estrada, anos atrás, e acabei me tornando vítima dela... Chego a conclusão de que ninguém está isento de morrer naquela rodovia – viajar nela... é uma questão de sorte somente. Abraços André Pinto OBS: Gostaria de agradecer a todos que me ajudaram na recuperação, sem citar nomes, pois poderia esquecer de alguém e cometeria injustiças, desde os anjos do asfalto; diretor, assistente social, médicos e enfermeiras do HPM; Prefeita, Secretária de Saúde e assessora da PMSJB, motoristas da PMSJB, motorista de ambulância da PMSJB, médicos e enfermeiros da Santa Casa de S. J. da Barra, parentes e amigos, enfim a todos que estiveram comigo durante a recuperação.