segunda-feira, 16 de maio de 2011

LIVRO FRANCÊS CONTA A HISTÓRIA DE GRUPO INDUSTRIAL QUE CONSTRUIU A USINA BARCELOS E A TORRE EIFFEL

Livro francês fala da Fábrica Fives - Lille, em Givors, França, que construiu, entre tantas obras de engenharia, a Usina Barcelos, Elevadores da Torre Eiffel e a Ponte Eduardo III, em Paris.

Foto panorâmica e antológica da Usina Fives-Lille, em Givors, França, que construiu os maquinários e estruturas da Usina Barcelos, em São João da Barra. Crédito da foto: internet - panoramio.

MATERIAIS DE PRIMEIRA: PEÇAS DA USINA BARCELOS E TORRE EIFFEL FORAM FEITAS NA MESMA FÁBRICA

O saudoso escritor sanjoanense, João Oscar, em sua obra intitulada "Escravidão e Engenhos", de 1985, menciona claramente como se deu a criação do Engenho Central de Barcelos. Ele menciona, inclusive, que o engenho foi montado pela Usina francesa Fives-Lille, cuja inauguração ocorreria em 23 de novembro de 1878, com a presença de D. Pedro II, da Imperatriz e de outras personalidades, tais como o senador Sinimbu, Presidente do Conselho de Ministros, conselheiro Andrade Pinto, ministro da Marinha, Visconde de Tamandaré, Duque Estrada Meyer, Visconde do Bom Retiro, marechal Beaurepaire Rohan, Barão de Maceió, Visconde do Itabapoana, 2º visconde de Araruama, Leon Alexis Noel, representante do governo francês, Dr. João José Carneiro da Silva, TTe. Cel. Joaquim Antônio lobato de Vasconcellos, historiador Fernando José Martins, jornalista José do Patrocínio, relator da Gazeta de notícias, etc.

 Obs. A Fives Lille existe até hoje, com outras nomenclaturas e fusões, inclusive com site na internet, mas a nossa Usina Barcelos infelizmente deixou de moer cana... Bem, quem sabe o Grupo Fives, da França, não entra em acordo com o grupo Othon, do Brasil, para adquirir este grande "museu" da Usina Barcelos que é abrigo da história da Cana-de-açúcar no Norte Fluminense!? Sonhar não custa nada...

UM PERFIL DA USINA BARCELOS EM 1916

FOTO 1: MOENDAS - TRÍPLICE PRESSÃO COM KRAGESC 

FOTO 2: CENTRÍFUGAS - TURBINAS
FOTO 3: APARELHOS DE CRISTALIZAÇÃO - VÁCUOS  

POSIÇÃO TOPOGRÁFICA- está situada à margem direita do rio Paraíba do Sul, a dezesseis quilômetros da bela cidade de Campos pela estrada de rodagem, e a quinze quilômetros pela estrada de ferro Leopoldina Railway Company (ramal de S. João da Barra). Em frente à usina está situada a estação Barcelos.
 
FUNDAÇÃO - foi fundada em 1877 pelo Barão de Barcelos, e é uma das mais antigas do Brasil. Estiveram presentes à festa inaugural, que foi soleníssima, o imperador D. Pedro II, a Imperatriz Thereza M. Christina, as demais pessoas da Família Imperial e a sua comitiva. Revestiram-se de tanto esplendor os festejos, que constituíram um dos maiores acontecimentos da época.
 
CAPACIDADE - sua capacidade primitiva era de 35.000 a 40.000 sacos; mas durante 39 anos, tem sido renovada e modificada várias vezes, até chegar à capacidade atual, calculada em 90.000 a 100.000 sacos, de 60 quilos cada um. Há uma parte predial do estabelecimento fabril relembrando a época da inauguração e os primeiros tempos que se seguiram.
 
CONSTRUÇÃO - A construção é de ferro e alvenaria, com amplitude suficiente para comportar toda a moderna aparelhagem que a fábrica possui, como se vê, à luz da respectiva descrição ilustrada. Consta de vários corpos, que se destinam as suas seções competentes, formando uma área total de superfície coberta de 2.823 metros quadrados.
PLANTAÇÕES - a fábrica é possuidora de diversas fazendas limítrofes entre si e a usina, com uma superfície total de 1.040 alqueires de 100 braças por 100, equivalente a 5.033 hectares. Uma considerável parte das terras é aproveitada na lavoura de canas, de diferentes qualidades e as restantes servem para pastagens, criadouro, e contém matas de que se extraem grande quantidade de combustível para as fornalhas da fábrica.
 
TRANSPORTE - pertencem à usina 22 quilômetros de linha férrea, bitola igual a da Leopoldina. A lina tem seus desvios necessários e constitui, pelo seu tráfego, o maior movimento agrícola das propriedades (as Fazendas) da firma e de particulares (colonos). 75 vagões, de 06 a 12 toneladas e 3 locomotivas, fazem o transporte da lenha, da cana e de seu produto, já por nossas linhas, já pelas da Leopoldina, com a qual existe contrato de tráfego ligado à Estação Barcelos (ramal da Estrada de Ferro).
 
USINA - é movida a vapor por meio de 4 geradores e tem uma capacidade total de 500 metros quadrados de superfície de aquecimento. Consome lenha e bagaço; a lenha na proporção de 36 metros cúbicos em 24 horas. A tiragem das fornalhas dos citados geradores, é feita por uma grande chmainé de alvenaria, com 40 metros de altura. Devemos dizer que o combustível que se emprega nesta usina, bem assim em Dores e Santo Antônio, propriedades da firma, é extraído, em pequena proporção das fazendas próprias, da planície de Campos, e, em grande proporção das fazendas, também próprias, do importante ramal de Carangola; a lenha vem, não só por via terrestres, pelo tráfego de seus ramais ligados aos da Leopoldina, ou por via fluvial, do rio Muriaé e do Paraíba.
 
MOENDAS -A grande moenda, de tríplice pressão, tem onze cilindros de 30 x 54 polegadas, com capacidade para 450 toneladas de cana durante 24 horas. A primeira fase consta de dois cilindros em forma de zig-zag, que prepara as canas para entrarem no primeiro grupo de três cilindros (pressão), passando o bagaço para o segundo grupo (repressão) e deste para o terceiro e último (tríplice pressão). O transporte entrew os grupos aludidos é feito por esteiras mecânicas, de aço flexivel, que descarregam o bagaço do último grupo de moendas, conduzindo-o a um aparelho que o distribui, automática e proprocionalmente, ás 4 fornalhas correspondentes aos geradores. Esta moenda é acionada por uma máquina a vapor de 300 cavalos, convenientemente provida das engrenagens necessárias e aperfeiçoadas. O caldo extraído das moendas na proporção de 77% sobre o peso da cana é sulfitado, depois de passado por um esquentador, e distribuído pelos 8 defecadores instalados no terceiro plano da fábrica. Uma vez defecado e conduzido por meio de bomba aos classificadores e destes aos filtros de areia - sistema Daneck. que em número de 6 estão instalados no 2º plano, as espumas do mesmo caldo são transportadas para 2 grandes filtros prensas de 60 metros quadrados de superfície cada um, instalados na parte baixa, onde sofrem o processo de pressão, por meio de uma poderosa bomba automática, saindo por um lado o caldo limpo e por outro as impurezas em forma de massa compacta aproveitável como adubo químico de primeira ordem.

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