SÃO JOÃO DA BARRA CONTINUA ASSIM?

Porque hoje é domingo, vai mais uma crônica inesquecível que precisa ser divulgada neste espaço, por obra do escritor sanjoanense Elvo da Graça Raposo: "São João da Barra São João da Barra é uma cidade diferente. Diferente e adorável. É a cidade que eu amo. Não tem , no seu dia a dia, a agitação e a pressa que enfeiam e caracterizam outras cidades. Nem a impaciência, ou a neurastenia de outras plagas. O seu povo bom, calmo e comedido é sempre um exemplo edificante de educação e cordura. Jamais se viu ali a sofreguidão e a ansiedade, muitas vezes por nada, que se vêem em outros lugares. Não há disputas, nem empurrões. Não há a terrível preocupação de ser mais que o seu semelhante e de, aos safanões, passar a frente de outrem. Há contentação individual e coletiva. Há consciência natural dos direitos e de deveres de cada um. Há educação. Dir-se-ia que a brisa que sopra, permanentemente dos lados de Atafona, é um bálsamo para os nervos, acalma o espírito e faz aflorar, em cada qual, a mais franca cordialidade, o desejo de ser útil e agradável ao seu semelhante. Ali não se vê violência, coisa que sobra em outras terras. O povo tem sua alma voltada para a alegria, os folguedos, só pensando nas coisas agradáveis e construtivas da vida. É um povo que sabe fazer sua felicidade. É sempre nostálgica saudade que hoje, já avançado na idade, recordo os meus tempos de criança em São João da Barra. Pés descalços, andando naquelas ruas ainda sem calçamento, luz elétrica precária, o que valia, mesmo, para nós, crianças, era a inconsequência do momento, os banhos no rio Paraíba, onde aprendi a nadar, eram as partidas de futrebol com bolas, às vezes de couro, às vezes de borracha, ou de meia, o que houvesse. O que valia eram brincadeiras de "pique", "correinha atrás", "Bento que Bento é o frade" e tantas outras, todas divertidas e inocentes, que nos enchiam a alma e nos preparavam , sem sabermos, para os duros embates da vida de adultos, que iríamos ter de enfrentar mais tarde." Elvo da Graça Raposo Escritor sanjoanense 1998. "Os Dias e as Horas - Trovas e Crônicas"