quarta-feira, 8 de setembro de 2010

RANULFO VIDIGAL - ENTRE REDES, NÓS E INTERCONECTIVIDADES

Ranulfo Vidigal

Uma revista brasileira de circulação nacional identificou as cem cidades médias brasileiras que puxam o crescimento da economia capitalista brasileira. No Estado do Rio os destaques são Resende, pela indústria automobilística; Cabo Frio, em função do potencial turístico; Angra dos Reis, pelas instalações energéticas e Campos pelo petróleo.

O estudo aponta ainda que planejar o futuro, buscar autonomia econômica, capacitar sua mão de obra, investir em infrae-estrutura econômica e social e resolver os problemas do trânsito seriam os grandes desafios futuros destes municípios.

A literatura mais recente destaca o estudo das redes urbanas, em função de sua crescente importância para a integração territorial e dos mercados. Redes encerram em si relações de poder, na medida em que a presença de malhas, redes e nós no território permitem, a certos atores dominantes, o exercício de seu poder concreto.

Uma primeira dimensão da rede refere-se à questão organizacional abrangendo os agentes sociais envolvidos, a origem, a natureza dos fluxos, a função e a finalidade da rede. Em paralelo temos a dimensão temporal – que inclui a história- e envolve a duração da rede, a velocidade com que os fluxos nela se realizam, bem como a freqüência com que a rede se estabelece e finalmente a escala, a forma espacial e a conexão das redes geográficas.

Com o fenômeno recente da globalização e as novas conexões que o norte fluminense terá, a compreensão adequada das redes torna-se crucial, especialmente levando-se em consideração a necessidade de tornar inteligível organização espacial na qual as grandes corporações multifacetadas e multilocalizadas e o crescente fluxo de informações passam a constituírem-se componentes-chave.

Estamos diante de uma nova geografia global sintetizada no mundo dos fluxos transnacionais e de interconexões globais na quais não haveria escapatória, ou seja, as novas tecnologias de comunicação abrem possibilidades para que os fluxos de informação, conhecimento, idéias e instruções possam circular através das conexões mundiais.

Na visão do autor Manuel Castells, rede é um conjunto de nós interconectados. Nó é o ponto no qual uma curva se entrecorta. Como exemplo citaria o mercado de capitais na rede de fluxos globais, ou outros tipos de estruturas que invadem as economias, sociedades e Estados ao longo do mundo.

Neste contexto, cidades globais não são apenas o lócus dos serviços, no sentido dado pela teoria dos lugares centrais, mas um complexo único monopolizador de conhecimento que são facilmente reproduzíveis em outras partes do planeta.

Diante destes desafios nossa região precisa evoluir para uma nova estrutura de governança onde deve se sobressair a co-participação, o envolvimento dos governados, na busca de um desenvolvimento sustentável, tanto social, quanto e econômico e ambiental.

Portanto, as novas regras do jogo diante da nova configuração produtiva que se avizinha exige planejamento participativo, capacitação e educação cidadã, associadas a uma rede de proteção social que não abandone os que não vão podre entra no reino da geração de renda, emprego e consumo em escala planetária.

Economista

Fonte: O Diário.