domingo, 12 de setembro de 2010

UM DOMINGO PARA RECORDAÇÕES DO SAUDOSO JAIR RAPOSO

Gravura antológica do livro "Sertão Carioca", de Armando Magalhães Corrêa. Ilustração de um Tendal de se fazer esteiras na Pavuna.
DEITADO NUMA ESTEIRA DA MEMÓRIA SANJOANENSE Neste domingo de muito vento, no descanso de uma tarde calma da Rua dos Passos, pude relembrar, deitado numa legítima esteira, as histórias e "estórias " deixadas por escrito pelas mãos do saudoso Jair Raposo. Entre as passagens de suas anotações, as antigas brincadeiras de criança (num tempo que não existia internet) como a do "velho barbudo" e "quero ir pro céu", entre outras. Jair Raposo também deixou escrito com maestria o período de decadência da navegação sanjoanense, o início da estrada de ferro Leopoldina Railway e também o início da indústria informal do palhão em São João da Barra. A riqueza de detalhes é impressionante! Foi um domingo de volta ao passado! Não deixemos que os palhões sejam extintos e que tenhamos em mente que as tabuas de nossos brejos sejam conservadas. Veja um pequeno trecho de seu relato sobre o palhão em São João da Barra, nos idos de 1920/30: "O palhão tinha feitio do litro, do meio-litro, da garrafa, da maia-garrafa, etc. Era uma embalagem que protegia o casco de vidro para viagens longas. sua matéri-prima era a tabúa, encontrada com fartura nos brejos daqui. Crescia para cima, atingindo mais de 2 metros, por 3 cm de largura. Uma vez colhida no brejo, era espalhada na relva por 08 à 10 dias para secar toda a água que guardava. As palhas mais viçosas e resistentes, eram cortadas em tiras finas e aproveitadas para se fazer fio. Após elas serem bem enroladas e retorcidas, enchiam os cambitos para a construção do palhão. Havia um tear rudimentar, onde se colocavam 4 cambitos carregados de fio para costurar o palhão. Havia artesãos que cortavam a palha já no tamanho do palhão e esteava ao fundo do tear, visando facilitar o seu trabalho. Tanto adultos como as crianças, todos faziam palhões. Famílias inteiras se dedicavam a esse artesanato lucrativo, oportuno e que amenizava as despesas de casa. A família que primeiro se destacou na fabricação de palhões foi a família Pomada." A minha saudosa bisavó, Reclina Amaral, frequentou muitos brejos à procura de tabúa para palhão no intuito do sustento de sua família. Tempos difíceis aqueles...

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