domingo, 3 de agosto de 2008

AS BALEIAS E A COSTA MARÍTIMA SANJOANENSE

* Por André Pinto
No final do mês de julho deste ano de 2008, a equipe de fiscalização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos de São João da Barra - SEMASP - esteve na praia do Açu para verificar uma ocorrência de aparecimento de restos mortais de uma baleia jubarte adulta, que foi rebocada para a areia da praia e em seguida enterrada em local que ficou demarcado para futuras pesquisas.
Vale lembrar que a costa sanjoanense é local de incidência do aparecimento de baleias e algumas delas aparecem mortas em nosso litoral sem causa aparente ou não diagnosticada por vários fatores. Desde o ano 2000 o número de aparecimento de baleias, golfinhos e tartarugas em óbito nas praias vem aumentando, segundo investigação nos jornais locais e da região. (Veja também informações sobre aparecimento de baleias no Norte Fluminense no endereço : http://www.quissama.rj.gov.br/content.asp?cc=1&id=738)
Pelo menos três espécies de grandes baleias utilizam-se das águas da Bacia de Campos como área importante para seu ciclo de vida. São Elas: a baleia jubarte, a baleia-franca e a baleia-de-bryde.
As baleias jubarte estão presentes na Bacia de Campos sazonalmente, ou seja, entre junho e novembro. Já as baleias-franca ocorrem registros em agosto e setembro. As baleias-de-bryde, ao contrário das outras duas fica em águas quentes o ano inteiro, onde se alimenta e se reproduz.
OS IMPACTOS
O habitat costeiro está moderadamente impactado por atividades humanas. As principais ameaças são a cptura acidental em redes de pesca, a degradação do ambiente marinho, a poluição química e sonora, o aumento do tráfego de embarcações e a sobrepesca dos estoques de peixes como sardinhas e manjubas que servem de alimento para as baleias,m principalmente as baleias-de-bryde.
A partir de informações preliminares coletadas na Bacia de Campos, a baleia-jubarte, pode ser considerada espécie mais provavelmente afetada pelas atividades offshore em pelo menos três maneiras: alto nível de sons de baixa frequência, aumento do tráfego de embarcações em uma dada área e perda do habitat devido aos efluentes de produção e perfuração.
As rotas de migração da jubarte ao longo da costa sudeste coincidem, em grande parte, com a área de exploração de petróleo denominada Bacia de Campos. Observações preliminares indicam reações adversas das baleias-jubarte em relação aos navios e estruturas de perfuração e produção offshore.
Apenas estudos a longo prazo poderão determinar precisamente as possíveis consequências das atividades de petróleo sobre os cetáceos, tartarugas e aves marinhas.
MEDIDAS MITIGADORAS QUANTO A DRAGAGEM DO CANAL MARÍTIMO DO PORTO DO AÇU
Em reunião realizada pela LLX e Ecologus no final de julho deste ano, na Pousada Rei Sol em Cajueiro, para apresentação de prestações de contas sobre a dragagem marítima do porto do Açu, coloquei a questão em evidência. Solicitei ao corpo técnico da Ecologus e a própria LLX que se colocassem biólogos no navio-draga, de julho à setembro (pico de aparecimento de baleias) para monitorar o aparecimento destes animais marinhos e que estabelecessem um raio de exclusão para que evite maior aproximação do navio com estes animais marinhos.A solicitação foi colocada em ata e vamos aguardar as providências.
O QUE VEM A SER BALEIAR?
Baleiar ou observar baleias é o lazer preferido de centenas de turistas que chegam para a temporada das jubartes, entre julho e novembro, quando elas migram para Abrolhos. A cada ano, o instituto Baleia Jubarte - uma organização não governamental, criada em 1996 com sede em Caravelas, que desenvolve diversas ações na região - registra a presença das baleias cuja população já ultrapassou mil animais na área de Abrolhos.
Mais conhecidas como baleias-cantoras ou baleias-corcundas, a jubarte encanta pela docilidade com que se aproximam das embarcações, encenando várias acrobacias mirabolantes e emitindo sons audíveis por microfones submersos que pressupõe a dança do acasalamento.
Todos os anos, elas percorrem 5 mil quilômetros, a partir da Antártica, em busca das águas mornas,rasas e cristalinas do extremo sul da Bahia. As baleias Jubarte (megaptera novacangliac), fogem do inverno rigoroso e das águas geladas da Antártida para passar o tempo de reprodução e cria no mar de Abrolhos.
Esses mamíferos, que quase foram extintos da costa atlântica brasileira, passaram a ser preservados por força do decreto lei nº 7.643, de 18 de dezembro de 1987, que proibiu a caça, captura e qualquer forma de molestamento em águas brasileiras. Hoje, as baleias são internacionalmente protegidas através de acordo firmado entre paises membros da comissão baleeira internacional.
As Jubarte tem um comportamento diferenciado. Elas veem em busca de águas rasas e mornas para procriar e amamentar seus filhotes que nascem com até duas toneladas, e chegam a consumir de 100 a 400 litros de leite por dia. As baleias Jubarte são uma das maiores do planeta e, quando adultas,podem medir até 15 metros e pesar 30 toneladas.
Durante o tempo que passam migrando as Jubarte não se alimentam e, no arquipélago, estão protegidas de seus principais predadores; as baleias Orca, que habitam águas mais frias e são raras na região dos recifes de corais.
ARQUIVO DE FOTOS DE BALEIAS NA COSTA SANJOANENSE
Aparecimento de Baleia Jubarte no Açu em 2004
Aparecimento de Baleia Jubarte filhote na praia do Açu, São João da Barra em 2006.
Bibliografia consultada: Bacia de Campos - Cartilha de Meio Ambiente - Chevron / Texaco/ Ecologus engenharia e Consultoria.
Editoração: Claudia Barros de Almeida e Silva.