domingo, 17 de agosto de 2008

GRUSSAÍ-IQUIPARI TÊM IMPORTANTES TRABALHOS REALIZADOS NA ÁREA DE BOTÂNICA

ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE QUATRO FORMAÇÕES VEGETAIS DE RESTINGA NO COMPLEXO LAGUNAR
GRUSSAÍ/IQUIPARI, SÃO JOÃO DA BARRA, RJ, BRASIL RESUMO: (Estrutura e composição florística de quatro formações vegetais de restinga no complexo lagunar Grussaí/Iquipari, São João da Barra, RJ, Brasil). Foi estudada a vegetação de restinga do complexo lagunar Grussaí/Iquipari (21o44'S; 41o02'O), que compreende a bacia das lagunas de Grussaí e Iquipari, com aproximadamente 4.800ha. Uma transecção de 25ha (2500x100m) foi delimitada no sentido mar/interior e coletas botânicas realizadas entre os anos de 1995 e 1997. As quatro unidades fisionômicas ocorrentes na área foram estudadas e, através do Índice de Valor de Cobertura, foram determinadas as espécies dominantes em cada formação: 1) Formação Praial-Graminóide: Remirea maritima, Ipomoea imperati, Sporobolus virginicus e Chamaecyse thymifolia; 2) Formação Praial com Moitas: Schinus terebinthifolius, Eugenia sulcata, Pilosocereus arrabidae e Cereus fernambucensis; 3) Formação de Clusia: Pera glabrata, Eugenia sulcata, Sideroxylon obtusifolium e Scutia arenicola; 4) Formação Mata de Restinga: Maytenus obtusifolia, Pera glabrata, Protium heptaphyllum e Coccoloba alnifolia. A similaridade florística da área estudada com outras restingas nos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo não ultrapassou 41%, onde a proximidade geográfica não representou aumento da similaridade. Os resultados ressaltam a variação da flora de restinga ao longo de um pequeno trecho do litoral brasileiro.
Introdução
O termo restinga, encontrado na literatura desde 1785 (Reys 1997) é utilizado por geólogos, historiadores, botânicos ou ecólogos, designando elementos diferentes (Suguio & Tessler 1984). Sugiyama (1998) apresenta revisão sobre a utilização do termo restinga em sentido botânico, considerando "vegetação de restinga" o conjunto de comunidades vegetais fisionomicamente distintas, sob influência marinha e flúvio-marinha, distribuídas em mosaico e que ocorrem em áreas com grande diversidade ecológica. Essa vegetação pode alcançar as primeiras elevações da Serra do Mar (Rizzini 1979).
Segundo Freire (1990), a restinga é ambiente geologicamente recente e as espécies que a colonizam são principalmente provenientes de outros ecossistemas (Mata Atlântica, Tabuleiros e Caatinga), porém com variações fenotípicas devido às condições diferentes do seu ambiente original. Essa vegetação possui importante papel na estabilização do substrato (Lamêgo 1974; Pfadenhauer 1978; Costa et al. 1984). As plantas colonizam a areia logo à linha de maré alta, amenizando, no caso de planícies arenosas, a ação dos agentes erosivos sobre o ecossistema (Lamêgo 1974), protegendo o substrato principalmente da ação dos ventos, importante agente modificador da paisagem litorânea.
As restingas do Estado do Rio de Janeiro, embora estudadas desde 1901 (Ule 1967), apresentam a grande maioria dos trabalhos concentrados no trecho entre Guaratiba e Macaé (Araujo & Peixoto 1975; Hay et al. 1981; Lacerda & Hay 1982; Henriques et al. 1984; Rizzini et al. 1990; Sá 1992; Sá 1996; Menezes & Araujo 1999). A região norte, detentora das maiores áreas de restinga no Estado, começou a ser enfocada há menos tempo, sendo ainda pequeno o número de trabalhos publicados (Araujo & Henriques 1984; Henriques et al. 1986; Araujo & Maciel 1998; Araujo et al. 1998; Assumpção & Nascimento 1998). O Estado do Rio de Janeiro possui 1.194,3km2 de área onde ocorre a vegetação de restinga, desse total, 552km2 (46%) encontram-se na região de São João da Barra, contudo, essa região contribui com 18% do número de espécies citadas para a flora de restinga no Estado (Araujo & Maciel 1998). As observações efetuadas no complexo lagunar Grussaí/Iquipari demonstraram, principalmente devido à ausência de duna e à grande extensão da formação de praia, que aquele local diferia das demais restingas ao longo do Estado do Rio de Janeiro (Assumpção & Nascimento 1998). Até o momento os poucos estudos enfocando a vegetação de restinga na região do município de São João da Barra (Lamêgo 1974; Araujo & Henriques 1984; Assumpção & Nascimento 1998) abordam diferentes aspectos da composição florística e fisionômica, não apresentando dados quantitativos sobre a vegetação.
O principal objetivo do presente trabalho foi descrever quatro tipos vegetacionais de restinga no complexo lagunar Grussaí/Iquipari através de uma análise fitossociológica e realizar comparações de similaridade florística com outras áreas costeiras estudadas no Brasil. Material e métodos
Área de Estudo - O complexo lagunar Grussaí/Iquipari, com aproximadamente 4.800ha, está localizado no município de São João da Barra (21o44'S; 41o02'O), região norte do Estado do Rio de Janeiro. O local selecionado para este estudo dista aproximadamente 15km do delta do rio Paraíba do Sul, situado na bacia hidrográfica das lagunas Grussaí e Iquipari (Fig. 1), que possuem área de 1km2 e 1,4km2 respectivamente. O rio Paraíba do Sul tem sido citado como importante fator na formação dessa região (Lamêgo 1974; Dias & Silva 1984; Flexor et al. 1984; Suguio & Tessler 1984).
O solo, identificado como areias quartzosas marinhas associadas a podzol hidromórfico (RADAMBRASIL 1983), tem origem flúvio-marinha, formado sobre cordões litorâneos paralelos, com estratificação plano-paralela com 1 a 3m alt. Esses cordões formam arcos abertos voltados para o litoral com direções próximas a norte-sul, originando uma planície costeira com aproximadamente 30km de largura que, segundo Araujo & Henriques (1984), é a expressão máxima desse ecossistema no Estado do Rio de Janeiro.
Segundo RADAMBRASIL (1983), o clima da região é caracterizado como tropical sub-úmido a semi-árido, com precipitação pluviométrica média anual variando de 800 a 1.200mm, apresentando as maiores taxas de precipitação durante os meses de verão, e as menores, nos meses de inverno. O vento predominante tem a direção nordeste, atingindo as maiores velocidades nos meses de agosto a dezembro. Sampaio (1915) já ressaltava a influência do vento predominante no formato das moitas de restinga em São João da Barra.
O norte fluminense apresenta ainda áreas de restinga em bom estado de conservação, como é o caso do complexo lagunar Grussaí/Iquipari. A partir de entrevistas com moradores das imediações da área estudada ficou constatado que o último grande desmatamento no local ocorreu há 25 anos, estando a vegetação em processo de sucessão desde então. As árvores eram retiradas através de corte raso e eram escolhidos os indivíduos com diâmetro maior que 10cm, independente da espécie. Ao redor da área de estudo observam-se impactos mais recentes, tais como a utilização da vegetação nativa para o pastoreio de bovinos e caprinos, o trânsito de automóveis na areia e a remoção de vegetação nativa entre Grussaí e Iquipari para instalação de loteamentos. Segundo Maciel (1984), os loteamentos sobre as restingas talvez sejam a maior ameaça à biodiversidade nesse ecossistema.
Metodologia - Em estudo anterior (Assumpção & Nascimento 1998) foram determinadas quatro unidades fisionômicas no local, discriminadas a seguir, na direção do mar para o interior: Formação Praial Graminóide, Formação Praial com Moitas, Formação de Clusia e Formação Mata de Restinga. A nomenclatura adotada para as unidades fisionômicas seguiu Henriques et al. (1986), com exceção da Formação Praial com Moitas, que foi proposta por Assumpção (1998). Para o estudo nestas formações foi delimitada uma transecção de 25ha (2.500x100m) no sentido mar/interior, englobando as quatro unidades. Dentro dessa área foram realizadas coletas de material botânico entre os anos de 1995 e 1997, estando todas as exsicatas depositadas no herbário do LCA/UENF (em implantação). O material foi determinado por comparações em herbários, com auxílio de especialistas. Duplicatas encontram-se depositadas nos herbários do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) e da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - FEEMA (GUA). Além das coletas de material botânico, foi feito estudo quantitativo visando a caracterização de cada um dos quatro tipos vegetacionais ocorrentes na área, utilizando-se metodologia adequada à amostragem em cada uma das quatro unidades fisionômicas, descritas a seguir.
Formação Praial Graminóide (FPG) - Devido ao fato de a vegetação característica dessa formação ser composta principalmente por espécies psamófilas-reptantes, onde não se distingue um indivíduo do outro por causa da reprodução clonal característica desta sinúsia, o método adotado foi o lançamento sistemático de parcelas de 0,25m2. Assim, 18 quadrados foram lançados a 50m da linha de maré alta, 18 a 200m e 18 a 300m, totalizando 54 parcelas. Foram avaliados os seguintes parâmetros: Freqüência Absoluta (FAi) = Nqi . 100 / N; Freqüência Relativa (FRi) = FAi . 100 / SFAi; Cobertura Relativa (CRi) = Ai / A . 100, onde: Nqi = número de quadrados em que ocorre a espécie i; Ai = área total coberta pela espécie i; N = número total de quadrados amostrados; A = somatória das coberturas de todas as espécies. A Cobertura Relativa foi obtida dividindo-se a área de cada quadrado em quadrados menores e o percentual de cobertura foi avaliado no campo através de classes divididas do seguinte modo: Posteriormente, foi adotado o valor mediano de cada classe para efeito de cálculo. O Índice de Valor de Cobertura (IVC) para cada espécie foi calculado através da soma dos valores de FR e CR.
Formação Praial com Moitas (FPM) - Com o objetivo de descrever a variação e a distribuição das espécies halófilas/psamófilas-reptantes dentro de um gradiente de distância do mar (400m, 450m, 500m, 600m, 700m e 750m), foram lançadas parcelas (n=14) nos espaços entre as moitas da FPM, totalizando 84 parcelas. Para a amostragem nas moitas, optou-se pelo método de intercepção em linhas. Para este estudo foi considerado uma moita qualquer agrupamento vegetal, ou mesmo um único indivíduo, que apresentasse porte arbustivo destacando-se da vegetação psamófila-reptante. Foram alocadas cinco linhas com 50m compr. cada uma, distribuídas paralelamente ao mar, respeitando o gradiente de distância. As linhas foram esticadas sobre ou através das moitas e os parâmetros já descritos anteriormente foram anotados, sendo a linha considerada uma unidade amostral. A CRi foi tomada olhando-se a linha perpendicularmente e medindo o espaço coberto pela projeção de cada indivíduo na linha, estando o mesmo acima ou abaixo desta.
Formação de Clusia (FC) - Foram amos-tradas as espécies arbustivas ocorrentes em moitas, onde se repetiu a mesma metodologia utilizada na formação anterior. Porém, foram alocadas 10 linhas com 50m compr. cada uma, paralelamente ao mar.
Formação Mata de Restinga (FMR) - Foi utilizado o método de parcelas para a amostragem. Nessa formação a amostragem se restringiu às espécies de forma arbustivo/arbórea, excluindo-se indivíduos de caule subterrâneo, como a palmeira anã (Allagoptera arenaria), e da família Cactaceae. Nove parcelas de 100m2 (10mx10m) foram alocadas, sendo três a 980m de distância do início de vegetação praial, três a 1.500m e três a 2.100m. Todos os indivíduos lenhosos com diâmetro do tronco à altura do solo (DAS) igual ou superior a 2,5cm foram marcados e numerados com plaquetas de alumínio. O DAS dos indivíduos perfilhados foi obtido somando o diâmetro de cada perfilho. Além do DAS anotou-se a espécie (quando reconhecida ainda no campo) e a altura do indivíduo.
Os parâmetros fitossociológicos estimados foram: Densidade (Di) = Ni / Np, dada em 100m2; Densidade Relativa (DRi) = Di / SD . 100; Dominância Relativa, (DoRi) = ABi / AB . 100; Frequência Relativa (FRi) = FAi / SFA . 100; Diâmetro Médio (DiaMi), média do diâmetro do tronco das árvores a altura do solo; Índice de Valor de Cobertura, (IVC) = DRi + DoRi; Índice de Valor de Importância, (IVI) = FRi + DRi + DoRi, onde: Ni = número de indivíduos da espécie i; N = número total de indivíduos; Np = número de parcelas; ABi = área basal por hectare, ocupada por cada espécie, dada em m2; AB = área basal total. A comparação estatística dos dados de riqueza de espécies, número de indivíduos e área basal entre as três faixas de distância amostradas foi realizada através de ANOVA `one way' (Zar 1996).
Os cálculos dos parâmetros fitossociológicos da FMR foram realizados através do programa para computador FITOPAC (Shepherd 1995).
Foram determinados também, os índices de diversidade de Shannon, na base neperiana (H'), diversidade máxima (H'max) e equitabilidade (J') (Brower & Zar 1977). Para a determinação da diversidade ao longo do transecto, foi calculada a b diversidade de Routledge (Magurran 1988). Comparações qualitativas entre as formações de restinga do complexo lagunar Grussaí/Iquipari e outras formações de restinga foram feitas utilizando-se o Índice de Similaridade de Sørensen -Is- (Brower & Zar 1977). Resultados
O número total de espécies encontradas neste estudo (n=96) representa a soma das espécies coletadas durante o levantamento extensivo realizado ao longo do transecto, mais as espécies coletadas nas amostragens do estudo quantitativo. Desse total, quatro espécies não foram identificadas, quatro foram determinadas ao nível de família, 13 ao nível de gênero e as demais ao nível de espécie.
Discussão
Na lista de espécies de plantas ocorrentes em áreas de restinga apresentada por Araujo & Henriques (1984), que abrangeu o Estado do Rio de Janeiro, constam 78 espécies para São João da Barra. Após o presente estudo, este número aumentou para 134, todavia, deve-se ressaltar que podem haver sinonímias além das que foram consideradas. Recentemente, Araujo & Maciel (1998) citaram 175 espécies para São João da Barra porém os autores não publicaram nova listagem de espécies, o que impossibilitou comparações.
O aumento do número de espécies para a lista de São João da Barra não acarretou aumento expressivo nos valores de similaridade, o que reforça o argumento de Araujo & Henriques (1984), segundo o qual a flora das restingas não é comum a todos os trechos do litoral. Entretanto, ao realizar-se uma comparação entre a restinga do complexo lagunar Grussaí/Iquipari com a restinga de Setiba, ES (Pereira 1990), foi encontrada similaridade florística de 28% entre estas vegetações, sugerindo que, embora a similaridade seja baixa entre São João da Barra e as demais restingas do Estado do Rio de Janeiro, é ainda menor ao comparar-se com a restinga de Setiba, ES.
A composição florística da restinga em São João da Barra parece estar sujeita às influências de formações florestais adjacentes, como a mata atlântica de baixada e a mata de tabuleiro. Freire (1990) e Fabris & Cesar (1996) ressaltaram a importância de ecossistemas adjacentes para a composição florística das restingas por eles estudadas.
A redução da cobertura de espécies halófilas/psamófilas-reptantes mostrou como essa sinúsia dá lugar a outra na direção mar/interior no complexo lagunar Grussaí/Iquipari. Essa mudança de comunidade varia de uma restinga para outra, podendo ser gradual ou brusca, principalmente devido à variação topográfica. Menezes & Araujo (1999) descrevem uma comunidade psamófila-reptante, substituída por uma comunidade arbustiva de Palmae a aproximadamente 30m distantes do mar. Henriques et al. (1986) citam que a Formação Praial Graminóide, em Macaé, RJ, não ultrapassa 10m de extensão, enquanto a mesma unidade fisionômica na região do presente estudo alcança distâncias de até 250m da linha de praia (Assumpção & Nascimento 1998).
O maior IVC apresentado por Pilosocereus arrabidae e Cereus fernambucensis na Formação Praial com Moitas em relação à Formação de Clusia aponta para o papel dos cactos como plantas colonizadoras. Nesta formação foram observadas várias moitas formadas exclusivamente por indivíduos de Cactaceae, e outras formadas por cactáceas associadas a pequenos arbustos, como Desmodium incanum e Plumbago scandens. Apesar de ter originado em ambientes Terciários, a família Cactaceae encontra-se melhor representada em regiões áridas formadas no Quaternário (Hershkovitz & Zimmer 1997), sendo, portanto, a restinga ao longo da costa brasileira grande área de expressão desta família. O fato de ser característica de áreas abertas parece explicar o alto IVC das cactáceas na Formação Praial com Moitas e a sua diminuição em relação ao aumento da cobertura e riqueza de espécies em direção ao interior.
Vários trabalhos têm demonstrado que as espécies lenhosas das restingas apresentam, em geral, o poder de rebrota (Cirne & Scarano 1996; Sá 1996; Carvalhaes & Mantovani 1998). A alta percentagem (24%) de indivíduos perfilhados encontrados na Formação Mata de Restinga, área que sofreu corte raso há cerca de 25 anos, sugere ser a rebrota importante mecanismo para a recomposição dos ambientes degradados de restinga. Porém, o fato de nem todas as espécies apresentarem tal capacidade parece indicar que as espécies com poder de rebrota possuem vantagem na regeneração da área, o que provavelmente irá afetar as características estruturais do ambiente recolonizado. Alto índice de espécies perfilhadas foi também encontrado na Mata de Restinga na Juréia, SP (Carvalhaes & Mantovani 1998), região que, segundo estes autores, foi no passado desmatada através do sistema de corte raso, o mesmo processo ocorrido na área do presente estudo. Maytenus obtusifolia e Coccoloba alnifolia, espécies que apresentaram o maior número de indivíduos perfilhados no complexo lagunar Grussaí/Iquipari, apresentaram também alto IVC. Não se sabe, porém, se esse alto IVC deve-se ao fato de tais espécies rebrotarem com mais facilidade do que as demais.
Pera glabrata pode ser considerada a espécie mais característica da área estudada, uma vez que ocorreu com alto valor de IVC nas três formações com espécies arbustivo/arbóreas. Apenas na Formação Praial com Moitas seu IVC não esteve entre os dois mais altos. Essa dominância de Pera glabrata parece ter sido observada pela primeira vez no presente estudo, visto que essa espécie é encontrada na Bahia (Pinto et al. 1984), Espírito Santo (Pereira & Gomes 1994), Paraná (Silva et al. 1994) e São Paulo (Sugiyama & Mantovani 1994; Monteiro & Cesar 1995), porém em nenhum desses estudos é citada como a mais representativa. Foram observados, próximos à área de estudo, alguns locais com fragmentos de mata formados quase que exclusivamente por Pera glabrata e Bromelia antiacantha, mostrando a importância dessas espécies na composição florística, estrutural e fisionômica da região, e sugerindo também a possibilidade de uma associação entre elas ou uma ligação com áreas impactadas.
A grande extensão da Formação Praial Graminóide, a ocorrência de uma Formação Praial com Moitas, a baixa similaridade de espécies com outras restingas da região e o alto IVC de Pera glabrata nas formações arbustivo/arbóreas situam a região do complexo Lagunar Grussaí/Iquipari como um novo elemento dentro do mosaico formado pelas restingas descritas para o Estado do Rio de Janeiro. Referências bibliográficas Araujo, D. S. D. de & Henriques, R. P. B. 1984. Análise florística das restingas do Estado do Rio de Janeiro. Pp. 159-194. In: L. D. Lacerda; D. S. D. Araujo; R. Cerqueira; B. Turcq (Eds.) Restingas: Origem, Estrutura e Processos. CEUFF, Niterói. Araujo, D. S. D. de & Maciel, N. C. 1998. Restingas fluminenses: biodiversidade e preservação. Boletim FBCN 25: 27-51. Araujo, D. S. D. de & Peixoto, A. L. 1975. Renovação da comunidade vegetal de restinga após uma queimada. Pp. 1-18. In: Anais do XXVI Congresso Nacional de Botânica. Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro. 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Fonte:
Jorge Assumpção1
Marcelo T. Nascimento1
1 Laboratório de Ciências Ambientais (LCA), CBB, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Av. Alberto Lamego, 2000, Campos dos Goytacazes, CEP 28015-620, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. e-mail: mailto:%20jorge@cbb.uenf.br; mtn@cbb.uenf.br