domingo, 31 de agosto de 2008

BIODIESEL DO FUTURO PRESENTE EM CAMPOS

O biodiesel, considerado o combustível do futuro e uma das alternativas de fonte renovável para quando o petróleo acabar, já é uma realidade em vários estados e, também, em Campos. Pesquisado e conhecido desde o início do século passado, principalmente na Europa — em 1895, Rudolf Diesel desenvolveu motor a diesel, apresentando a invenção em mostra mundial, em Paris, usando o amendoim como combustível —, por enquanto o biodiesel no Brasil ainda é considerado caro, porque os óleos de onde é extraído o combustível, especialmente os que têm valores alimentícios, também o são. É por isso que o produto ainda não é vendido separado, assim como a gasolina, álcool ou diesel. A luta pelo biodiesel é tratava há tempos pelo governo federal, que montou uma verdadeira estratégia de marketing em torno do combustível, inclusive, criando o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel. Com isso, ficou estabelecido que, a partir de janeiro deste ano, seria compulsória a adição de 2% do produto ao diesel convencional, tendo como meta, até 2011, produzir 855 milhões de litros de biodiesel/ano. Para os especialistas de plantão, como os pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio (Pesagro), o mais importante nesse momento é o incentivo à produção da matéria prima do biodiesel, as plantas oleaginosas — girassol, mamona, canola babaçu, amendoim, pinhão manso, soja e outras — consideradas como de alto poder de recuperação do solo, melhorando a fertilização e, conseqüentemente, a produtividade. Esta seria uma das maneiras de baratear a escala do produto. O pesquisador da Uenf, Alexandre Stumbo, responsável pela planta piloto de biodiesel na universidade, explica que a unidade experimental mantida no local, voltada à pesquisa, pode produzir até 800 litros/dia do combustível, trabalhando com qualquer tipo de óleo. A unidade trabalha em parceria com a Pesagro e Prefeitura de Campos, esta última instituição recolhendo óleo de cozinha pra a transformação em biodiesel. “Não temos produção diária, porque não temos matéria prima suficiente”, acrescenta o pesquisador. PRODUTOR RURAL DA REGIÃO AINDA TEM DESCONFIANÇA
Hoje em Campos já existem estudos de adaptação climática, com mapas indicativos das condições especiais para o plantio das oleaginosas, matéria prima para o biodiesel. Quem cuida da área agronômica no município é a Pesagro, que aposta, entre todas as plantas, no girassol, rústica e apontada como ideal ao clima da região, uma cultura que agrega valores, propiciando ainda a exploração da apicultura. O diretor e pesquisador do órgão, Silvino Amorim, explica que o girassol, considerado um dos óleos nobres na culinária, pode ser plantado no período de outono-inverno e, também, no verão. Silvino já tem tudo na ponta do lápis. Segundo ele, uma tonelada de semente de girassol pode produzir até 450kg de óleo. E em termos de investimento para o produtor, os números também não deixam de ser satisfatórios. Silvino calcula que três hectares da plantação correspondam a dois mil litros de óleo, ou dois mil litros de biodiesel. — Temos mostrando nossos trabalhos em torno do biodiesel em toda a região, incentivando o Sebrae e outros setores da economia para a criação de uma cadeia produtiva, desde à tecnologia, até à comercialização — diz Sivino. Embora os órgãos locais tenham pesquisas e estudos prontos, na região não existe ainda produtor trabalhando para isso, só alguns de forma isolada e em pequenas áreas. Ainda paira desconfiança no ar.
PRÓ-DIESEL QUER REPETIR FÓRMULA DO PRÓ-ÁLCOOL O biodiesel é uma alternativa aos combustíveis derivados de petróleo, podendo ser usado em carros ou qualquer veículo com motor diesel. Entre as vantagens, destaca-se a de ser um combustível que emite menos poluentes que o diesel. Para os estudiosos, cada vez mais a gasolina, diesel e derivados do petróleo tendem a subir, envolvendo aumento do consumo, conseqüente diminuição das reservas e até problemas políticos, com o preço do barril de petróleo disparando a cada ameaça de guerra ou crise internacional. O Pró-Diesel, segundo o governo federal, tende a ser sucesso como foi o Pró-Álcool, em 1975. Fonte: Jornal Folha da Manhã de 31/08/08.

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