segunda-feira, 22 de março de 2010

DIA MUNDIAL DAS ÁGUAS TEVE O LANÇAMENTO DO PROJETO "CAMINHOS CIENTÍFICOS DO PARAÍBA DO SUL", EM SÃO JOÃO DA BARRA

Projeto “Caminhos Científicos do Delta do Rio Paraíba do Sul” é lançado com sucesso em SJB, no Dia Mundial das Águas O mundo é formado por 96% de água salgada, 3% de água congelada e 1% de água potável. Se não cuidarmos dos recursos hídricos responsáveis pela subsistência do ser humano na Terra, com o aumento da população e o impacto que isso causa ao ambiente, teremos dificuldades na sobrevivência da espécie humana. O assunto é bem sério, assim como estava o semblante dos alunos representantes do 6º ao 9º ano da Escola Municipal Domingos Fernandes da Costa, ao ouvirem a explicação. Mas logo depois, a preocupação deu lugar ao sorriso da esperança de se preservar os rios e lagoas com pequenas ações que fazem a diferença. A bordo de uma escuna, tendo como cenário um céu azul que mais parece coisa de cinema, observando o vôo de garças e outras aves da fauna local, espécies de árvores nativas sobre as águas douradas do Rio Paraíba do Sul, alunos da escola puderam aprender na prática as responsabilidades com o meio ambiente. Esse foi o principal resultado do primeiro passeio do projeto “Caminhos Científicos do Delta do Rio Paraíba do Sul”, lançado nesta segunda-feira, dia 22, em São João da Barra, em comemoração ao Dia Mundial das Águas e o Dia Municipal do Rio Paraíba do Sul. O projeto é realizado pela equipe do Núcleo Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMASP), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura e visa destacar a importância do rio, suas matas ciliares, a formação geológica na Planície Goytacá, suas ilhas fluviais, fauna terrestre e aquática. Problemas relacionados à poluição, ocupações, a racionalização das águas também foram registradas, assim como a presença de naturalistas e cientistas no município em diversos momentos, como o príncipe Maximiliano de Wied Newvied, Saint-Hilaire e o imperador do Brasil, Dom Pedro II. O secretário Municipal de Meio Ambiente, Marcos Sá, participou do projeto e comemorou o lançamento. “Agora a tendência é ir aprimorando o projeto cada vez mais. O rio fornece água potável para todas as cidades por onde ele passa e as populações estão crescendo, ao mesmo tempo em que o Paraíba está cada vez mais assoreado, com muita areia. É preciso frisarmos sempre a importância desse 1% de água potável. Para valorizar a natureza de verdade, é preciso senti-la de perto. E é isso que buscamos mostrar às gerações futuras com esse projeto”, explicou Marcos Sá, que participou do projeto com o subsecretário Alex Sandro Mateus Firme, equipe de apoio da Secretaria de Meio Ambiente, Izabel Gregório, responsável pelo Espaço da Ciência Maria de Lourdes Coelho da Anunciação, o proprietário Rural, Getúlio Alvarenga e a equipe de Defesa Civil Municipal, que participou com apoio e guiamento adequado do barco pelo rio. Lições fora da sala de aula – Fazer ciência pode até parecer difícil, mas não é não. André Pinto, um dos coordenadores do projeto, enfatizou dessa forma a questão e chamou a atenção dos alunos que participaram do passeio. De forma descontraída, ofereceu, em poucos minutos, ricas informações que geralmente seriam repassadas em muito mais tempo dentro das quatro paredes da sala de aula. — Os índios Goytacazes, os primeiros habitantes dessa terra, exímios corredores, caçadores, nadadores, não bebiam a água do Rio Paraíba. Para eles, a água era sagrada e eles não podiam tocar em nada sagrado. Eles bebiam água de cacimba. Eles já tinham, na verdade, essa idéia preservacionista do rio. Quando os europeus chegaram ao Brasil, em 1500, começou o extermínio dos índios —, ressaltou André, em uma verdadeira aula de história. O Rio Paraíba (que em tupi significa rio de difícil navegação, devido aos trechos com pedras, corredeiras e galhos) nasce da união de outros dois rios, na Serra da Bocaina: Rio Paratinga (rio de águas claras) e Rio Paraibuna (rio de águas escuras). “São João da Barra teve um período áureo de navegação. Em 1710, tivemos a abertura da foz em Atafona. Antes, o rio saía em Martins Laje, no córrego de Valetas, até a Lagoa do Açu, que já foi foz. Temos registrado que em 1860, o porto de São João da Barra recebia 60 navios por mês, que carregavam daqui açúcar e outros produtos”, observa. Ao desembarcar nas areias do Viana, o projeto registrou ainda a colocação da primeira placa de turismo científico e histórico em pontos estratégicos da margem do Rio Paraíba do Sul. Lá, os alunos puderam ainda, participar do plantio de mudas de Pitanga, Aroeira, Pau-Brasil e Embaúba, como auxílio à mata ciliar. Após provarem frutas como jamelão e juá, os visitantes puderam conferir, com a equipe de Meio Ambiente, um laboratório ao ar livre e apanhar amostras da água do rio para, daqui a 48 horas, saberem, entre outras questões, o nível de PH da água e a quantidade de coliformes fecais por exemplo. — Essas areias brancas que encontramos aqui no Viana, margeando o Rio Paraíba, é um relato de que essa região já foi mar e que essa areia foi uma duna. Em 1815, o príncipe Maximiliano de Wied Newvied, um grande naturalista esteve no Brasil e fez uma exploração no Rio de Janeiro, passando por Farol de São Thomé, São Fidélis, onde conheceu os índios coroados e registrou em seu livro “Viagens pelo Brasil”, que quando passou em São João da Barra, se deparou e se encantou com as areias brancas do Viana — ressaltou. Fauna e flora são destaque – Ainda do barco, foi possível observar, uma árvore que se destacava sozinha à margem do Paraíba. Em tempo de floração, com flores brancas, a espécie Piabanha leva o mesmo nome de um peixe, por ser seu fruto, um alimento apreciado pela espécie. O vôo do pássaro Biguá é mesmo bonito de se ver. A ave, nos últimos anos, não muito comum de se ver na região, é um indicador de que o rio está voltando a ter pequenos peixes, pois ela se alimenta de alevinos. O arisco pássaro Socó Cagão, garças brancas, entre outras aves, também procuraram dar o ar da graça em um espetáculo de beleza para quem observava e pôde ouvir seus gorjeios. Mesmo com as hidrelétricas, o Rio Paraíba do Sul mantém muitas espécies de peixes em suas águas. O Caximbau é um deles. E ainda traz uma curiosidade: é um peixe pré-histórico. “Ele tem um exoesqueleto, uma casca dura, assim como acontece com os crustáceos. A natureza é um conjunto de ecossistemas. A formação da Planície Goytacá, por exemplo, deve-se à Cordilheira Cristalina Brasileira, a Serra do Mar, que podemos observar uma parte daqui, lá pelas terras do Imbé”, ressaltou André Pinto, que doou aos alunos, ao fim do passeio, um exemplar do livro “A saga de um herói negro”, de seu pai, o conhecido escritor e historiador João Oscar Pinto, e também sementes de pau-brasil. “Vocês podem plantar no quintal ou fazer uma muda, exercitarem seus conhecimentos, e trazerem para a Secretaria de Meio Ambiente, que nós faremos o plantio”, acrescentou. Resultados positivos – A diretora da Escola Municipal Domingos Fernandes da Costa, Ângela da Costa, aprovou o lançamento do projeto. Segundo ela, a primeira etapa do ensino fora da sala de aula, foi com o passeio no projeto Barca da Ciência, lançado no verão. — Esse é um segmento. Um completa o outro e os dois devem ser levados para dentro de sala de aula. As próprias crianças que participaram, todos representantes das turmas e fiscalizadores de Meio Ambiente da escola, vão ser os multiplicadores desses conhecimentos para seus amigos. Se houver necessidade vamos até à equipe de Meio Ambiente e solicitar uma palestra, por exemplo, na escola. Eles vão passar esses conhecimentos para a comunidade. Aluna da sétima série, Samya Moço de Souza, de 13 anos, disse que aprendeu muito com o passeio. “Vi muita coisa que não conhecia e a parte das espécies de peixes que temos no rio me marcou bastante, pois eu não sabia”, disse. O colega, Maycke Nyckson da Silva Ribeiro, 13 anos, gostou de conhecer a fruta juá. “Não sabia que ela podia limpar a boca que fica roxa de comer jamelão. Foi o que achei mais diferente. Eu já conhecia essa parte do Rio Paraíba, mas se tiver outra oportunidade, eu vou voltar”, ressaltou. Os passeios educativos serão realizados a cada 15 dias. O horário de saída será sempre às 8h10, do Cais do Imperador, no Centro da cidade. Serão, aproximadamente, 70 viagens durante todo o ano, com saídas quinzenais, durante o período de aulas, sempre em dias úteis. A previsão é atender cerca de 2.100 estudantes e 350 professores, das escolas do município. O projeto “Caminhos Científicos do Delta do Rio Paraíba do Sul” é destinado apenas à rede publica municipal de ensino de São João da Barra. Já outras escolas, de outras cidades, podem participar do passeio pedagógico oferecido pelo Projeto Barca da Ciência, do Espaço da Ciência Maria de Lourdes Coelho da Anunciação em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente. No passeio de escuna, todos os domingos, a partir das 9h, com saída do Cais do Imperador, é possível conhecer a importância dos recursos hídricos, com uma aula de história e educação num passeio agradável pelo Rio Paraíba do Sul, até sua foz, com parada na Ilha da Convivência. Para participar, é necessário ir ao Espaço da Ciência e se inscrever no cadastro. Ou, então, agendar pelo telefone (22) 99031176. Texto de Carla Cardoso - Jornalista

Um comentário:

Cláudia Oliveira disse...

Caro André,
Fico feliz com esse projeto e desejo que ele chegue aos alunos do 5º Distrito, uma vez que, estando longe da Sede tudo se torna difícil para nós( distância, transporte, horário, etc..).
Sucesso pelo blog.
Abraços,
Cláudia Oliveira -