terça-feira, 30 de novembro de 2010

SEJA DADA UMA NOVA CASA PARA A CORUJA BURAQUEIRA - UMA ENGENHEIRA POR NATUREZA

Foto: Pássaros encontrados em São João da Barra. No canto inferior à direita, está a Coruja Buraqueira, nossa heroína da resistência, da história de hoje!
NEM TUDO ESTÁ PERDIDO, ESTÁ?
Ainda tem moradores e moradoras em São João da Barra com atitudes ambientais positivas - espremidos em meio a tanto progresso e ambição imobiliária - que devemos tirar o chapéu. Hoje tive a oportunidade de ver estas preocupações latentes, que há muito não via, num rosto desesperado de uma moradora das imediações do futuro loteamento do "Pastana", na sede deste município. Ela implorava ajuda aos transeuntes para acodirem um casal de Corujas Buraqueiras que estava sendo "despejada" de sua casa subterrânea, localizada no vasto campo próximo ao valão da Agua Santa, da propriedade do espólio dos herdeiros do "Pastana", na sede deste município. Toda a preocupção dos que estavam presentes se voltou para o salvamento do casal de corujas buraqueiras, típicos desta região e muitos indefesos. Fui tentar ajudar também, cavando cautelosamente com uma pá, pois, presumia-se que uma coruja ainda estivesse dentro da toca. A cada instante o trator de terraplanagem ia chegando mais perto da entrada do esconderijo das corujas. Isso dava nos nervos!. Foi uma corrida contra o tempo! Cava daqui, dali, enfiavam-se as mãos e braços na toca arenosa, mas não havia sinal do final do túnel e nem de algum barulho da ave adulta ou de prováveis filhotes. Enquanto isso, a moradora, quase chorando e um pouco apreensiva, apontava com as mãos o voo de uma das corujas que olhava desconfiada para a entrada daquele buraco, que seria transformado em um terreno plano para dar lugar à um condomínio muito em breve. A Coruja voava em círculos pelo terreno, como se estivesse se despedindo de seu lar... Várias tentativas foram feitas para se verificar, se dentro do túnel, existia alguma forma de vida. Nada foi encontrado. O túnel era muito escuro profundo mesmo, uma obra de engenharia da natureza da avifauna sanjoanense! Tentamos enfiar vagarosamente um cabo de uma enxada, mas a mesma não conseguiu chegar ao fundo do túnel, que descia de forma acentuada em sentido diagonal. Em seguida, tentamos uma mangueira de jardim e depois de cinco metros de profundidade, achamos o final do túnel. Presumiu-se que não teria mais nada naquele local. Neste momento, os presentes - ao contrário das famílias dos operários soterrados na mina do Chile - já haviam perdido as esperanças. O trator chegava arrancando tudo e deu seu último golpe de arrastão tapando a entrada da casa das corujas! Nos despedimos da coruja solitária que voava aflita, dando apenas um até logo e boa sorte! Ela bateu suas asas e voou em direção à praia de Atafona... Talvez as dunas a acolham, mas o verão vem aí... um outro problema! A moradora, triste com a cena e amparada por uma parente, antes de se recolher por trás de seu portão de ferro, olhou no olho de cada um dos presentes e ainda se lamentou dizendo que se ali fosse um parque municipal, a vizinhança - hoje desunida - também poderia, um dia, ser amiga das corujas e de outros pássaros, assim como ela a foi...

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