quarta-feira, 2 de junho de 2010

DONA NORMEIA, CLAUDIO MELO, "NHONHÔ" SAPATEIRO, NOS DEIXARAM COM SAUDADES

"Nhonhô" Sapateiro descansou. O grande amigo de meu pai João Oscar, chamado João Manoel Luiz, conhecido carinhosamente como Nhonhô, descansou. Faleceu ontem aos 69 anos por ter sido acometido de câncer, tendo sido enterrado esta manhã, no Cemitério São João Batista. "Nhonhô" era membro da Loja Maçônica “Fidelidade e Virtude”, por muitos muitos anos. A minha mãe Cecília Pinto, que participou do sepultamento, ficou muito sentida com esta perda. Eu também fiquei com um sentimento de que é um pedaço da gente que se vai... Outra pessoa que sentimos muito a partida, foi a de Dona Normeia. Como conversávamos nas viagens que fazíamos em família para Goiás! Dona Normeia tinha uma inteligência fora do comum! Posso afirmar que seus herdeiros seguiram o seu DNA! Nas viagens que fazíamos, quando recebíamos algumas guloseimas no ônibus, ela logo guardava para mim e dizia para eu maneirar na dieta! Era uma pessoa carismática! Já foi minha amiga oculta numa dessas viagens e guardo ótimas recordações dessa grande amizade!
Quando soube também do falecimento do Dr. Claudio Melo, também fiquei abalado. Não tinha grande amizade com o competente dentista e exímio músico, mas tive a oportunidade de, algumas vezes, conversar com ele e vi o quanto ele amava esta terra e queria vê-la despontar no auge do desenvolvimento da nação. Foi também uma grande perda para nosso município.
O QUE FALAR DE "NHONHÔ"?
Arte de costurar sapatos e bolsas ia além cidades e a boa fama da qualidade de seus produtos nunca foi posta à prova. Eram produtos de primeira! Quem é que nunca encomendou uma daquelas sandálias de couro legítimo que Nhonhô fazia com maestria? O meu próprio pai era um consumidor assíduo das sandálias de seu amigo "Nhonhô". Aquelas fivelas metálicas, aquele cheiro de couro curtido e puro, enfim, aquela borracha de solado firme, tudo fica na memória... Levar uma "coça" das sandálias de "Nhonhô" era quase que o fim do mundo para a criançada! lembro-me de algumas travessuras em que experimentei os legítimos couros das sandálias de "Seu Nhonhô".
"Nhonhô", muitas vezes fabricou suas próprias ferramentas e maquinários. Não concordava muito com a exploração de determinadas marcas multinacionais. Era criativo, ligeiro, um administrador. "Nhonhô" também era um sonhador, assim como meu pai. Ambos sonhavam num mundo socialista, com oportunidades iguais e direitos igualitários. Quando meu pai se foi, "Nhonhô" me deu execelentes conselhos, que jamais esquecerei.
Fica na memória também as ideias firmes, o papo sincero - muitas vezes na calçada da sapataria e com puxões de orelha na gente! Mas ele sabia o que dizia! Além de sapataria, "Nhonhô" tinha uma cadeira de praia onde aproveitava os seus momentos de descanso para ler obras célebres e fazer suas anotações. Nhonhô era um homem culto e com eloquência aferida. Era muito bom conversar com ele, até que fosse interrompido por algum cliente. Era certo ver o cair da tarde, onde se encontravam "Nhonhô" Sapateiro com seu amigo Itamar, trocando prosas sentados em suas espreguiçadeiras a olharem para o céu e as estrelas.
O que é curioso disso tudo é que numa mesma rua, tivemos dois exímios sapateiros, ou seja, o poeta Manoel Barreto - Sapateiro e o "Nhonhô"- Sapateiro, ambos sonhadores com uma São João da Barra mais "lustrada" e "brilhante". Bem que a rua poderia levar um arco, sem retirar o nome de Manoel Barreto, com o seguinte dizer: "Nesta rua, costuram-se sonhos, vestem-se felicidades, caminham-se em virtudes, onde as pegadas das sandálias do tempo jamais se apagarão"

Um comentário:

Guih disse...

Oi André !
Fiquei mto feliz em ver sua homenagem ao meu querido avô.
Lindas palavras foramn as suas.
Tia Cecília, muito querida, me confortou mto ontem durante o enterro do meu vovô !
Mais uma vez agradeço, em nome de minha família, por ter homenageado de forma tão linda, não só meu vovô, mas Dona Norméia e Cláudio Melo também !
Um grande abraço !
Ingrid.