sábado, 5 de junho de 2010

SOS PAQUEQUER - O RESGATE DE UM RIO FEITO POR WANDERLEY PERES

“O rio pelos olhos do rio”

- Livro de Wanderley Peres conta a aventura do SOS Paquequer

Da Redação do Jornal O diário de Teresópolis

“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”. A frase, do escritor português José Saramago, abre o livro “Ensaio sobre a cegueira”. Interessante como não percebemos tamanha diferença entre olhar e ver. Olhamos as palavras como sinônimos, erroneamente. O verbo olhar designa o ato de fixar os olhos em alguma coisa, mecanicamente, sem objetivo de desvendar a realidade vista. Quando utilizamos o verbo ver, em sentido próprio, queremos expressar além do ato de fitarmos, o de estabelecer uma relação de conhecimento por meio do sentido da visão. Não há, então, como não reparar quando o objetivo é ver, enxergar. Querendo sentir o rio Paquequer, vê-lo por dentro, e em sua alma perceber a cidade que o entorna, um grupo de aventureiros lançou-se à correnteza das suas águas e todos enxergaram também, pelos olhos do próprio rio, a agressão e a indiferença, uma aventura que deveria ser compartilhada por cada teresopolitano que ainda não percebeu a importância de seu principal curso d’água. Em forma de protesto, a aventura do SOS Paquequer teve cinco etapas. Começou no dia 22 de março de 2008, dia Mundial da Água, com uma caminhada até a nascente do rio Paquequer, na Cota 2000 do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, sendo percorridas suas margens até a portaria da reserva ambiental. Nos fins de semana seguintes, até o dia 22 de maio do mesmo ano, em outras incursões, o grupo terminou o percurso até a foz do rio, no seu encontro com o Preto, em Providência. O livro SOS Paquequer, do jornalista Wanderley Peres, conta essa história e mostra as agressões que sofre o rio ao longo de sua agonizante passagem pela cidade de Teresópolis. “O livro SOS Paquequer não é apenas uma narração ou descrição. As fotos mostram o estado de degradação de um curso d’água que já foi – e de alguma forma ainda é – motivo de orgulho para os moradores de Teresópolis. Já fiz caminhadas por trechos do sofrido Paquequer, inclusive com alunos da Escola Euclides da Cunha, quando o rio foi ‘abraçado’ e o lixo, recolhido. Cada um tem que fazer sua parte. Porém, o que vimos naquele momento era apenas a ponta de um iceberg. Quando se vê o rio como um todo, o choque é inevitável. Não podemos esperar que apenas as novas gerações se preocupem em limpar a sujeira que há anos polui a Bacia do Rio Paquequer”, diz no prefácio do livro o ex-Ministro Carlos Minc. Segundo ele, o diagnóstico do autor é preciso e a solução exige urgência e depende de todos os cidadãos que vivem na bacia, principalmente os que habitam as margens do Paquequer. “A denúncia é forte e parte de pessoas que viveram a experiência de percorrer todo o rio. É um relato visual, olfativo, às vezes nauseante. Desperta a compaixão pelo Paquequer, por suas cachoeiras, suas maravilhas e pela exuberância das três unidades de conservação que ele atravessa em sua agonia. Os moradores de Teresópolis e os visitantes merecem um meio ambiente preservado, merecem o Rio Paquequer recuperado. Para o bem de todos, por mais qualidade de vida”, completa. Leitores de primeira mão, a senadora Marina Silva, o deputado Fernando Gabeira, a escritora Neli Pampillón e os professores Jorge Bragança e Israel Sartini também enaltecem o trabalho. “Até hoje não compreendo os motivos que levam a criatura humana a ser contrária ao respeito que, tão bem merece, a água em nosso planeta. Espero que o livro do jornalista Wanderley Peres se constitua numa arma poderosa para investir sobre aqueles que teimam em extinguir o mais precioso bem para que o homem possa sobreviver”, lembra o professor Israel Sartini, do Unifeso. Para o advogado Jorge Bragança, “morador ribeirinho” preocupado com o futuro do rio, o SOS Paquequer é um verdadeiro libelo contra o descaso com o rio e, ao mesmo tempo, um hino de celebração à natureza. “No livro, o escritor e jornalista Wanderley Peres se destaca como um guerreiro, um herói da conscientização em prol do ambiente”. Opinião semelhante da obra tem professora Neli Pampillón Gonzalez, que compara o autor ao herói de Miguel de Cervantes. “Nas fotos de Wanderley Peres, equilibrando-se em seu inusitado barco, vi o ‘Don Quixote’, personagem do século XVII, que, com seu barco à deriva, sem remos, enfrentou o Rio Ebro, para salvar personagens imaginários”. A ex-Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva leu o livro ainda em rascunho e fez sua apreciação: “Me alegra e renova a esperança esta publicação do jornalista Wanderley Peres, exatamente tratando de diagnosticar o Rio Paquequer e prevenir que esse importante curso d’água não perca o pouco que ainda tem de qualidade de vida em seu percurso”. Pré-candidato ao governo do Estado do Rio de Janeiro, o deputado federal Fernando Gabeira lembra que o rio é uma metáfora da vida, com sua incessante mudança. “Nunca nos banhamos nas águas do mesmo rio. O Paquequer nunca será o mesmo. Pode piorar, pode ser melhor. Depende de nós. Longa vida aos que lutam por salvá-lo”, diz. O livro SOS Paquequer será lançado neste sábado, a partir das 10h da manhã, na Calçada da Fama. Música, teatro, contação de história e até uma descida de barcos de garrafa pet, pelo rio, vão animar o Dia Mundial do Meio Ambiente em Teresópolis.

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