terça-feira, 16 de dezembro de 2008

SÃO JOÃO DA BARRA PODE CORRER RISCO COM A PRAGA DO MEXILHÃO DOURADO

O mexilhão dourado é um molusco de água doce originário da Ásia que invadiu a América do Sul pela Bacia do Rio da Prata nos anos 90, trazidos pela água de lastro dos navios mercantes. Por tratar-se de uma espécie exótica e sem predadores naturais, o organismo se espalhou rapidamente pelos rios do sul do continente.
O porto do Açu
Causa-nos a preocupação se este animalzinho, que em nosso país não tem predador natural, vai nos gerar prejuízos ambientais em desequilíbrio das lagoas de Grussaí, Iquipari, Açu ou até mesmo o rio Paraíba do Sul, com suas redes de captação de águas, estações de esgoto, embarcações artesanais e outros equipamentos, com a instalação do Complexo Portuário do Açu que receberá grandes navios do tipo cape-size que detém muita água de lastro (local de abrigo desta espécie).
Um exemplo brasileiro
Para minimizar o efeito dessa invasão nas suas Usinas, a CESP implementou o Programa de Manejo e Controle do Mexilhão Dourado, que vem sendo desenvolvido de maneira conjunta e integrada pelas Áreas de Meio Ambiente e de Geração da empresa. O controle desse molusco é feito por meio do monitoramento de sua presença em equipamentos que possam afetar diretamente a geração de energia elétrica.
A principal medida adotada é a execução de limpezas periódicas, com a remoção mecânica e a distinção adequada dos resíduos da infestação, praticada quando das manutenções preventivas dos equipamentos, sendo que, na UHE Eng. Sérgio Motta (Porto Primavera), apenas o sistema de resfriamento das unidades geradoras é adicionalmente protegido pela adição de cloro, durante cerca de duas horas por dia, cuja vazão corresponde a 0,034 % da vazão turbinada da Usina. Nas outras 22 horas do dia, o sistema de resfriamento opera sem qualquer tipo de tratamento.
Tal adição ocorre com injeção do ativo dicloroisocianurato de sódio (Dicloro), em quantidade inferiores às utilizadas para tratamento de água destinada ao consumo humano. Esse ativo, fornecido na forma de pastilhas efervescentes, como derivado clorado de origem orgânica, não forma trihalometanos (THMs) em níveis significativos. O Dicloro é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Resolução n º 150 de 28 de maio de 1999 e já vem sendo aplicado em processos de desinfecção em águas para abastecimento público, como em Juiz de Fora – MG.
Cabe aqui o registro de que o tratamento realizado pela CESP atende o preconizado na Resolução CONAMA 357 de 17 de março de 2005, quanto a preservação da qualidade d’água e classificação do corpo hídrico. Com as medidas preventivas tomadas, a CESP, embora tenha impactos nos custos de manutenção, está convivendo com a infestação, sem que tais problemas afetem a produção de energia.
O trabalho da CESP para controle do mexilhão dourado foi apresentado pelo Ministério do Meio Ambiente do Brasil, em uma reunião em Londres promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2004, por meio do órgão que cuida de águas marinhas internacionais.
Essa apresentação foi muito bem-sucedida e levou a CESP a ser indicada pela ONU como uma das fontes mundiais sobre controle do mexilhão dourado em um documentário produzido pela BBC de Londres. A equipe da BBC passou três dias na Usina de Porto Primavera produzindo parte desse documentário, que já está concluído e em exibição.
O que é ? O mexilhão dourado é um molusco de água doce que vive naturalmente nos rios da China e do Sudoeste da Ásia. Foi introduzido acidentalmente na América do Sul há mais de 10 anos por meio da água de lastro de navios mercantes descarregada nos portos argentinos no rio da Prata. Hoje, o mexilhão já está espalhado por muitos rios tanto do Brasil como da Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. No Brasil, o primeiro registro ocorreu no Rio Grande do Sul, em 1999. Atualmente, o mexilhão está presente em grandes densidades nos rios Guaíba, Paraguai e Paraná, e mesmo na região do Pantanal. Por que ele causa problemas ? É uma espécie invasora, com grande capacidade de incrustação, com rápida taxa de crescimento e grande força reprodutiva. Em alguns locais podem ser encontradas concentrações de mais de 40 mil mexilhões por metro quadrado. Sem inimigos naturais, sua presença nos ecossistemas brasileiros vem provocando importantes danos ambientais e econômicos. Como ele se espalha em uma região ? Depois de introduzido em uma determinada região, o mexilhão pode ser transportado, de forma adulta ou em larvas, involuntariamente, de diversas maneiras, para outros locais. A navegação e o transporte de barcos por rodovias têm sido os maiores agentes da dispersão do mexilhão dourado. Ele pode ser levado a muitos lugares por meio de água; casco e equipamentos das embarcações; equipamentos de pesca e iscas, e transporte de peixes e plantas. Podem ser encontradas concentrações de mais de 40 mil mexilhões por m² Que problemas já foram identificados no Brasil ? Os principais problemas identificados estão relacionados à saúde humana, à economia e aos ecossistemas. São eles: obstrução de tubulações de captação de água obstrução de filtros e sistemas industriais e de usinas hidrelétricas danos a motores e embarcações alterações nas rotinas de pesca tradicionais da população alteração nos ecossistemas aquáticos A obstrução de tubulações é um dos principais problemas Como se pode colaborar na prevenção ? Antes de um barco ser transportado, deve-se ter o cuidado de: retirar toda e qualquer vegetação encontrada dentro e fora do barco ou do reboque; lavar o casco, viveiros e outras partes do barco e do reboque com solução de água sanitária a 5% (misturar um litro de água sanitária a 20 litros de água) 3 esvaziar o reservatório de água de consumo do barco não reutilizar as iscas não reutilizar equipamentos e apetrechos de pesca sem antes lavá-los corretamente não deixar a água da lavagem escorrer para galerias de drenagem ou outros corpos d'água não devolver ao rio nenhum resíduo resultante da operação de limpeza do barco. Coloque os resíduos sempre em terra. O que é o Plano Emergencial ? Devido à rápida dispersão do mexilhão dourado nas águas interiores brasileiras e aos problemas socioeconômicos que isto vem causando, o Governo Federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente, instituiu uma Força-Tarefa Nacional que está implementando o Plano de Ação Emergencial para o Controle do Mexilhão Dourado. Esse plano tem o apoio e participação de inúmeros órgãos de governos, instituições públicas e privadas e empresas. A região do Alto Paraná, que envolve principalmente os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, é uma das áreas consideradas prioritárias no plano por apresentar diferentes etapas quanto à intensidade de instalação do mexilhão e por possuir vetores de dispersão. O que será feito ? Coube à CESP, por solicitação da Força-Tarefa Nacional, coordenar a atuação sobre os diferentes agentes de dispersão do mexilhão dourado na Região do Alto Paraná. As atividades estão focadas em dois tipos de ação: monitoramento e fiscalização, tendo como suporte a divulgação e a capacitação. O objetivo final é a prevenção, buscando-se controlar a transposição do mexilhão dourado para bacias hidrográficas ainda não atingidas.

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