sábado, 7 de agosto de 2010

MILITAR SANJOANENSE PRESENCIOU A MORTE DE FREI CANECA COM RELATOS EMOCIONANTES

"Com uma pesada corrente de ferro no pescoço o prisioneiro ia andando devagar. Estava descalço, usava uma batina suja e rasgada, vigiado por soldados bem armados. Em direção ao porto, caminhava em silêncio. A Revolução Pernambucana tinha sido esmagada, mas a idéia de libertar a província do poder central estava cada vez mais viva." O prisioneiro retratado acima foi Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo Caneca, mais conhecido como Frei Caneca, um dos mentores da Revolução Pernambucana. Preso em 1817, Frei Caneca foi levado para Salvador, onde cumpriu pena até 1821. De família humilde, desde cedo demonstrando inteligência viva e grande força moral, Frei Caneca teve formação religiosa. Professou votos no convento do Carmo, em Pernambuco e tornou-se secretário do visitador da ordem. Freqüentou centros de estudos políticos de tendência liberal e participou do movimento revolucionário, pelo qual foi preso. Ao ser libertado, de volta a Pernambuco, tornou-se professor de filosofia, geometria e retórica. Em meio a intensa atividade jornalística, fundou o jornal "Tifis Pernambucano", de oposição ao governo central conservador. Os temas políticos dominaram a carreira literária de Frei Caneca. Como escritor, ele assimilou os modelos do jornalismo panfletário e deu um tom pessoal às idéias dos filósofos franceses do Iluminismo, como Montesquieu e Rousseau. Com a instauração da monarquia, por Pedro 1º, em 1822, preparava-se uma Constituição para reger o país. Em 1824 o Imperador dissolveu a Assembléia Constituinte, outorgando uma Constituição de perfil conservador, contra a qual se insurgiu o grupo de Caneca. As lutas políticas que opunham o poder local ao Império tomavam vulto cada vez maior em Pernambuco. Dia 2 de julho de 1824, os líderes pernambucanos romperam definitivamente com o poder central. Anunciaram a formação de uma nova república - a Confederação do Equador - e pediram a adesão das outras províncias do Norte e Nordeste. O movimento, no entanto, não obteve o apoio necessário. A adesão dos países estrangeiros, a princípio esperada, também não foi adiante. O movimento acabou sufocado, depois de muitas lutas sangrentas. Dia 29 de novembro de 1824, a coluna na qual lutava Frei Caneca foi cercada pelas tropas legalistas. Frei Caneca, um dos maiores idealizadores e combatentes do movimento, foi condenado à forca. Foi preso e levado para um calabouço. No dia de Natal do mesmo ano, foi transferido de sua cela a uma sala incomunicável, para receber a sentença. Muito foi feito para que Caneca não fosse executado. Houve petições, manifestações de ordens religiosas, pedidos de clemência. Em vão. Dia 13 de janeiro de 1825, o prisioneiro foi conduzido à forca. Na hora de chamar o carrasco, surgiu um problema. Não havia quem aceitasse enforcar Caneca. Castigos, sangue, pancadas. Nada, ninguém queria se prestar ao papel de carrasco. Por fim, resolveram trocar a forca pela execução por fuzilamento. Estava encerrada a carreira revolucionária de Frei Caneca. Seu corpo foi deixado num caixão de pinho em frente ao Convento das Carmelitas, de onde os padres o recolheram. Fonte:http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u324.jhtm QUEM FOI O MILITAR SANJOANENSE QUE PRESENCIOU E RELATOU O ENFORCAMENTO DE FREI CANECA? Segundo fontes históricas relatadas na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, volume 306, janeiro e março de 1976, página 105/106 há a seguinte narração: "Fernando José Martins, testemunha de vista da execução de Frei Caneca, deixou gravada para sempre a cena vergonhosa, na Revista do Instituto Arqueológico de Pernambuco (vol.41). Descreve Frei Caneca representando a "idade de 50 anos ou pouco mais, corado, alvas cãs, cheio de corpo,a r honesto e notavelmente resignado, sem mostra exterior de susto, nem ostentação de coragem". Vestiram-no como se fosse celebrar missa e lentamente começaram a despojá-lo de todas as insígnias do culto, a casula, a estola, o manípulo, o cordão, a alva, o mito, tirando-lhe finalmente o hábito, entre oblações de incenso e aspersões de água benta. E rematava a sua impressionante descrição: "Ficou desautorado, em camisa e calça de ganga amarela". Vestiram-lhe então a alva branca dos condenados. E durante toda essa cena, que parecia exceder a própria crueldade "a paciência e a resignação da vítima foi completa". Foi então que apareceu, nesse rosário de desumanidades, o primeiro gesto de piedade: o algoz se recusava a exercer seu ofício. "Ordens, ameaças, de nada serviram para tirar sua obstinação". O ajudante, intimado para subir, também não aceitou a intimação. O juiz, que presidia a cerimônia, mandou prender o algoz e seu substituto e ordenou que viesse da cadeia algum condenado, que os pudesse substituir. Mas, continua Fernando José Martins "nenhum preso se prestou a servir de carrasco; ameaças e gratificações de nada serviram". A solução foi entregar o preso à alçada militar, para o fuzilamento. Frei Caneca desceu a escada do patíbulo. Improvisou-se um poste para a execução. Mandou-se avançar o piquete organizado no momento. Frei Caneca limitou-se a pedir que atirassem no coração, para que não o deixassem padecer. Entretanto, Fernando José Martins registra que, embora condenados à pena última, "a confiança no begnino general (Lima e Silva) era tanta, que quase se dava como certo o perdão, confiança assás firmada em sólidos pormenores que se foram sucedendo", a começar pela demora na execução e no boato de que o general enviara à corte o pedido de clemência em favor dos réus. A chegada do brigadeiro Bento Barroso Pereira pôs um ponto final na campanha do perdão. O certo é que as execuções começaram depois de sua vinda. E Fernando José Martins pergunta: "Para que tanto rigor?". Taí mais uma passagem histórica em que vultos sanjoanenses, como o Fernando José Martins, presenciaram fatos relevantes da história de nosso país!.

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