domingo, 22 de agosto de 2010

DIA DO FOLCLORE - A ÁRVORE QUE ANDA - MAIS UM MISTÉRIO DE ATAFONA

Foto: Plínio Berto mostra a árvore, onde presume-se ter a lenda da "árvore que anda". Crédito da foto: Pascoal Berto.
Foto: Plínio Berto é mais um componente, de quilate, da grande família sanjoanense que tem a vertente artística que exalta a foz de nosso querido Rio Paraíba do Sul. Crédito da foto: Pascoal Berto.
A ÁRVORE QUE ANDA -- PONTAL DE ATAFONA O Pontal de Atafona é daqueles lugares de rara beleza. Encanto e magia emergem das águas que se encontram – rio e mar; da cortina verde dos manguezais; das nuances dos pores-do-sol por de trás da silhueta das montanhas; do céu azul onde bailam gaivotas; das palmas dos coqueiros embaladas pelo vento nordeste; das lânguidas sereias que desfilam pela areia branca... Ali borbulham lendas e mistérios de pescadores e do mar. A árvore que anda é uma das mais recentes. Trata-se de parte do tronco que sobrou de uma amendoeira, sempre ameaçada pelo avanço do mar naquela região. Diz a lenda: a árvore se desloca para fugir das águas do mar que avançam sobre a praia... Ela resiste, e anda para mudar de lugar e assim se proteger das ondas impiedosas do oceano, que já derrubaram centenas de casas e muitas outras árvores naquele local.
A árvore anda, dizem as pessoas do lugar... E é verdade. Eu mesmo já vi, com estes olhos que nunca me deixaram mentir. Era uma noite muita escura. Uma forte ressaca. O mar bravio e agitado arremessava suas enormes ondas avançando pela areia da praia. Logo alcançariam o tronco da velha amendoeira, que antes, por muitos anos, abrigou em sua sombra segredos esquecidos pelas mesas dos bares do Pontal. De repente, percebi que a árvore começava a andar. Mas, como? Não é possível! Será que estou tendo alucinações? Perguntei a mim mesmo. Num esforço extremo de resistência, as raízes daquela árvore emergiam do chão, e, como pés de uma centopéia gigante, deslizavam sobre a areia fina. Corriam em direção ao ado oposto, próximo ao rio, escapando da fúria do mar. Percorreram cerca de duzentos metros, cavaram um buraco no chão e ali fixaram o espectro do que restou da amendoeira. E assim ela age, sempre que ameaçada pelo avanço do mar. Se desloca e procura um outro lugar para fixar suas raízes. Então, é verdade... a árvore anda... Nesta tela, o resultado singelo de minhas primeiras pinceladas. Uma homenagem ao imaginário popular dos amantes do Pontal de Atafona, destacando A ÁRVORE QUE ANDA.
*Plínio Berto - Advogado, professor universitário, poeta, artista plástico e, acima de todas as qualidades, ambientalista.

Um comentário:

Unknown disse...

Linda a matéria, parabéns ao blog pela divulgação, aliás tudo vindo do Dr. Plinio Berto, é por demais interessante, faltou acrescentar no curriculum do Dr. Plinio que ele é também um crack no violão, vocês precisam ver quando o mesmo (violão e voz)se reune com um outro crack (voz), Renatinho Azevedo, é um SUCESSO, só que tem o seguinte, para reunir esses dois cracks é preciso agendar dia e horário, parabéns ao blog linda matéria.