domingo, 7 de junho de 2009

AH, SE DARWIN TIVESSE VISTO...

Ah, se Darwin tivesse visto...
Charles Darwin esteve no Brasil em 1832 com seu navio "Beagle" para fazer levantamentos científicos da nossa fauna e flora no propósito de lhe dar embasamento para uma das mais incríveis e polêmicas obras,onde se procurou explicar a evolução das espécies, editadas em seu livro "A Origem das Espécies" publicado em 1858.
Quando Darwin chegou ao Rio de Janeiro ficou ao mesmo tempo fascinado com a geografia de mata atlântica e os belos acidentes geográficos como as montanhas, praias e lagoas cariocas. Charles Darwin só não gostou de ver o sistema escravista, mencionando em sua volta para casa a seguinte frase histórica: "Dou graças a Deus e espero nunca mais visitar um país de escravos..." O caminho científico percorrido por Darwin no Brasil foi Fernando de Noronha , Bahia ou São Salvador, Cabo Frio, Praia Grande (Niterói) e Baía de Guanabara entre outros. Observou a mata, clima quente, relevo, etc. Viu também o Rio Macaé.
Em 5 de julho de 1832 sai do Brasil rumo a Montevidéo, antes tendo que voltar ao Recife por causa de fortes ventos. Em 02 de outubro chega à Inglaterra (Falmouth), onde termina assim a viagem do Beagle, que durou 5 anos.
Se Darwin não retornasse da então cidade de Macaé na direção sul e andasse por mais algumas léguas sentido norte, por certo estaria chegando, refrescado da viagem por um vento nordeste constante, num dos locais mais interessantes para seu estudo de campo: a Vila de São João da Praia, nossa atual São João da Barra!.
Se aqui chegasse montado à cavalo ou até mesmo na sua embarcação "Beagle" - que poderia ter entrado na foz do Paraíba até então naquele período navegável - teria encontrado muitos jacarés-do-papo-amarelo nos manguezais do delta do Paraíba do Sul, coletado amostras de sambaquis (sítios arqueológicos na Ilha do Lima), ter visto o "modus vivendi" dos "muxuangos" da Ilha da Convivência, ter visto a abundância de víveres como pacas, capivaras, preguiças, tamanduás mirins, gaviões, águias, cobras (jibóias e jararacas), pássaros migratórios vindos da América do Norte, além de ter a oportunidade de observar a adaptabilidade dos peixes "Camboatá", ou "Caximbau" ao sairem da água e conseguirem sobreviver fora da mesma em áreas brejosas no período da estiagem ou cheias. Repararia que o antigo sertão sanjoanense, hoje pertencente à São Francisco do Itabapoana tinha excelente floresta de mata atlântica de tabuleiro com madeiras-de-lei de excelência.
Conheceria, em nossas ilhas fluviais o Cágado de Hogei, hoje quase extinto no Paraíba ou conheceria nossas tartarugas marinhas "cabeçudas" desovando no Açu, a agilidade dos graúçás na praia, pegaria amostras das extraordinárias conchinhas e caramujos da Lagoa do Taí (Taí - "água que dá origem à concha", no Tupi Guarani), recolheria pedaços de calcário fossilizado chamados de "estromatólitos carbonáticos" e também identificaria 12 tipos de algas, ambos da Lagoa do Salgado, pisotearia nas áreas alagáveis dos cordões litorâneos ricas em biodiversidade, no campo de dunas espetaria seus pés nas salcinhas-da-praia, sentiria o odor típico do solo de manguezal, restinga e brejos. Na restinga, poderia ter colocado em cestas de tabuas feitas por nativos, nossas frutas nativas como a pitanga, araçá, aperta, bacupari, cabeluda, pastora, camboim, coquinho e mandacaru e por aí vão, além de encontrar o espetacular lagarto de rabo verde, o lagarto teiú e a perereca pigmeu, além de se vislumbrar com lindos gravatás e bromélias coloridas. Na lagoa de Iquipari se encantaria com o fenômeno da bioluminescência de micro-organismos que projetam luzes na superfície da água durante a noite. Na lagoa do Açu saborearia o "Vôngole" ou conhecido como ostra. No mangue se encantaria com a astúcia dos caranguejos uçás, os maçaricos, batuíras e baiagus alimentando-se de crustáceos, vermes e moluscos. Apreciaria também o vôo do carão, o carcará, o biguá, o anu preto e branco e os diversos ninhos de guache, aves da região também.
Em algumas áreas arenosas de nossa terra sentiria uma "coceirinha" nos pés por causa da presença do "Tunga penetrans", popularmente conhecido como bicho-de-pé, e isso seria parte de seu estudo das evoluções das espécies também, por incrível que pareça.
Saborearia a água de beber das inúmeras cacimbas abertas em nosso território - naquela época ainda límpidas e sem agrotóxicos - e se inspiraria à prever que este subsolo continha - trancado nas rochas profundas - aquíferos de excelente qualidade como o Emboré, Barreiras Recente e Exutório. Não pára por aí, conheceria um austero porto fluvial onde a quantidade e qualidade de pescado era comercializada intensamente, repararia alguns engenhos de cana-de-açúcar da região funcionando a todo vapor, enfim, teria muitas anotações em suas pesquisas, como assim os fizeram em São João da Barra, os nobres visitantes naturalistas em período imperial o Príncipe Maximiliano e August Saint Hilaire.
Hoje sabemos da importância de seu trabalho para o mundo e de discussões sobre o tema, que são muito calorosas (Evolucionismo e criacionismo). Os Municípios brasileiros em que Darwin visitou fazem parte de um circuito de turismo científico denominado "Caminhos de Darwin". Só faltou ver São João da Barra Darwin ! Se ele tivesse visto, sairia ainda mais satisfeito com sua produção científica, pois recebemos neste antigo porto fluvial muitos ingleses e já tivemos até consulado do Reino Unido também! Porque não fazemos em São João da Barra um circuito denominado "Caminhos de Saint Hilaire " e "Caminhos do Príncipe Maximiliano"? Taí a dica.

Ilustração: Roteiro de Darwin no Rio de Janeiro.

Para os leitores do Blog, separei alguns sítios sobre o tema:

http://www.uol.com.br/instanqua/info13.htm http://www.estado.com.br/jornal/suplem/viag/98/09/01/viag015.html http://www.jornalismo.cce.ufsc.br/darwin.html http://www.darwin.g12.br/diversos/biografiadarwin/biografia.htm

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