sexta-feira, 19 de junho de 2009

HOJE TEM O BANDO NAS RUAS SANJOANENSES

O Grupo "Nós na Rua", resgata a tradição sanjoanense desde a sua fundação. Uma dessas tradições é o "bando", onde um grupo de pessoas sai às ruas contando histórias do cotidiano das pessoas, em anonimato ou apelidos, de forma satírica e muitas vezes em cima de uma charrete ou carroça enfeitada. Veja abaixo um "Bando" feito em 27/06/1964, encontrado nos arquivos do Saudoso escritor e historiador sanjoanense João Oscar:
Bando de São Pedro 27/06/1964 Meus senhores, em nome do tesoureiro Desta festa que está hoje começando Eu vou nestes versos anunciando A festa de São Pedro Que do véu é do chaveiro e o paradeiro Vou também contar fatos engraçados Mas não quero que fiquem encabulados Não há ofensas. Estou representando hoje a imprensa Anunciando desta festa os atos Alguns modernos, outros velhos, chatos Mas tradicionais; A tradição tem coisas imortais Ouçam com atenção e paciência Que venham fiéis de Convivência De Barcelos, Gargaú e Quipari Também os de Atafona e Grussaí Pra grande festa. Há muitos anos não há igual a esta Começou hoje com o futebol e agora o “bando” Descrevendo os atos e de quando em quando uma piada. Com pimenta e também pouco salgada E como todos nós somos de casa La vai a brasa!!! O Cuda é um bom barbeiro, homem de sorte. Disse uma jovem: - quero amá-lo até a morte! Disse alguém: - O Cuda, senhorita, é bem jeitoso e perfumado! O maior roubo aconteceu em São João Nonô carcereiro e seu sobrinho Com bastante alpiste no biquinho Comeram o peru de seu Nhôzinho Depois de toda a confusão, Galista ferrado e jururú Falou assim para o gatão: -estou gostando do peru! Um amor diferente aconteceu Com um casal de família muito boa Enquanto a mulher foi fazer lenha O marido namorou uma leitoa. Os festejos de São Pedro, é pra valer! Assim disse-me o Bimbinha tesoureiro Teremos o porco encebado E alvorada pelo Corpo de Bombeiro. Já estou ficando cansado De anunciar Coisa que não devo Mas não sou eu senhores, que isto escrevo Com velha boça, Até a hora em que for chegando aquele tal casamento da roça È coisa antiga, mas com nova boça Muito engraçado, Teremos outro ato mais gozado, A quadrilha que será daquele jeito, Podem esperar, vai ter grande efeito! Risos a valer. E agora mais novos assuntos de fatos locais: Sobre brigas de marido com mulher Que caiba a carapuça em quem couber Se houver razão. Briga entre casais, isto é, discussão É coisa comum e passageira Mas este caso foi por bebedeira E daí – um palavrão... Em seguida, sem demora, um bofetão. Soco pra lá , soco pra cá e o pau comeu Passou o dia e logo anoiteceu Não acham que a noite, devia ser cruel? E o par amanheceu em feliz lua de mel. Vontade feita Existe uma bela casa da rua direita No jardim onde plantaram jasminzeiro Más por encanto nasceu um tomateiro Podem ver os tomates com o seu dono Outro caso: nossa terra vive em abandono Onde certos casais na escuridão Procuram dar soldados a nação Com cegonha! EUA acho que isto é uma vergonha Assim falou Chico Roberto Neste assunto sempre foi muito correto Sem pecado! Hoje ele está velho e cansado, Triste, muito triste e jururu E agora é enfermeiro da Sandu e aposentado. Vou contar mais um fato aqui passado Filha única, órfã, criada pela tia De namoros com um rapaz ela vivia Sempre agarrada! E a velha prendeu-lhe bem trancada E em apenas quatro meses só, a tia era vovó! Um caso foi contar de fazer dó, O leão da Leopoldina , um safoneiro Em um lar pobre esse desordeiro Com lábias iludiu uma menor Em nossa terra isto é caso muito raro Mas o bandido acabou pagando caro Um dinheirão! Na corrida, vai haver uma atração “Padre Nosso”, “pé-de-rodo” e o “Ivan” Disputarão um troféu, isto amanhã E o Claudinho engolirá uma maçã Com seu bocão... Muito breve nas praias, no verão Como Adão, os homens vão andar, E as mulheres vão a mãe Eva imitar, E desse modo até do mundo o fim, Vamos assim... Dessa forma talvez se encontre um jeito, De haver mais moral mais ordem e respeito, Pois tudo escondido é cobiçado E estando à mostra a gente fica acostumado E a prova é essa, antigamente um homem Novo se sentia quente, só em ver da mulher o tornozelo Hoje a gente vê os contornos sem o selo É tudo natural! E agora a moda principal A maneira de um jovem se casar É a esperança de um terno ganhar E os sapatos? E só se casam com esses contratos. O Natail é noivo há quinze anos Já está no rol dos veteranos E para o ano vindouro, em fevereiro, Desta festa José , o Tesoureiro, É quem vai pro casamento dar o terno E os sapatos? Diz o sogro! Isto tudo é um inferno Tenho que dar. (continua...)

Um comentário:

Nós na Rua disse...

Que maravilha! Vou colocar esse poste no blog do grupo! Obrigada!!
abraços,
Ana Carolina