sábado, 6 de setembro de 2008

HELOÍSA CRESPO ENVIA O GRITO ABAFADO DO RIO PARAÍBA DO SUL

GRITO ABAFADO Já não me sinto tão forte. Eu teimo em ficar vivendo, desrespeitado, ofendido. Tantas agressões sofrendo... Em todo o meu leito existe marcas fortes, não dos ventos, mas dos sádicos, algozes que me matam todo o tempo. São golpes fortes, violentos, como agora recebi, envolto numa espuma, que é puríssimo veneno. O meu corpo enlameado e eu sozinho agonizo... Quem me acode, me socorre? As forças estou perdendo... Ah, eu não quero morrer! Tenho tanto por fazer, tanta sede pra matar. Tanta gente que alimento, que tiram de mim o pão para o seu próprio sustento. Grito, choro a minha dor. De socorro, só silêncio... Sou o velho Paraíba. As forças estou perdendo e eu não quero morrer! Aos poucos estou morrendo... *Heloísa Crespo é da Academia Campista de Letras (Poema feito no período da poluição do rio Paraíba do Sul por causa do derramamento de lixívia da Cataguases Celulose, em 2003).