domingo, 14 de setembro de 2008

PAINEL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS CONDENA SÃO JOÃO DA BARRA AO DESAPARECIMENTO

ESTUDO APONTA PERIGO DE DESAPARECIMENTO
Não vem aí bom tempo. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, elaborado nos Estados Unidos e apresentado na 4ª Reunião do Fórum de Mudanças Climáticas da Federação da Indústria do Rio de Janeiro (Firjan) mostra uma verdade inconveniente e assustadora. Se o aquecimento global continuar no ritmo atual, nos próximos 70 anos, cidades litorâneas do estado poderão ser afetadas pela elevação do nível do mar. Nove pontos do litoral fluminense foram identificados como os mais vulneráveis, entre eles os balneários de Atafona e Grussaí, em São João da Barra. MUNICÍPIO DE MACAÉ PODE AFUNDAR
O professor Paulo Rosmam, da Coppe/UFRJ, um dos responsáveis pelo estudo, disse que as planícies da Baixada Fluminense são depósitos relativamente recentes que absorvem umidade e afundam. — Além do problema da elevação do nível do mar, há o do afundamento do terreno — garante o autor do “Estudo de vulnerabilidade climática do litoral do Estado do Rio de Janeiro”. Esse estudo coloca a cidade de Macaé como área de risco, o que já tinha sido apontado pelo IBGE: aquela parte do litoral fluminense tende a ficar abaixo do nível do mar. Outro professor, Carlos Nobre, do Instituto de Pesquisas Espaciais, alerta para os efeitos na vegetação. “Os fragmentos de vegetação que se mostram mais sensíveis são os do Norte do Estado, onde a floresta tende a se tornar savana. Na área central, onde há Mata Atlântica mais densa, a tendência é de uma floresta mais rala”, disse. Segundo Marlene Ramos, é a partir desses estudos que o estado vai compor os chamados indicadores de vulnerabilidade, com os quais será possível formular projetos para as áreas mais sensíveis, com o objetivo de evitar efeitos tão agressivos.
GASES DO EFEITO ESTUFA SÃO OS MAIORES VILÕES
O grande pivô do problema são os gases de efeito estufa. No fórum da Firjan, duas importantes parcerias foram firmadas: uma com a Videofilmes, que plantará três hectares de florestas para compensar a emissão de gases nas filmagens de “Linha de Passe” do cineasta Walter Salles Júnior. A outra é com a Empresa de Obras Públicas e a Cehab, inserindo em seus catálogos material ecológico. Outras parcerias estão para ser firmadas. Cientistas vão aconselhar a Petrobras e os municípios produtores de petróleo a constituírem fundo para obras de contenção. Os ambientalistas afirmam que o assunto, por indicar risco eminente nas próximas sete décadas, não assusta as pessoas, quando deveria. Eles vão mais longe ao considerar o estudo otimista. Para eles, a elevação do nível do mar poderá ser sentido de forma contundente nos próximos 20 anos. Macaé já formou grupo de pesquisadores para elaboração de um estudo sobre seus reais riscos no futuro. *Aloysio BalbiEmail: aloysiobalbi@fmanha.com.br Fonte: Folha da Manhã 14/09/08 – Regiões.

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