

André Pinto traz à tona o nome de um vulto sanjoanense, através de pesquisa na internet, tendo comunicado a descoberta ao jornalista Carlos Sá que também fez uma busca da vida e obra deste homem tão importante para a história do Brasil. Um dos maiores antropólogos do Brasil e que chegou a receber a medalha Grã-Cruz por trabalhos científicos realizados.
CORDEL EM HOMENAGEM AO PROFESSOR LUIZ DE CASTRO FARIA (1913 -2004)
O PROFESSOR EMÉRITO
Vou abrir essa toada
Cantando com alegria
A vida do professor
Luiz de Castro Faria
Um pensador incansável
De nossa antropologia
Mil novecentos e treze
Em São João da Barra nasceu
Foi aluno do São Bento
E um diploma mereceu
Depois na Praia Vermelha
Num concurso se inscreveu
Edgar Roquette-Pinto
Foi quem fez a argüição
Podia ter dado zero
Pela resposta à questão
Sobre o que não estava escrito
Na prova de seleção
Assim que Castro Faria
Muito bem se defendeu
Roquette-Pinto gostou
E um dez logo concedeu
Aprovando sua entrada
Para estágio no Museu
Museu Nacional que fora
Imperial moradia
Na Quinta da Boa Vista
Área de Antropologia
Heloísa Alberto Torres
Era quem lhe dirigia
Foi então que em 37
Partiu para a expedição
De Claude Lévi-Strauss
Por estradas do sertão
Chegando à Serra do Norte
No meio da imensidão
Cruzaram de todo jeito
Floresta, cerrado e rio
Seringal, garimpo, aldeia
Nessa viagem febril
Nambiquaras e tupis
Encontraram no Brasil
Faz Castro etnografia
Da habitação popular
Do embarque em pescaria
E da vida em alto-mar
Dos mercados na Bahia
E cerâmica karajá
Fez Castro arqueologia
Explorando nas areias
Das praias catarinenses
Os vestígios das aldeias
Nas jazidas de Laguna
De sambaquis sempre cheias
Pensando Euclides da Cunha
Um sertanejo valente
Seu cérebro sobre a mesa
Do professor nunca mente
Que é conhecedor profundo
Do que pensava essa gente
De Oliveira Viana
Obra e metodologia
De Edgar Roquette-Pinto
A nacional pedagogia
E de Augusto dos Anjos
As moneras da poesia
Foi a Cambridge, Inglaterra
E Musée de l’Homme em Paris
Lá na França foi bolsista
Da Unesco mas não quis
Curvar-se ao colonialismo
Cultural desse país
Voltou e em 53
Participou da primeira
Reunião dos antropólogos
Da nação brasileira
Com Heloísa, Egon Schaden,
Bastide e Oracy Nogueira
Baldus, Thales de Azevedo,
Galvão e Darcy Ribeiro,
Bastos d’Ávila, Altenfelder,
René e Édison Carneiro
Cardoso e Mattoso Câmara
Zés Bonifácio e Loureiro
Depois disso, eles fundaram
A Associação Brasileira
De Antropologia, a ABA,
Na qual ocupou primeira
Gestão o professor Castro
Orgulho em sua carreira
Foi diretor do Museu
Escute você agora
Castro foi quem fez o laudo
Que pedia sem demora
O enterro das cabeças
De Lampião e senhora
Professor da Fluminense
É mentor à revelia
Da Escola Galo-
Fluminense de Antropologia
Onde o índio Araribóia
Teve a sua sesmaria
Da etnologia até
O estudo regional
O Brasil da teoria
E pensamento social
O emérito professor
Sabe ensinar sem igual
Casado com a prima Elza
Também da terra campista
Ambos contrariam o adágio
“Nem a prazo nem a vista”
Tanto a vista quanto a prazo
Castro é grande cientista
Luiz de Castro Faria
Não é homem que se esqueça
O seu pensamento vivo
Todo dia recomeça
Castro é oito e oitenta
E deu tigre na cabeça
*Seu aluno, Felipe Berocan Veiga,
05.07.2001
Luiz de Castro Faria
Nome Científico: Faria, L.C.
Nacionalidade: Brasileira
Área: Ciências Sociais e Humanas
Classe: Grã-Cruz
Data de Ingresso como Grã-Cruz: 15/10/1998
Nascimento
Data: 05/07/1913
Cidade: São João da Barra
Estado/Província: Rio de Janeiro, RJ
País: Brasil
Endereço
Rua Desembargador Oliveira Machado 24/201
Icaraí - Niterói - Rio de Janeiro - Brasil - 24220-000
Pesquisas
Teoria e método em Antropologia.
Sistemas econômicos indígenas.
História do pensamento social brasileiro.
Etnologia regional.Arqueologia.
Títulos
Professor universitário (Antropologia) - Faculdade Fluminense de Filosofia - 1953.
Estagiário (Antropologia) - London College - 1953.
Professor titular aposentado - Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, MN/UFRJ.
Professor titular aposentado - Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Federal Fluminense, ICHF/UFF.
Professor de pós-graduação (Antropologia social) - UFRJ.Professor emérito - UFF - 1979.
Professor emérito - UFRJ - 1984.
Histórico
Mestre de várias gerações de professores e especialistas no vasto campo da Antropologia, o Professor Luiz de Castro Faria começou a sua trajetória profissional em 1938, participando, como representante do Museu Nacional - MN e do Conselho de Fiscalização da Expedições Artisticas e Científicas - CFE, da última grande expedição etnográfica do século XX, a Expedição à Serra do Norte que foi chefiada por Claude Lévi-Strauss. Desde 1936 era "praticante gratuito" do MN e finalizava também o curso sobre Museus, onde ministrou seus primeiros seminários sobre Etnografia, Arqueologia e Antropologia física. Teve também intensa participação nas atividades culturais da cidade, participando do círculo de intelectuais (em torno de Rodrigo Mello Franco de Andrade) ou fundando o Movimento Social Brasileiro, onde deu seus primeiros cursos sobre literatura brasileira. Ele tem a sua vida profissional reconhecida menos pelos títulos acadêmicos que ostenta, como os de professor emérito das duas universidades às quais serviu por mais tempo, a UFRJ e a UFF, ou pelas incontáveis teses que orientou, mas, principalmente, pelo exemplo de seriedade intelectual aliado à dignidade pessoal que sempre passou para seus alunos. É, certamente, o decano da Antropologia brasileira. Fundador e grande incentivador dos cursos de Antropologia da Universidade Federal Fluminense - UFF e de Antropologia Social no MN. Além das orientações de teses e dos inúmeros trabalhos acadêmicos e de divulgação científica publicados desde a década de 1940, Castro Faria pronunciou centenas de palestras e conferências, organizou e presidiu simpósios, seminários e congressos. Vários dos seus pronunciamentos estão agora reunidos nos dois volumes de "Escritos Exumados". As suas aulas sempre foram famosas e atraíram alunos do país inteiro e também de diferentes ciências que não somente da Antropologia. Foi fundador e o primeiro presidente da Associação Brasileira de Antropologia - ABA (1954/1956) da qual nunca se desligou. É membro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC, da Sociedade Brasileira de Genética, da Sociedade Brasileira de Anatomia e da Sociedade Brasileira de Geografia. Dentre as associações estrangeiras, pertence à American Anthropological Association, USA, ao Royal Anthropological Institute of Great Britain and Ireland, às Societé d'Anthropologie de Paris, Societé d'Ethnographie Française, American Association of Physical Anthropology e à Associación Latino Americana de Sociologia - ALAS.
Prêmios
Condecorações
Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico - Presidente da República do Brasil - Out/1998.
Publicações Selecionadas
-FARIA, L.C. 1942. A Antropologia no Brasil e na Tradição do Museu Nacional.
- Revista do Brasil., p. 84-90.FARIA, L.C. 1959.
-A contribuição de Roquette Pinto para a Antropologia Brasileira.
-Boletim do Museu Nacional., no. 25.
-FARIA, L.C. 1978. Populações Meridionais no Brasil - ponto de partida para uma leitura de Oliveira Viana.
- Boletim do Museu Nacional., no. 29.
-FARIA, L.C. 1987. Sistemas de Ensino - Escolas de Direito e Genealogias Intelectuais., Rio de Janeiro:AJUP.FARIA, L.C. 1988.
-Antropologia, Escritos Exumados.:Espaços Circunscritos - tempos soltos. Niterói, RJ:EDUFF, 1º vols.
MAIS HISTÓRIAS...
Em 1938, o jovem antropólogo brasileiro Luiz de Castro Faria, entao com 24 anos, estufou sua bagagem com uma câmara fotográfica e uma pilha de cadernos em branco, partindo rumo a Mato Grosso. Era o representante do Museu Nacional (Rio de Janeiro, RJ) em uma das excursoes mais famosas da história da antropologia deste século: a expediçao a Serra do Norte, liderada pelo etnólogo frances Claude Lévi-Strauss e registrada mais tarde no clássico livro Tristes Trópicos, livro-marco da antropologia mundial. O 'batismo' profissional de Faria duraria seis meses, numa viagem que começou em Cuiabá, em 6 de junho daquele ano, e chegou a Porto Velho (RD), seis meses depois. Por cerca de 60 anos, Castro Faria, hoje professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e docente da Universidade Federal Fluminense, manteve inéditas em sua biblioteca particular cerca de 800 fotografias, bem como seus diários. Esse material, até agora inédito, revela agora um outra visao da famosa expediçao. 

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