domingo, 21 de setembro de 2008

PORTO SUL EM ILHÉUS SE PARECE COM PORTO DO AÇU E VIVE O MESMO PROBLEMA

PLANTA DO PORTO SUL EM ILHÉUS - MERA SEMELHANÇA COM O PORTO DO AÇU...
NO PROGRAMA DO REPÓRTER-ECO DESTE DOMINGO 21/09/08 MUITAS QUESTÕES FORAM LEVANTADAS PELA CONSTRUÇÃO DE UM MINERIODUTO E UM PORTO EM ILHÉUS. VEJA O QUE É O PORTO SUL.
PORTO SUL EM ILHÉUS - UM PORTO E MINERIODUTO PARA A BAHIA
O escoamento da produção da jazida de ferro da região de Caetité, distante 757 quilômetros de Salvador, é um dos projetos-âncora do Complexo Portuário Porto Sul, que será construído na área da Ponta da Tulha, em Ilhéus.
Com investimento de US$ 1,6 bilhão e explorada pela Bahia Mineração Ltda, a mina vai possibilitar a extração de 25 milhões de toneladas de ferro por ano, o que levará a Bahia ao posto de terceiro maior produtor de minério de ferro do país, ao lado de Carajás, no Pará, e do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais.
O superintendente de Comércio e Serviços da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração do Estado (Sicm), Antônio Celso Pereira Filho, afirma que o projeto prevê a instalação, até o ano de 2010, na região de Caetité, de uma das mais modernas mineradoras de ferro do mundo – um complexo composto de mina, unidade de concentração de minério, minerioduto e adutora de abastecimento de água, utilizada para o escorrimento do minério concentrado nos dutos.
Nos estágios iniciais de estruturação do projeto há o processo de mineração e beneficiamento do minério e a construção de um minerioduto de 400 quilômetros, que conduzirá o ferro concentrado (transformado numa espécie de polpa) até o novo porto, também integrante do sistema.
Segundo o superintendente, a jazida de minério de ferro já era conhecida, mas passou a ser explorada a partir do aumento do valor da commodity, causado, principalmente, pela grande demanda de países como China e Índia. O principal destino de exportações da Bahia Mineração é mesmo o mercado asiático, mas o protocolo de intenções assinado entre a empresa e o Governo do Estado, em março de 2007, prevê que, se houver igualdade de preço para a venda do mineral para clientes nacionais ou estrangeiros, a prioridade será dada ao mercado interno.
Porto Sul
O novo complexo portuário tornará viável a exportação do minério de ferro da grande jazida de Caetité. A área total que será concedida à Bahia Mineração, no Porto Sul, tem previsão ideal de 498 hectares, demarcados no limite norte da Poligonal, no extremo oposto ao Aeroporto Internacional de Ilhéus – um dos braços do sistema intermodal de transporte, que inclui também a Ferrovia Oeste-Leste, hidrovia e rodovia. A ferrovia também convergirá para o novo porto de Ilhéus, fazendo a ligação deste município com os estados de Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Distrito Federal.
O investimento total do projeto é da ordem de R$ 4 bilhões. A estimativa é que os três blocos principais de ferro já detectados na região têm reservas de quase 4 bilhões de toneladas. Além do ferro do Caitité, volumes potenciais de outros jazimentos minerais espalhados pelo território baiano – uma área que estende-se por parte do sudoeste até o município de Xique Xique, no Vale do São Francisco – terão como ponto de embarque para exportação, o Porto Sul.
O complexo portuário, integrado ao sistema intermodal de transporte, fará da Bahia mais um corredor de comércio exterior do Brasil, agilizando o escoamento de minérios, grãos e cargas conteinerizadas. Pereira Filho enfatiza que o projeto é de grande importância para o desenvolvimento sócio-econômico do sul do estado, com previsão de gerar de 8 a 10 mil empregos na primeira fase de implantação.
Além de solucionar o problema de gargalo dos portos da Bahia, o Porto Sul será ainda ponto de apoio para outros estados que estejam com saída de portos comprometidos, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo.
Outra meta significativa é criar mecanismos de atração de importações para o novo complexo portuário, por meio de programa específico de incentivos fiscais, e da instalação de grande terminal de conteiners – equipamento necessário para se operar as cargas com real valor agregado na corrente de comércio exterior.
A escolha da Ponta da Tulha para a implantação do complexo portuário resultou de um amplo estudo que levou em conta desde o início as questões ambiental e social. A Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e o Centro de Recursos Ambientais, participaram, junto com as secretarias da Indústria, Comércio e Mineração, Planejamento, Infra-estrutura e a Casa Civil, dos processos de pesquisa, priorizando o distanciamento e a preservação de áreas de proteção ambiental.
Além disso, o Porto Sul será “off shore”, com as embarcações atracando a 3 quilômetros da praia, evitando danos para o ecossistema local. As profundidades naturais são excelentes nesse sítio, chegando a 19 metros a 2,7 quilômetros da praia, com fundo rochoso livre de assoreamento. Nas áreas operacionais imediatamente contíguas à ponte, haverá sempre a formação de cinturões verdes com espécies nativas dos biomas e de mata atlântica ao redor de cada construção.
O QUE O INSTITUTO FLORESTA VIVA ACHA DO EMPREENDIMENTO PORTO SUL DA BAHIA?
Desde que o governo da Bahia anunciou, em janeiro deste ano, um novo porto internacional na costa entre Ilhéus e Itacaré, a sociedade civil em Ilhéus debate intensamente, sem a atenção da mídia brasileira e internacional. Denominado Porto Sul, o projeto contempla recursos de R$ 4 bilhões e, segundo o anúncio oficial, envolve aeroporto internacional, ferrovia Oeste Leste, minérioduto, retroporto, e uma nova zona industrial. O concreto agora é o escoamento do minério de ferro de Caetité para a China. A cidade, mais conhecida na Bahia pela produção de urânio, estaria sendo conectada a Ilhéus através de parceria público privada com a Bahia Mineração Ltda. O Diário Oficial do dia 19 de março anunciou a abertura de 10 mil empregos.
Em 4 de janeiro, o governo criou um GT entre as secretarias do governo para gerar um estudo preliminar, capaz de selecionar áreas potenciais para a construção do porto. A primeira apresentação dos estudos, a um mês atrás, indicou que a melhor área fica a 20 Km da cidade de Ilhéus, ao lado de uma imensa lagoa natural, conhecida como Lagoa Encantada. O mirante de Serra Grande seria impactado pela nova imagem, com um porto em alto mar e grandes navios ao seu lado.
O Sul da Bahia possui extensas praias ainda preservadas, conhecidas como das mais bonitas do Brasil. Itacaré é um dos destinos mais citados pela mídia especializada desde que a rodovia, em 1998, a ligou a Ilhéus, 65 Km ao sul. Conhecida como estrada parque e construída com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, toda ela passa por áreas de proteção ambiental. O Ministério do Meio Ambiente elegeu esta região como área prioritária para implementar corredores ecológicos, já tendo investido no Parque Estadual da Serra do Conduru para a elaboração do Plano de Manejo, com recursos do Banco Mundial. A APA de Itacaré Serra Grande hospeda florestas com altíssima diversidade de árvores lenhosas, Record mundial detectado pelo New York Botanical Garden e CEPLAC, Órgão de Cacau do Sul da Bahia. Além de árvores, a região hospeda muitas espécies ameaçadas de extinção, como o macaco prego de peito amarelo (Cebus xanthosternos), mutum do nordeste (Mitu mitu mitu) e a preguiça de coleira (Bradypus torquatus).
O receio dos ambientalistas é de que as áreas protegidas e a economia do turismo sejam comprometidas irreversivelmente pela nova lógica de povoamento da costa – o que inclui imensa área de beneficiamento de minério de ferro, similar ao que ocorre na Grande Vitória, propagando fuligem mineral em um raio de 30 Km. O mais grave: sem estudo de impactos ambiental, o governo decretou como utilidade pública área de 1780 hectares para minerioduto e retroporto. O aeroporto consumiria mais 700 hectares em plena Área de Proteção Ambiental da Lagoa Encantada, sobre remanescentes florestais e ao lado de povoados de pescadores artesanais, a exemplo Areias, Juerana e Ponta da Tulha.
Rui Barbosa da Rocha, 41 anos, diretor do Instituto Floresta Viva e professor da Universidade Estadual de Santa Cruz, atua a 18 anos em meio ambiente e desenvolvimento sustentável na Amazônia e Mata Atlântica. Sua instituição, em parceria com a universidade, empresários e comunidades locais, desenvolve trabalhos em agroecologia, ecoturismo e unidades de conservação no Sul da Bahia.
PARA SABER MAIS SOBRE O PORTO SUL EM ILHÉUS,
ACESSE:
*Pesquisa: André Pinto

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