terça-feira, 12 de maio de 2009

PROJETO PÓLEN E SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE REALIZARAM EXPEDIÇÃO AO MANGUEZAL DA APA DA CEHAB

Foto: APA da CEHAB vista pelo rio Paraíba do Sul. Crédito da foto: Arleide Ferreira - Projeto Pólen São João da Barra.
Expedição Ambiental nos Ecossistemas do Norte Fluminense. Pólo Campos dos Goytacazes, Pólo São Francisco do Itabapoana, Pólo São João da Barra.
I Expedição no manguezal da APA da CEHAB e Pontal. Local: Atafona – São João da Barra. Dia: 27/04/2009
O objetivo do trabalho integrado ao conhecimento e reconhecimento dos ecossistemas e municípios é a possibilidade de promover o desenvolvimento de percepções mais aguçadas, fomentando estímulos para uma Educação Ambiental coesa e coerente. Assim sendo, ocorreu no período da manhã do dia 27/04/2009 a primeira visita aos manguezais de Atafona. Iniciamos o percurso no rio Paraíba do Sul sentido Manguezal da CEHAB, com auxílio de barcos motorizados e equipamentos como bóias. Porém, o evento ocorreu pelo considerável Capital Social dos três Municípios e Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, que ali se faziam presentes em sua essência. Enquanto ouvíamos o barulho das águas e contemplávamos o belo cenário, o historiador, ambientalista e guia da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos, André Pinto, revelava-nos algumas histórias sobre as vegetações observadas pelos caminhos, dentre elas a espécie de vegetal bastante comum na região, a tábua tão utilizada no artesanato das cestas, esteiras e outros utensílios. André Pinto afirma também que existem estudos que comprovam que a vegetação serve de despoluente muito eficaz dos rios, lagos e córregos. Com relação a estas e outras vegetações o repasse de seus conhecimentos ampliaram nossos horizontes, principalmente quando passávamos enfrente a área que ocorrerá a Unidade de Conservação – UC da APA da CEHAB. Ali detalhou-nos a importância da conservação dos últimos remanescentes de manguezais e sua grande influência ao ecoturismo. Entre uma história e outra, relatou-nos a existência de aves no Município que migram num determinado período do ano e o retorno das mesmas aves em outro período do mesmo ano. De forma tímida, poucas sobrevoavam naquele momento embelezando o cenário. Até que resolvemos parar um pouco. Desembarcamos dos barcos e ficamos numa parte de terra rodeada pelas águas do rio e praticamente em forma de círculo ouvíamos o André Pinto contar-nos com detalhes a história da região Norte Fluminense. Segundo André Pinto, São João da Barra iniciou sua história com Lourenço do Espírito Santo, um pescador de Cabo Frio que em 1622 atraído pela pesca farta veio fixar moradia com mulher e filhos, na região inabitável, fechada que pertencia a Coroa Portuguesa. Ocorrendo assim, o primeiro núcleo do povoamento Norte Fluminense. Atualmente localizada a Igreja Nossa Senhora da Penha, em Atafona. Depois de algum tempo, a esposa de Lourenço morre afogada em uma enchente do Rio Paraíba do Sul. Ele então, segue em direção ao Pouso Tropeiro, ali ergueu uma igreja, chamada atualmente de São João Batista, iniciando a povoação em 1630. São João da Barra assim, foi elevada a condição de cidade em1850. Falou-nos de uma das características da praia de Atafona, o vento nordeste de grande intensidade de agosto a dezembro. A fúria do vento é respeitada até hoje pela comunidade pesqueira. “Quando o vento muda, e o nordeste passa a castigar a praia, as embarcações permanecem em terra para evitar naufrágios, muita gente desapareceu junto com o barco em épocas de ventania”. Ainda segundo ele foi a partir da década de 60 que começou a invasão do mar em Atafona e a fúria cada vez maior do vento invadindo a praia com areias. Na década de 70 houve a explosão do turismo, pois o balneário era visto com sua areia monazítica uma área importante para saúde. Neste momento resolvemos retornar aos barcos e seguirmos sentido São João da Barra e observando as ilhas fluviais por qual passávamos, vimos o manguezal invadido, resultando-se em ocupações imobiliárias irregulares, ocupações com a criação de gados, e assim, importantes áreas de vegetação de mangue vermelho, preto e branco suprimidas. Chegando ao cais, desembarcamos, providenciamos o almoço e logo seguimos sentido manguezal do Pontal de Atafona. Utilizamos a ponte suspensa existente para observarmos o local, que apesar de bastante degradado antropicamente, sua dinâmica ainda o sustenta e segue seu próprio percurso, demonstrando ainda a frágil vitalidade. Magnífico local, que percebemos nas margens lamosas alguns poucos animais nativos, provenientes da própria cadeia alimentar. O mangue produz alimento para os peixes, serve como área de reprodução para vários animais e funciona como filtro biológico. Este pequeno manguezal é o único da foz do rio Paraíba do Sul e percebemos vegetação lenhosa, outros ramos com raízes fixadas a terra e outras entrelaçando-se em outros ramos, tipicamente nativa, assim como outras com características inativas. A restinga propulsora fixava-se a areia e concomitante a areia fixava-se ao solo. Arthur Soffiati é um defensor ferrenho dos pequenos manguezais na região e sua opinião é que transformando a região em Parque Nacional, com finalidade turística poderá salva-la da ambição humana.

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