O BANDO - UMA TRADIÇÃO SANJOANENSE QUE NÃO DEVE SER ESQUECIDA

O saudoso escritor sanjoanense João Oscar tem anotado em seus caderninhos de páginas amareladas algumas quadrinhas muito interessantes, que podemos identificar que foram utilizadas em "Bandos" por certos trechos da cidade. É assim a quadrinha:

Uma tourada em Madri

Ernesto queria ver

Dando carta branca a Cici

Para tudo resolver.

Enquanto o povo reclama,

Enquanto reclama o povo,

O Décio está desfilando,

Guiando o seu carro novo.

João de Zed foi pescar

Com Fernando de Chiquito,

Mas em vez de camarão

Pegaram cana e mosquito.

Sou campeão do Pontal

garante Genaldo Biluca,

Mas, é Campeão do Pontal

É mesmo, o Rui Sururuca.

O resultado do dia,

Se deu macaco ou carneiro...

O resultado do dia,

Quem sabe é Mário Pinheiro

João Benedito de Pato

Tomando um porre de atleta,

Além de perder a cabeça,

Perdeu sua bicicleta.

Quando dois times se encontram

No futebol desta terra

O estádio municipal

Parece um campo de guerra.

Nossa cidade já tem

Um jornal de muita garra,

Por isso é bom ajudar

A "Voz de São João da Barra"

Campos já está preparando,

Com fogos de artifício,

A festa de enforcamento

Do nosso João Patrício.

Hoje o Nonô "carcereiro"

Não bebe e não fuma porque

Fica lavando o fogão

Ou fazendo o seu crochê.

Com a história do Kung

Que não gosta de mulher,

Muito chinês por aí,

Está ficando lelé.

O bando era uma espécie de chamamento do povo, onde um grupo de foliões ou artistas ia de carroça de boi ou mesmo carroça enfeitada, passando por diversas ruas e lendo ou encenando situações engraçadas e curiosas do cotidiano dos moradores do local, provocavamo riso e as curiosidades das pessoas. O Grupo Nós na Rua resgata o "Bando" nas festividades da cidade. Viva a cultura sanjoanense!

O CASO DE FEIRA DE SANTANA , NA BAHIA...

Foto: Um bando sai às ruas de Feira de Santana, resgatando a tradição.

Em julho de 2007 a Universidade Estadual de Feira de Santana e os feirenses empenhados em resgatar a identidade e os valores culturais da cidade, levaram às ruas o Bando Anunciador da Festa de Santana, padroeira do município, que havia sido proibido em 1986, em razão de decreto municipal e de decisão da cúpula da Igreja Católica. Desse modo, os folguedos de rua foram suspensos, como a “lavagem da igreja”, a “levagem da lenha” e o Bando Anunciador. Originalmente, o Bando era composto de grupos procedentes de diferentes bairros da cidade e saía da praça da Matriz às 5 horas da manhã, com alvorada de fogos de artifício. Em julho de 2007, com programação organizada pelo Centro Universitário de Cultura e Artes (CUCA) foi oficializada a volta de Bando Anunciador às ruas da cidade. Houve exposição de fotos antigas do acervo do artista plástico Juraci Dórea, palestra sobre o tema, e no domingo a saída do Bando. Em 2008, entusiasmado com o projeto, o professor José Carlos Barreto de Santana, reitor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) afirmou que 2007 foi o ano da experiência. “Neste ano houve a consolidação do Bando Anunciador. As pessoas, em número bem maior, saíram de suas casas para ver o bando passar, para participar da festa. Isto é emocionante e demonstra que o projeto é da UEFS, mas o Bando é uma tradição da cidade, é do povo”. Além de proferir a palestra que antecedeu a saída às ruas do Bando Anunciador em 2007, registrei as fotos que publiquei hoje no PinFotos; elas também fizeram parte da exposição realizada nas dependências do CUCA em 2008. Como considero o projeto de grande importância para a cidade e para o povo de Feira de Santana, e em prol da luta pelo resgate da cultura local, acho que cumpri com a minha obrigação. Quem sabe os leitores estarão aqui no próximo ano para participar da festa? Serão bem vindos!