quarta-feira, 27 de abril de 2011

A DISPUTA DA TERRA EM SÃO JOÃO DA BARRA DURANTE A SUA HISTÓRIA

Estou cá, com meus botões, a pensar como a nossa terra sanjoanense já teve conflitos por causa de esbulhos, ocupações, desocupações e transferências de suas propriedades. Resolvi dar um passeio pelos livros de renomados historiadores da região e vi que os conflitos não foram poucos.

Começo com a saga de Pero de Góis, que tentou estabelecer uma Capitania por aqui (a de São Tomé) e levou flechadas e flechadas pelos índios goitacás até perder uma vista e desistir juntamente com seus aventureiros da colonização por estas bandas. Depois veio Gil de Góis, seu filho, e também foi colocado para fora das terras desta planície pelos selvagens. 

Vieram também os Assecas, ficaram com as terras de muitos por uma doação deveras estranha, mas perderam-nas para a Corôa Portuguesa novamente. São João da Barra (Vila de São João da Praya) já chegou até a pertencer à Província do Espírito Santo, no período de 1753 até 1832 e depois foi devolvida para a Província do Rio de Janeiro, num verdadeiro pingue-pongue.

Em certo ponto da história, tínhamos o nosso limite geográfico incluindo o Morro do Côco e perdemos este "pedaço orográfico" de terra para a vizinha Campos dos Goytacazes, por "dormência política". Tínhamos também o litoral norte do sertão, hoje São Francisco do Itabapoana e também perdemos pela emancipação (uma emancipação que o município criador ficou menor que o emancipado). Nem se fala de nossa Ilha da Convivência... Falam-se em localidades como Quixaba e Azeitona que estão em outro município, ao extremo sul, mas nós é que tomamos conta e pagamos a conta. Pergunta-se se estas serão nossas de direito algum dia?

Não posso me esquecer que as terras adquiridas pela extinta Companhia Leopoldina Railway - hoje pertencente à RFFSA que passou para o SPU, este último detendo grande parte do território sanjoanense, principalmente áreas da localidade de Atafona, é a legítima proprietária onde muitos moram e construíram seus sonhos. Serão estes ameaçados algum dia à devolução de seus patrimônios ao órgão da União?

Lembro-me que em anos recentes, até passeata dos sem-terra já tivemos em São João da Barra conduzida por centenas de homens, mulheres e crianças portando foices, rastilhos e enxadas, cruzando a rua dos Passos e chegando até à Igreja da Matriz de São João Batista. Depois vi as primeiras manifestações dos proprietários rurais do 5º distrito, aqui na sede, onde levaram seus produtos, extraídos com o esforço do próprio corpo, das arenosas terras das restingas do sul. Recentemente vi a paralisação do Porto do Açu, pela manifestação dos agricultores familiares que estão sendo desapropriados pela CODIN. O que mais virá? Teríamos abaixo de nós um depósito de pré-sal? Gás natural? Jazidas de areia monazítica? Dois importantes aquíferos com excelentes águas potáveis nós já temos!

Quantas questões históricas que envolvem as disputas desta terra de planície, hein!? Ainda dizem que a 3ª Guerra Mundial será pela falta D`água!. Então, tomemos muito cuidado!

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