sábado, 10 de outubro de 2009

E O POETA SANJOANENSE MANOEL BARRETO ESTAVA CERTO...

Foto: Horto Municipal de São João da Barra, um local que deveria ser chamado de Horto Municipal Manoel Barreto ! Srs. Vereadores, conheçam a história de "Barreto Sapateiro" e façam esta homenagem com carinho e gratidão ! Crédito da foto: Andre Pinto.
Hoje vi no programa matinal de sábado chamado "Globo Educação" uma matéria muito interessante que dizia respeito ao sucesso de uma escola rural de um assentamento agrícola do interior da cidade de Araraquara, em São Paulo, que me chamou muita a atenção. O bom exemplo da escola Hermínio Pagotto, da zona rural de Araraquara - SP, de como aproveitar bem a identidade local para incutir matérias de vivência daquela comunidade no currículo escolar, foi e é muito positivo, uma vez que os colaboradores escolares montaram viveiros de mudas para plantas medicinais e de madeiras de lei como a própria "teca" que são distribuídas para os pais das crianças daquela escola e comunidade. Trata-se do estudo do meio. Não pára por aí! As crianças promovem plantios nas escola, conhecem os nomes científicos das espécies trabalhadas que são da região de onde moram, aprendem a gerir economicamente a produção, interagem com o conhecimento de várias matérias da grade curricular, montam corais para resgate de músicas regionais e que traduzem o "modus vivendi" daquela comunidade entre outras atividades. Além disso, o próprio grêmio estudantil da Escola Hermínio Pagotto convoca a sociedade para debater assuntos ligados à preservação do meio ambiente e também à ecologia humana. Excelente! Assuntos conflitantes como queimadas de lavouras de cana-de-açúcar e também queimadas de lixo em fundos de quintais sempre são abordados pelos estudantes com os membros do assentamento. Taí um bom exemplo de uma escola da zona rural que desenvolve trabalhos de identidade locais, e, acima de tudo , valorizando o homem do campo,, com auto estima, que sem ele, os homens dos grandes centros passariam fome e miséria, porque ninguém come dinheiro. Este blog, tempos atrás, publicou uma matéria sobre a vida e obra do sanjoanense Manoel Barreto "O sapateiro poeta" e o Barreto fez uma matéria, certa vez, no Jornal "A Evolução" (de José Ângelo) da importância das escolas agrícolas no Brasil, num tempo em que nem se pensava em permancultura! É... o Poeta Barreto estava certo! Precisamos mesmo de mais escolas agrícolas como estas exibidas hoje no Globo Educação! Veja trecho da matéria visionária do sanjoanense Manoel Barreto, que em 1944 já mencionava a idéia de uma escola modelo rural: "(...)Mentalidade florestal! De onde sairá esta luz que nos iluminará a todos num só jato de sua emanação? Das escolas, naturalmente. Criaremos ao lado de cada escola rural um pequeno viveiro de mudas úteis nos reflorestamentos que, obedecendo á orientação do mestre ou mestra, será cuidado pelos alunos á guisa de entretenimento, animando-os com prelações botânicas. O lema dos trabalhos iniciais pode ser o que nos ensina proveitosamente o botânico Dr. A.J. Sampaio, “Plantar seja o que for, desde que útil”. Os resultados práticos imediatos seriam excelentes, e economicamente lucrativos para os educandos. Cada escolar plantaria no seu sítio um certo número de essências dos quais ele seria o “guarda”. A multiplicação desses viveiros seria, então, uma questão de querer fazer. E se atingíssemos a superprodução de mudas, recobriríamos com relativa facilidade os vazios arborigráficos das propriedades cujos donos de parcos recursos estão impossibilitados de assim fazer. Será fácil imaginar quantas inteligências não se destacariam, dedicando-se ao conhecimento dos nossos valores vegetais nativos e inexplorados. Mas o ponto de partida para essa iniciativa, será a criação do horto florestal. Felizmente, ele já está projetado pelo atual Prefeito de São João da Barra, Sr. Edeiweiss Nunes Ribeiro, e nesta cidade. A administração do horto determinará qual a espécie a experimentar em cada região e, sob o seu controle a expedição, cogitando da facilidade do transporte, etc, etc. Á primeira vista, parecerão utópicos estes rabiscos que aí vão, à mingua do tempo para dar uma bonita feição de tese, porém o futuro nos falará pelos algarismos dos fatos." São João da Barra, dezembro de 1944. Jornal “A Evolução”, ano XXI – São João da Barra, 24 de dezembro de 1944, número 21.

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