segunda-feira, 19 de outubro de 2009

EXPEDIÇÃO MACAÉ RIO DO FUTURO VAI MAPEAR MANANCIAL DA NASCENTE À FOZ

Expedição Macaé Rio do Futuro vai mapear manancial da nascente à foz Percorrer todo o rio Macaé, desde a nascente até a foz, cruzando os municípios de Nova Friburgo, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras e Macaé e mapeando sua flora e fauna, bem como os impactos e as modificações que o manancial sofre ao longo dos seus 136 km de extensão. Esse é um dos objetivos do Projeto Macaé Rio Sustentável, que com o patrocínio da Petrobras Ambiental, vai realizar entre os dias 19 e 30 a Expedição Científica Macaé Rio do Futuro. De acordo com o engenheiro João Bandeira de Freitas, coordenador da área de projetos especiais da Associação Cândido Mendes de Ensino e Pesquisa, o percurso da expedição deverá ser feito em 15 dias, com a equipe descendo a pé o trecho superior do rio. “O trecho seguinte será percorrido com botes infláveis preparados para descer as inúmeras corredeiras existentes no rio Macaé. O trecho final caracterizado por um canal retificado será feito com apoio de barco a motor”, explicou o coordenador. O ponto de partida será em Macaé de Cima, no município de Nova Friburgo. Uma trilha de cerca de duas horas vai levar a equipe até a nascente do rio Macaé. O percurso será percorrido no dia 20, terça-feira. No dia anterior vai acontecer o lançamento oficial do projeto, na Secretaria de Meio Ambiente de Nova Friburgo, com a presença do representante da Secretaria, Walblir Rozales; o secretário de Meio Ambiente de Macaé, Maxwell Vaz; o coordenador do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Nova Friburgo, Guilherme Sá; entre outras autoridades ambientais. Nos próximos dias, a equipe vai parar em pontos pré-determinados, como em Lumiar, Cascata, Barra do Sana, na captação de água da Cedae, passando pela trecho retificado, até chegar a sua foz, na praia do Pontal, em Macaé, onde o rio chega quase sem vida e recebe o esgoto gerado pelos moradores da região, além dos afluentes que descem da região serrana, carreando lixo e esgoto das localidades como Glicério, Córrego do Ouro, entre outros. Onde o rio nasce ... A cerca de 1.200 metros de altitude está localizada a nascente do rio Macaé, em meio a uma vegetação preservada na região conhecida como Flores-Macaé de Cima. É lá que estão localizadas as principais nascentes da Bacia Hidrográfica do Rio Macaé. A região é composta por diversas comunidades, muitos descendentes dos suíços que migraram por volta do século XIX, além de propriedades particulares, onde a Mata Atlântica encontra-se bem conservada e os moradores têm uma plena consciência em relação à preservação ambiental. O principal acesso a região se dá a partir da BR-116, em Muri, através de uma estrada de terra com cerca de 15km em boas condições, sendo apenas alguns trechos um pouco mais complicados. Este foi o caminho que a equipe técnica - formada por geólogos, biólogos e engenheiros florestais - do projeto Macaé Rio Sustentável percorreu no início do mês, quando pôde identificar algumas características da região, além de marcar os principais pontos de parada que o grupo vai fazer durante a “Expedição Científica Rio Macaé do Futuro”. A região de Flores-Macaé de Cima apresenta uma característica peculiar: chuvas intensas com índices pluviométricos muito acima da baixada litorânea, sendo este fato o principal contribuinte para a abundante vazão dos rios Macaé e das Flores, que se encontram ainda nesta região e descem em direção o ‘encontro dos rios’, onde se juntam ao rio Bonito. A partir daí, o rio Macaé passa a ser margeado pela Estrada Serramar, até chegar a BR-101 e desaguar no litoral macaense. Apesar de alguns conflitos, a Mata Atlântica em Macaé de Cima encontra-se bem preservada e a própria população tem consciência de seu papel na conservação e sua importância social, ambiental e econômica para a região, já que abriga as principais nascentes do rio Macaé, responsável pelo abastecimento de mais de 500 mil habitantes dos municípios que abrangem sua bacia (Nova Friburgo, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras e Macaé). A região ainda abriga uma grande variedade de espécies de bromélias e orquídeas, o que atesta o bom estado de conservação da floresta, já que elas são altamente dependentes do equilíbrio ecológico do ecossistema para sobreviverem. Por sua conservação, a região tornou-se um grande atrativo para pesquisadores, que passaram a observar a fauna e flora local e sua relação. Estudos mostram que em Flores-Macaé de Cima existem várias espécies de fauna e flora endêmicas, ameaçadas e em extinção. Na região, já foram identificadas três espécies de aves consideradas extintas no Estado do Rio de Janeiro (cuiú-cuiú, araponga e papo-branco), 31 espécies endêmicas da mata atlântica, além de ser uma das poucas localidades onde o grupo de ‘macuquinho negro’ tem sido encontrado, bem como o ‘saguí-da-serra-escuro’, espécie endêmica. Também já foram identificadas na região 43 espécies de mamíferos ameaçados de extinção, como jaguatiricas, onça parda, barbado, tamanduá, preguiça, entre outros; 214 espécies de pássaros, residentes e migratórios, como gavião, falcão, tucano, andorinha de coleira, anu, tapra,pica-pau, João de barro, araponga, lavadeira, siriri, sabiá, coleirinho, tié, etc. Projeto MacaéRio Sustentável O resultado da expedição será apresentado através de um conjunto de elementos, como a produção de um mapa temático participativo em ambiente digital (georreferenciado), de um documentário audiovisual e a produção de um livro, que servirá de ferramenta estratégica para apoiar o gestor público na tomada de decisões e, também, de conteúdo didático para um abrangente programa de educação ambiental do projeto Macaé Rio Sustentável que envolverá a preparação de 150 professores do ensino médio e secundário para as questões que envolvem a agenda ambiental local. Objetiva, ainda, divulgar os resultados com campanhas educacionais para 1500 alunos de rede pública de ensino. Além da Expedição Científica, o projeto promoverá a formação de uma rede de viveiros comunitários voltada para a produção de mudas arbóreas de espécies nativas de Mata Atlântica com participação de pequenos produtores e comunidades no entorno do rio Macaé. Esta rede social focalizará a geração de renda para as comunidades em função de uma demanda potencial de mudas nativas para programas de recomposição florestal de áreas degradadas identificadas no mapa Temático desenvolvido pela Expedição Científica Macaé Rio do Futuro.

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